30/06/2014

Ama-te a ti mesmo porque...

Todos somos sós.
Mesmo que alguns de nós tenhamos alguém com quem partilhar o nosso tempo e a nossa individualidade.
Todos somos sós. Sozinhos. E, à noite, quando fechamos os olhos, mesmo que haja alguém ao nosso lado, é só o interior da nossa cabeça que vemos.

28/06/2014

Acácia - 3 em 1

E, de uma assentada, aproveitando uma inacreditável promoção  da editora, consegui os 2º, 3º e 4º volumes da saga (que normalmente custariam um total de 49, 44€) por 23 euros e trocos, já com portes... Só acreditei quando os livros chegaram às minhas mãos...
 
Li o primeiro volume há já algum tempo e escrevi a minha opinião aqui...
 
Inicialmente, vi-me um pouco perdida, tentando retomar o fio à meada e relembrar quem era quem na história. Como a cada volume da versão original correspondem dois volumes em português, o ideal é que se leiam aos pares (o 1 e o 2; o 3 e o 4)... e agora mal posso esperar por ver o 5º e 6º volumes...
 
Presságios de Inverno
O segundo volume. Sendo o primeiro tão claramente introdutório, escrito naquela fórmula quase cinematográfica de uma existência idílica, uma família feliz, mas um passado e uma herança sórdidos que ameaçam irromper à superfície... e irrompem mesmo... É neste ponto que o 1º volume nos deixa, num caos em que a família invasora amaldiçoada há tantas gerações regressa para usurpar o trono. O Rei Akaran é morto e os seus quatro filhos separados e levados para pontos distantes do Reino para tentarem sobreviver escondidos até estarem prontos a regressar.
"Presságios de Inverno" vai reencontrar os nossos desafortunados herdeiros nove anos depois da fuga e é maravilhoso ver de que forma tão inesperada e surpreendente eles cresceram e se revelam na sua nova existência. Agora, jovens adultos, sentem o apelo de se reunirem e tentarem recuperar o domínio de Acácia, vingando o Pai. É um volume intenso, de guerras e intrigas crescentes e um final surpreendente.
 
 
Outras Terras
O terceiro volume. Após o desfecho algo inesperado da guerra travada no volume anterior, temos Acácia de novo sob o poder da família Akaran. No entanto, a existência está longe de ser pacífica ou idílica, como era anteriormente. A nova jovem rainha, endurecida pelas circunstâncias, enfrenta as perigosas intrigas da corte, enquanto os irmãos, ambos destroçados pela recente guerra, a ajudam na manutenção da paz e recuperação do território destruído.
Surge um novo e perigoso desafio que é a necessidade de conhecer melhor e reforçar alianças com o desconhecido povo que habita as "Outras Terras", para lá das fronteiras do Mundo Conhecido. Há acções muito diversas, passadas em palcos muito distintos, mas todas elas ligadas entre si. É de grande habilidade conseguir narrar desta forma sem confundir o leitor. A trama adensa-se, aparecem muitas novas personagems e é quase hipnotizante ir absorvendo as revelações que dão a conhecer melhor os pormenores deste mundo imaginado.
 
 
O Povo das Crianças Divinas
Este volume lê-se de um fôlego, porque é pura acção, descoberta, terror e fascínio do princípio ao fim. Se o volume anterior é a viagem para um novo continente, neste temos a chegada e confrontação com algo totalmente inesperado. O que se temia é afinal pior, e o que se desconhecia é maravilhoso.
Desde o primeiro volume sabemos que a paz no Império de Acácia se mantém graças a uma droga que o povo consome e o mantém dócil e anestesiado. Essa droga, Bruma, é produzida nas Outras Terras, vendida ao Mundo Conhecido em troca de uma Quota: crianças que são retiradas dos pais e enviadas para esse continente para fins obscuros. Este volume mostra o destino dessas crianças, algumas delas tornadas Crianças Divinas...
É um óptimo desvendar do mistério que se alimentou nos 3 volumes anteriores.
Há traições até dizer chega, magia e feitiços com os quais não se deveria brincar, e aproxima-se uma nova guerra. A maior de sempre. Só faltam dois volumes!
 
 
 

24/06/2014

Este tempo é maravilhoso

É perfeito. O melhor dos dois mundos.
Num dia calço botas impermeáveis porque chove e troveja. No dia a seguir deixo os meus pés arejar e apanhar sol com umas sandálias fresquinhas porque o sol voltou em força. Num dia desejo ter trazido mais um casaquinho... No dia seguinte levo o casaquinho e esqueço-me dele ao vir embora porque não faz falta.
Hoje tenho desejos de comidinha quente e reconfortante, um bacalhau assado com batatinhas e muito azeite, a cheirar a Natal... Ou umas salsichas frescas estufadas com couve lombarda, bem fumegantes... Mas amanhã, provavelmente, vou querer uma salada russa fresquinha porque com o calor o apetite abandona-me...
É lindo não termos oportunidade para nos queixarmos do tempo que faz porque logo a seguir ele muda e faz-nos a vontade.

Não... Não fumei nenhumas brocas... Estou só a tentar ver o lado positivo deste tempo de loucos. Nem sei se marque férias de praia, se de neve.... (riso histérico)

16/06/2014

"Esta vida de bordo há-de matar-me"...

...são dias só de febre na cabeça*
 
Não é só o calor, que amplia e desfoca tudo. É a minha própria natureza. É a natureza humana, em geral. Luta por aperfeiçoamento, por mais, por melhor, por maior, por eterno... E, ao cansaço e desgaste da luta segue-se ora a desilusão do fracasso, ora a alegria efémera da vitória, acompanhada de perto do pavor da perda, da insónia que traz a insegurança... E esta montanha russa continua, e renova-se e repete-se...
Às vezes é exaustivo e a sensação de tontura sobrepõe-se a tudo. Mas quando conseguimos inspirar até ao fim, mesmo até ao fundinho do difragma, e abrimos os olhos e olhamos o que temos... oh, como é tudo tão belo!
 
*Opiário de Álvaro de Campos

13/06/2014

A Consulta Aberta

Ando há 8 dias com uma rouquidão cavernosa. Nem dores de garganta, nem febre. Tosse muito seca, sobretudo à noite. Ia tomando umas coisas que tinha cá em casa para tratar a garganta e a tosse, muita mebocaína, muitos rebuçados de mentol. Ao fim de uma semana sem resultados nenhuns e mal conseguindo falar, lá me arrasto para a consulta aberta.
Na minha mente iam as imagens da ultima vez que fui ao médico por causa de sintomas semelhantes: ainda criança, o doutor sai de trás da secretária, apalpa-me o pescoço, ausculta os pulmões, espreita para dentro da garganta enquanto eu digo aaaaaaaahhh... Essas coisas fofinhas!
Na Consulta Aberta, paguei 5 euros, porque como trabalho e recebo uma migalha acima do salário mínimo tenho que inchar de cada vez que preciso recorrer ao SNS. O senhor doutor não saiu de trás da secretária, não me tocou e olhou mais para o monitor do computador do que para mim nos 4 minutos que lá estive. Deu-me uma receita para aviar na farmácia e foi preciso eu perguntar, já meio desesperada "mas afinal isto é o quê??" para ele me responder a meia voz "heee... É uma laringite. As melhoras..."
Mas que porra é esta? Para a próxima consulto-me directamente no computador, em vez de usar intermediários que me levam 5€...

01/06/2014

"A Sétima Porta", de Richard Zimler

 
...e com este livro tomo a firme resolução de que não vou ler mais sobre a Guerra, Nazis, Judeus, Holocaustos, Pogroms e afins... este ano tenho tido tendência para me interessar, por um motivo ou outro, por livros com esta temática e já tive a minha dose. Agora só quero livros fúteis e ligeiros e felizes...
 
Encontrei-o com 20% de desconto no Fnac e, como tem mais de 600 páginas, foi irresistível, já que representaria leitura para muito tempo.
Richard Zimler, americano naturalizado português e a viver no Porto, atingiu maior reconhecimento após a publicação do Romance "O Último Cabalista de Lisboa", que não li. Sei, no entanto, que a personagem central desse livro, Berequias Zarco, é um antepassado de uma das personagens chave d'"A Sétima Porta", Isaac Zarco. Berlim é o centro da acção, que principia em início dos anos 30 e que continuará durante a ascenção inexorável no Nacional-Socialismo alemão e os horrores da Guerra.
Neste livro não há combates. Há o interior de lares berlinenses e as lutas secretas que cada um trava com a sua consciência e a sua vontade. Não há heróis fardados. As personagens que acompanhamos são, na sua maioria, pessoas com um qualquer tipo de deficiência física ou mental e judeus, ambos alvos favoritos do extermínio nazi.
A contadora da história é Sophie que, nonagenária e a viver em Nova Iorque na actualidade, relata os pormenores gravados a fogo na sua memória dos amores e amizades, perigos, dores e revoltas da sua adolescência e juventude.
Zimler é brilhante na forma como dá voz a dúvidas e anseios femininos. Tem sentido de humor requintado. E oferece-nos um leque de personagens maravilhosas, tão ricas.
 
Mas não quero mais ler sobre a guerra nos próximos tempos. Pronto.