21/02/2012

Frontalidade

O que é isso???! Naaaa... Não me cheira... A menina deve estar equivocada. Não existe disso por aqui, pelo menos em quantidades assinaláveis que mereçam ser consideradas... Naaa... Está há muito extinta. Mais facilmente se encontra alguém que fale Mirandês. Nop. Não pode ser... Se lhe disseram que havia disso, enganaram-na à cara podre... Ah! Não lhe disseram? ...foi a menina que pensou por si?! Baahhaaa... esta agora foi boa... Aposto que é a campeã do "não te pagam para pensar" lá do sítio, hem? Esta foi boa... até me choram os olhos... ai, que me mijo...

19/02/2012

Só hoje...

Hoje e só hoje o normal não é suficiente. Porque o sol brilhou forte hoje, e eu senti vontade de ser maior diante dele. De ver como ele fica visto de tantos sítios, de ver como ele incide em coisas diferentes e novas que nunca vi. Só hoje...
E porque esta sensação muito facilmente se torna naquela frustração destrutiva manhosa, vou tratar urgentemente de fazer alguma coisa nova, para desopilar... =)

14/02/2012

No final de contas... ainda bem...

Será que te lembraste de mim hoje? Terá sido com uma saudade como a minha? ...ou antes com aquele desprezo involuntário de quem tem a certeza que está na mó de cima, porque não és tu quem está só? Eu hoje lembrei-me de ti... Das coisas ridículas que já fiz neste dia e também das vezes em que o passei num genuíno espírito de desinteresse.
Sem ironias ou azedume, sem presunção ou esperança, digo-te que hoje me lembrei de ti, do que fomos e do que poderíamos ter sido. Lembrei-me, com pena, da possibilidade que não chegámos a ser.
Estou aqui. Não vou receber flores, hoje... Ainda bem, por um lado. Não é coisa que goste muito de receber. E não gostaria também de saber que tinhas andado na rua com elas na mão, como hoje já vi outros. Como se, em vez do ramo, trouxessem uma placa a dizer: "Sim! tenho uma mulher à espera disto e, quem sabe...? I might get lucky today!"
Ainda bem que fomos poupados a isto...

08/02/2012

"Criatura nobre", eu

Nada temos a fazer neste mundo senão nos resignarmos. Mas as criaturas nobres sabem dar à resignação o lindo nome de contentamento. Anatole France

Não sou a favor da resignação. Não me interpretem mal. Sou a favor da assertividade. Do ser consciencioso. Do ter noção. Do não ser lamuriento. Do entender o nosso lugar no mundo e neste tempo. Da maturidade que isso demonstra. De não ser infantil a ponto de querer tudo hoje. O amanhã existe (quase sempre). De não ser infantil a ponto de querer tudo instantaneamente. As coisas de valor, que nos realizam, são um investimento a longo prazo (quase sempre). Sou a favor de fazermos "as pazes" com o que o dia-a-dia nos dá e fazer disso uma construção equilibrada, onde o nosso querer e a nossa capacidade de sonhar tornam as coisas mais belas. Não sou a favor do desprezo pelo que é quotidiano e vulgar. Não sou a favor de birras. Não sou a favor da infelicidade de estimação. Tenho dentro de mim um lugar negro e triste, mas tento que o outro lado, o feliz e luminoso, o hedonista, que tira prazer de todas as pequenas coisas, o ofusque e silencie. Não dou tempo de antena à frustração. Se as pantufas me chamam, deixo-me levar pelo seu canto sedutor. Se me parecem enfadonhas, atiro-as para o fundo do armário e calço botins. É o "apetece-me". O "tenho ganas de". Mas cuido para que o "apetece-me" seja tangível e mais ou menos imediato. Vale infinitamente mais uma vida preenchida por pequenos degraus que se sobem, um a um, do que ter um patamar gigantesco no horizonte e não encontrar ou recusar, por serem pequenos, os degraus que levam até ele.

02/02/2012

Na terra onde moro...

Na terra onde moro não há semáforos. Há casas centenárias, degradadas como assombrações, e há prédios medonhos que vão surgindo para lhes fazer sombra. Há ruas de paralelo irregular que nos massacram os pés e a suspensão do carro, e onde escorregamos nos dias de chuva. Há pessoas iguais na rua. Todos os dias iguais. Todos os dias vestidas com a mesma cor. Pessoas que cumprimento e a quem dou os bons-dias sem saber, às vezes, como se chamam. Há senhoras idosas que ficam encostadas à porta, a ver quem passa... e eu sinto-me, às vezes, envergonhada por passar, em passo rápido, jovem e tresloucada, e fingir que não as vejo. Há homens idosos que caminham curvados e devagar. Há um senhor muito velhinho, que caminha lentamente, costuma andar de sobretudo, mãos atrás das costas e um cachimbo entalado entre os dentes, a soltar nuvens de fumo perfumado, que incomodam quem passa por ele. Eu acho-lhe graça.
Na terra onde moro, as ruas ainda ficam silenciosas e desertas nas noites de Inverno, e ruidosas e lotadas nas noites de Verão. Os cães vadios são alimentados por donas de casa aborrecidas ou por homens do talho simpáticos.
É uma terra rodeada de aldeias, de onde descem pessoas castiças nos dias de feira e mercado. Aldeias que são manchas coloridas no meio das encostas, com chaminés altas de onde se desprendem fios de fumo branco nos dias frios ou nos dias Santos, quando se faz carne assada nos fornos ancestrais.
Na terra onde moro, as estações têm a sua própria cor. A Primavera é verde. Verde-vivo, verde-luxuriante, verde tão verde que até cansa. O Verão é abafado, com o verde convertido numa tonalidade mais seca que se confunde com os amarelos crestados das ervas rasteiras. O Outono é castanho e dourado e vermelho e cor-de-rosa! O Inverno tem o negro da terra devastada e húmida, o castanho lamacento do rio na cheia e o amarelo das mimosas que começam a sorrir quando a Primavera está próxima.
A terra onde moro é a terra onde vivo. E acho que não saberia viver noutro sítio!

01/02/2012

"É como diz o outro"


Estiveram no dia 28, no Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego.
Nunca achei graça à rubrica no "5 para a meia-noite"... mas escangalhei-me a rir a ver aqueles dois dizer exactamente as mesmas deixas. =)