Nunca tinha lido. Não fazia parte das leituras obrigatórias da área de humanidades quando fiz o Secundário. Ainda apanhei "os Maias", com a graça de Deus. Antes de mais nada, tenho pena, muita pena dos meninos que estudam esta obra. Não que ela seja má, mas é de uma eloquência e profundidade que, acho sinceramente, os nossos jovens desmiolados, a geração facebook, que só compreende abreviaturas, se vê muita à rasca para tirar algum sumo dali...
O senhor Saramago, como sabemos, era poupadinho com a pontuação. Não se vê nesta obra um ponto de exclamação, de interrogação ou um simples travessão... É só pontos finais e vírgulas. Considero questionável a qualidade de uma escrita assim, mas não quero entrar por aí. Maravilhei-me com o contador de histórias e História que narra esta acção. Uma acção simples, acerca da construção do grandioso Convento de Mafra, mas que se enrola e desenrola à volta do Rei que o mandou construir, como "paga" ao deus que lhe deu herdeiros, dos homens e das mãos que fizeram a obra e (tantos) morreram nela, do caso particular do Sete-Sóis e da Sete-Luas, amantes improváveis, e do frade Voador, que personaliza tanto uma revolução na velha incompatibilidade entre a Fé e a Ciência.
Gostei muito, em suma. E gostei de ver tão bem confrontados o poder do Destino e do que parece inevitável, com a Vontade dos Homens.
Comecei mas não saí da primeira página. Saramago precisa de tempo para ser lido e quem anda numa correria constante acaba por se perder entre as palavras. Está marcada a primeira página já há algum tempo. Beijinhos
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