31/12/2013

Meu querido 2013...

...como foste bom para mim!
Foste tão bom que tenho medo da aproximação da meia noite que te vai levar e deixar no teu lugar um 2014 ainda incógnito... e se ele não se portar tão bem comigo como tu?
Trouxeste-me serenidade que eu já não tinha há muitos anos e, com essa serenidade, eu disse "sim" ao meu amor... ou trouxeste-me amor e a minha serenidade veio com ele. Não importa quem veio primeiro, importa que as duas dádivas vieram pela tua mão. E fui a sítios onde nunca tinha ido e vi coisas que me fizeram arrepender de estar fechada todos estes anos!
Não perdi ninguém. Tive alguns sustos, uns acidentes aqui e ali, algumas lágrimas, que tambem são precisas para purificar os olhos e lavar as feridas... mas ri tanto mais do que chorei!
 
2014, espero que tenhas tomado notas... sê bom para mim, aprende com o 2013!
 
 

26/12/2013

"A year in the merde - Um ano em França", de Stephen Clarke


Para contrastar com a seriedade das anteriores leituras, resolvi reler esta sátira bem disposta, acerca do ano* que Paul West**, um Londrino orgulhoso, passou em França com a missão de instalar uma cadeia de Salões de Chá ingleses em Paris.
Cada capítulo corresponde a um mês e, em cada um deles é explorado, ou denunciado, um aspecto da vida dos franceses, nomeadamente hábitos sociais e familiares, habitação, trabalho, as intermináveis greves, o sistema de saúde, a política corrupta e imoral...
É uma narrativa feita de clichês e ironias, mas era mesmo o que estava a precisar e, nesse aspecto, foi uma leitura refrescante...
É bem disposto, é leve... e aparece lá pelo meio uma porteira (ou concierge) portuguesa, Madame da Costa, senhora prestável, conhecedora de todos os mexericos das redondezas...

* O ano Francês, como é explicado no livro de forma bastante jocosa, começa em Setembro e acaba em Maio;
** Péssimos a falar inglês, os parisienses passam todo o livro a chamar-lhe Pol Wess

"O Velho e o Mar" de Ernest Hemingway

 
Primeiro livro que leio deste colosso... e confesso não ter ficado impressionada.
Do que tinha lido acerca do livro, nomeadamente o prefácio escrito pelo tradutor, tinha ficado com a ideia que seria uma espécie de "O Principezinho", tão simples de despretencioso mas, ou por isso mesmo, tão encantador, muito profundo, inesquecível e edificante.
Li mais de 100 páginas da luta absurda entre um velho pescador e um peixe gigantesco que morde o anzol mas se recusa a deixar-se pescar. É, mais do que perseverança, obstinação; o poder da experiência e da paciência, o respeito pelo mar e pela natureza, pelo próprio peixe que quer matar q«mas que ama, porque é irmão... É assim muito profundo, muito lindinho... mas não me tocou.
Alguém teve opinião diferente?

Ho ho ho! Já passou o Natal!

...é... acho que este foi dos anos em que estive menos natalícia... Sim, a ausência de presentes ajuda um bocadinho a cortar o espírito, quer queiramos quer não. A parte da expectativa de descobrir o que vamos receber e de ver a reacção ao receberem o que oferecemos é uma das coisas mágicas do Natal. Mas os tempos não andam famosos e cada pessoa recebeu apenas um embrulhinho modesto...
A outra parte, a de estar com a família, saiu também furada... Como hei-de explicar isto sem soar terrivelmente cruel ou cínica? A tia que já todos pensavam que ia ficar solteira arranjou um namorado cujas mentalidade e personalidade se formaram há 500 anos atrás. Não contente com nos (des)agradar com a sua presença na Ceia, ele ainda trouxe a família dele (mãe e irmã e cunhado e sobrinha) que partilham a mesma natureza (ver acima referência sobre a mentelidade do dito). Portanto, a nossa Ceia e jogos e convívio foram feitos de conversa de circunstância puxada a ferros para que os convidados não se aborrecessem ou ficassem a pensar que somos doidos, que é uma das coisas que mais adoro em nós!!... Nada de piadas ou brincadeiras em família, nada de calor, tudo muito formal... Porra, que coisa mais morna.... de modos que não estive lá muito natalícia este ano.
Melhores dias virão. Ou não. Cheira-me que agora o programa vai ser sempre mais ou menos este...

19/12/2013

Parabéns a mim (quase)

Daqui a menos de uma hora estou de parabéns...e escrevo isto com uma serenidade que não sentia há anos... Há muitos anos, mesmo...
Acreditem ou não, anos houve em que mal começava o mês de Setembro eu começava uma contagem decrescente de stress maior, cada vez maior, que culminava nesta semana de aniversário e ceias de Natal que eu odiava por me deixarem em pânico, pela sua parte social, pela parte do convívio, dos espaços fechados e quentes cheios de gente a simular uma emoção e amizade artificiais, rapidamente esquecidas nos dias seguintes... e odiava o aniversário. Odiava as surpresas, os cumprimentos, o receber a família... E todos os anos me sentia um bocadinho mais pequena, mais assustada e desajustada. E chorava. Chorava por não ter ilusões de haver desejo formulado ao apagar as velas que me valesse...

Este ano, não. Este ano estou tão serena...! Não espero surpresas, não espero nada. Olho muito o presente, não penso muito no futuro. Foi o meu Amor que me ensinou isto. Com tacto e paciência. E leio os posts que escrevi no ano passado, por esta altura e comovo-me comigo, com o que desconhecia, com o que temia. Já passou, pequenina. És grande agora. Parabéns a mim. Está quase. São 27!

18/12/2013

Post que tresanda a criticismo e azedume egocêntrico, como aqui hámuito tempo não se via

Ligo o pc para vir escrever de coisas giras, nomeadamente acerca da maravilha de ver na tv o Masterchef Austrália... Este tipo de programa, embora não me ensine a cozinhar, porque estou bem longe de temperar chocolate ou cozer salmão em vácuo, torna muito mais requintada a simples ideia de cozinhar (que eu detesto, detesto!)... Exemplificando: hoje, em vez de atirar as costeletas de porco para a sertã, para tostar um bocado, o que fiz foi (e repetia continuamente a ideia na minha cabeça, no meu melhor sotaque australiano) conseguir uma...beautiful caramelization...
Vinha entao eu comentar acerca desta maravilha que faz qualquer fã incondicional de arroz branco acreditar que realmente esta a fazer algo de distinto na cozinha, quando me deparo, pelo canto do olho, com as whishlists nas páginas de literatura que sigo e me cai tudo ao chão... Não sendo a estatística muito a minha área, eu diria que mais de 80% dos pedidos daquela gente são de literatura erótica, essa nova onda que as famosas "50 sombras do outro" inauguraram... E agora chovem capas ousadas e sensuais, títulos sonantes com palavras derivadas de domínio, rendição, loucura, desejo e blá blá... E fico tao triste por ver que as pessoas tem vidas tao cinzentas que ler uma coisa daquelas, ou duas, vá, não chega. Sao coleccoes e sagas e lavagens  do mesmo... Pode ser preconceito meu. Mas acho que quem precisa de leituras tao vibrantes antes de ir para a cama, e faz a colecção inteira de livros que repetem a formula do dominador ricaço e charmoso, ligeiramente avariado da telha, e a menina jovem e inocente e inexperiente que vira louca debaixo dele (e digo debaixo no sentido figurado e também no literal)...enfim, quem colecciona estes títulos, não consegue muito credito de "leitor/a", pelo menos vindo de mim...
Fico triste, mesmo, porra...

16/12/2013

"O Memorial do Convento", de José Saramago


Nunca tinha lido. Não fazia parte das leituras obrigatórias da área de humanidades quando fiz o Secundário. Ainda apanhei "os Maias", com a graça de Deus. Antes de mais nada, tenho pena, muita pena dos meninos que estudam esta obra. Não que ela seja má, mas é de uma eloquência e profundidade que, acho sinceramente, os nossos jovens desmiolados, a geração facebook, que só compreende abreviaturas, se vê muita à rasca para tirar algum sumo dali...
O senhor Saramago, como sabemos, era poupadinho com a pontuação. Não se vê nesta obra um ponto de exclamação, de interrogação ou um simples travessão... É só pontos finais e vírgulas. Considero questionável a qualidade de uma escrita assim, mas não quero entrar por aí. Maravilhei-me com o contador de histórias e História que narra esta acção. Uma acção simples, acerca da construção do grandioso Convento de Mafra, mas que se enrola e desenrola à volta do Rei que o mandou construir, como "paga" ao deus que lhe deu herdeiros, dos homens e das mãos que fizeram a obra e (tantos) morreram nela, do caso particular do Sete-Sóis e da Sete-Luas, amantes improváveis, e do frade Voador, que personaliza tanto uma revolução na velha incompatibilidade entre a Fé e a Ciência.
Gostei muito, em suma. E gostei de ver tão bem confrontados o poder do Destino e do que parece inevitável, com a Vontade dos Homens.

14/12/2013

Sê protagonista da tua própria vida

É isto. Cada pessoa deve aspirar e contentar-se em ser protagonista na sua própria história. Cada vida, um filme. Há-os trágicos, de acção, romances, de suspense, com finais grandiosos, ou com finais que desapontam. Mas, em cada filme, cada vida. tentemos ser os protagonistas. Todos os males do mundo começaram por haver alguém a tentar roubar o lugar de outro. Por amor, por fama e reconhecimento, por riqueza, seja ela de que natureza for. É por tentarmos tornar o nosso papel e a nossa personagem noutra coisa que picamos o espaço uns dos outros.
Ando sem pachorra para as pessoas, mas não é um "sem pachorra" inerte e passivo; é um "sem pachorra" feito de ironias secas e tacadas cheias de requinte...  E gosto deste estado. Levo menos coisas para casa, rio mais do que antes só me causava irritação e revolta; os dias são mais leves assim e eu pasmo ante a maravilha que é observar o teatro de cada um... Noutro dia serei actriz principal. Hoje sou mais espectadora.

07/12/2013

Passatempo!! Passatempo!!! - a saga continua

...Porque estou convencida que este Natal é que é! Este Natal o Pai Natal vai premiar o facto de eu dizer a toda a gente "prendas de Natal?? Naaaa... não preciso de nada" com um cabaz maravilhoso! Eu sei que vai! =)

Desta vez, é aqui, no blog Coquete à Portuguesa.

04/12/2013

Passatempo, passatempo!! =)

Eu cá até nem sou destas coisas de passatempos, mas... ora porra! É Natal! E quem não perceber a ligação entre as duas coisas é uma alma muito triste... =)

 

O passatempo vem direitinho do blogue Arco-Íris na Cozinha e aqui deixo o link se quiserem ir espreitar: http://arcoirisnacozinha.blogspot.pt/2013/12/giveaway-cake-pops-bakerella.html

É desta... é desta que eu me torno uma fada da pastelaria =) Os passos são simples e habilitam-nos a ganhar 2 exemplares deste livrinho mimoso! Afiambrem-se, gente!

03/12/2013

"O Impressionista", de Hari Kunzru


Diz a crítica que este é o melhor primeiro romance inglês dos últimos tempos... Por muito despropositada que esta distinção possa parecer, o título, e a sinopse ajudaram-me a decidir lê-lo.
E e, realmente, uma narrativa magnifica. Acompanhamos a fabulosa vida de Pran Nath, nascido no seio de uma abastada família indiana, nos anos 20, um príncipe branco numa nação onde quão mais escuro tom da pele, mais miserável e desprezada a condição social. Inesperadamente, Pran vê-se mendigo, a viver nas ruas fétidas e imundas povoadas de mendigos e malfeitores, e assim começa a sua caminhada, primeiro rastejante, por alcançar um lugar digno na sociedade e no mundo. Este "impressionista" vai assumindo diversas formas e identidades, torna-se um ser frio, calculista e dissimulado e comove, por ser um anti-herói tão desafortunado. Este livro levanta algumas questões profundas sobre a importância real daquilo que valorizamos e ensina que, tantas vezes, o que pensamos querer é, na verdade, o oposto daquilo que nos fará felizes. Pelas peripécias, pela mestria com que aborda as emoções e mesquinhices do homem, pelo documento da sociedade indiana e inglesa do inicio do século XX, tão semelhantes ao que são hoje, vale a pena a leitura deste livro.