17/04/2018

Depois da deprimência do post anterior...

...júbilo.
Porque quando uma amiga que não vejo há muito me pergunta como estou, a resposta que espontaneamente me sai é "igual, mas melhor". 
Porque recebi um email de um cliente a dizer que a minha paixão, alegria e "cintilating personality" foram decisivas para a boa experiência que teve aqui.
Porque quando peço na farmácia um creme de rosto que já tenha aqueles pós mágicos contra as primeiras rugas, o moço me diz "posso recomendar-lhe este, que é mais leve, porque a sua pele está ótima".
Cada tiro cada melro. O meu kung-fu é melhor que o teu.

01/04/2018

Sábado de Aleluia, a Missa da Ressurreição. Há anos, tantos anos, que gosto deste dia. Gosto da missa looonga, com a benção do novo Sírio, como que a renovação da Luz no mundo, mais as muitas leituras, mais a benção da água na pia baptismal, que lava os pecados... Quase todos os fundamentos da Fé Cristã numa cerimónia de pouco mais de hora e meia.
Há já muito que não visitava a Igreja, as poucas vezes que vou agora à Missa, faço-o na Capela, aqui mais próxima.
Mas ontem, em vez daquela cerimómia gloriosa que me enchia sempre de esperança nos dias longos da Primavera, que me tirariam do meu estado depressivo de Inverno, tive uma introspecção triste. A voz do senhor Padre, já tão próximo dos 90, já nao conduz as orações e os cânticos com a mesma força. O grupo coral depenado e velho, onde vejo a falta de pessoas que admirava tanto, que me acarinharam tanto, uma principalmente, que neste momento sofre em casa as fase mais difícil dessa doença sacana e cobarde que é o cancro. Aquele órgão onde agora se senta o desgastado maestro, já eu toquei na galhofa, com os amigos do grupo de jovens, quando ainda éramos tão jovens, tão puros... O que foi feito de nós? Estamos espalhados pelo mundo, alguns desiludiram, alguns magoaram, poucos ainda conheço. Mas tantas foram as horas que passámos ali, sob o olhar das imagens dos santos, em reuniões, debates do catecismo, da Missão, do que era ser Cristão e jovem no nosso tempo, do que faríamos para fazer a diferença. Tantas vezes as nossas vozes encheram de cânticos aquelas paredes de pedra. Aquele chão de pedra, que foi percorrido pelos pés e pela cauda dos vestidos das amigas noivas que ali vi casar e me comoveram por poder testemunhar o seu conto de fadas. O mesmo chão onde assentaram os caixões de quem ali velei, poucas vezes, felizmente.
Dei por mim a pensar que estamos noutro tempo, todos nós. Mais velhos, sim. Mas isso nem é o pior. O que me doeu foi ver o quanto fomos ali felizes, o quanto aquelas paredes em tempo foram pequenas para conter toda a nossa energia, que irradiávamos para fora, para o mundo. Cedi à tentação de pensar que já vivi o meu melhor, que nao poderá haver dias melhores do que aqueles, risos mais sonoros do que os nossos e pessoas mais bonitas do que aquelas, e que eu nunca mais serei tao jovem.
Sei bem que não. Os dias são o que fazemos deles e eu fiz dos meus as escolhas que na altura me preenchiam. E prova disso é que, se hoje voltasse atrás, provavelmente faria o mesmo.
Ontem, a minha querida Missa da Ressurreição foi conspurcada pelas minhas ideias saudosistas. E desconfio que os dois cabelos brancos que há tempo descobri têm alguma coisa a ver com isto.

20/01/2018

A Promessa (filme)


Ontem, completamente por acaso e sem fazer grande questão disso, lá dei por mim na sala do cinema para ver "A Promessa"... Tinha visto o trailler de raspão, sem me chamar muito a atenção, excepto na parte de andar por lá o Christian Bale...

Vim de lá a modos que arrasada... Mas é um arrasada "bom"... Abalada. Decerto. A história passa-se no antigo Império Otomano (actual Turquia), nos inícios da Primeira Guerra Mundial.
O trágico episódio do Holocausto Judeu levado a cabo pelos Nazis, que é sobejamente conhecido (mas ainda negado) por tantos, é em tudo comparável ao que já tinha acontecido ali, décadas antes, quando os Turcos supostamente quiseram "reconduzir" milhões de Arménios em segurança para fora do seu território... Este "reconduzir" significou afinal incêndio e pilhagens das suas casas e lojas, massacres em massa, trabalhos forçados... em suma, um autêntico Genocídio que, tantos anos depois, e apesar de todas as tentativas por parte da Nação Arménia, a Turquia ainda não reconhece ter cometido.
O filme é, assim, baseado em factos reais e embora não mostre muito das torturas da praxe que caracterizam estes tempos, tem cadáveres com fartura e comoveu-me até ao mais fundo do meu ser nas cenas em que um autêntico exército armado de artilharia bombardeia uma montanha inóspita onde se refugiam milhares de idosos, mulheres e crianças que lhes pediam para ser deixados a viver ali em paz e que vão ripostando com arremesso de pedras contra o inferno sanguinário que lhes cai em cima.
Não é uma história de guerra, no sentido de haver grandes cenas de combates. É um romance mais emocional... Que me devastou, mas que acho importantíssimo ser visto e conhecido.

11/01/2018

Vim aqui só de fugida...

...anotar umas coisinhas para referência futura. Para não me esquecer. Ando ocupada demais para aqui vir e isso enche-me de satisfação!

Há cobrinhas rastejantes em todo o lado... Quando eu sinto que perto de mim elas começam a levantar as cabecitas, e me desiludo, e me revolto, e sinto ganas de fugir, preciso só lembrar que as há em todo o lado. Se às vezes parece que estamos num lugar seguro, é só porque em vez de levantar as cabecitas, elas andam rasteiras, à espera de nos apanhar em falso. O ar que respiro ou o meu contentamento sairão directamente da porção de ar ou de contentamento que elas acham ser-lhes devidos? Acho que não... e por mais voltas que dê sobre o assunto, não vejo onde está tanta motivação para tantas cruzadas mesquinhas e inventadas...
Gente mal resolvida... Cobrinhas. Cobrinhas que rastejam e volta e meia lá se atrevem a levantar as cabecitas, mas se lhes arregalarmos os olhos e fizermos "buuu!" vão todas indignadas e tremelicantes abrigar-se sob quem pode mais do que elas. Mas há-as em todo o lado... Se não se vêem, é preciso ter mais cuidado ainda...

O ano novo trouxe-me mais um cabelo branco! Havia um já há muito, na primeira linha de cabelo que começa na testa. Como uso franja ele fica muito bem tapadinho, mas até lhe acho graça... um fiozinho brilhante, que me faz sentir uma potencial Rogue, dos X-Men... Mas esta semana, ao pentear-me, reparei num segundo exemplar, aninhado na mesma primeira linha de cabelo, 1 centímetro ao lado daquele que foi pioneiro... Aos 31 anos, ainda se consegue achar graça a um cabelo branco. Mas dois já é uma multidão. Quiçá, posso tentar convencer-me que, em vez da Rogue, serei uma Storm!