31/05/2010

Flawless

Gosto desta palavra. Não da palavra em si, que até é difícil de pronunciar, mas do seu significado complexo. Traduzido dá algo do tipo "perfeito; sem falhas ou defeitos" mas, tenho cá para mim que esta definição é demasiado reles para a acepção que eu sinto nesta palavra, quando aplicada. É que, algo que é flawless, não é simplesmente perfeito. É, sim, isento de qualquer tipo de deformação, mácula, carência, erro, pecado, remorso, culpa... É excelso e transcendente.
Ninguém é assim, destituído de defeitos ou imperfeições. No entanto, teimamos todos em acreditar no Pai Natal e a pôr a mão no fogo em como os nossos amigos são perfeitos e únicos e incapazes de nos desiludir. E depois, quando isso acontece, todos ofendidos, amaldiçoamos a pessoa que nos enganou, porque nos deixou ficar mal, porque não respeitou o nosso segredo, a nossa dor, a nossa pessoa.
Acordem, criaturinhas cegas e mais ingénuas do que eu, que tantas vezes admito a minha ingenuidade!!!
Eu não sou perfeita. Eu sinto o impulso de me aperfeiçoar e adaptar aos outros, de reconhecer que posso fazer melhor... Mas, quando não correspondo às vossas expectativas, quando não vos sei adivinhar, quando sou incompreensivelmente inconveniente, quando discuto e não largo o meu ponto de vista (mesmo que ele seja tacanho aos vossos olhos), quando estou mal disposta e faço birras, quando tenho uma dor no dedo mindinho e quero que todos se compadeçam de mim como se fosse o pior mal do mundo, quando estou alegre e faço questão que todos ouçam porquê, quando corrijo a vossa forma de falar e denuncio os vossos pontapés no Português, quando sinto vontade de estar só e vos abandono, quando não sei entrar nas vossas conversas eruditas e de elevada importância (ainda que eu não consiga entender a importância que têm)... em suma, quando eu sou intratável não deixo de ser a vossa "amiga". E vocês são estúpidos e metem-me nojo se começam a desprezar-me porque me descobriram um defeito. Porque eu vejo os vossos. E acarinho-os e tento melhorá-los e contorná-los e assumi-los como características vossas. Mas vocês atiram-me os meus à cara.
É suposto eu ser perfeita??! É de supor que vocês próprios são perfeitos?
Na escola eu tinha tantos amigos...! e agora já não sei. Deixei de vos reconhecer. Vocês já não me conhecem também...

Eu gosto daqueles filmes sobre os amigos que se conhecem toda a vida e crescem, sempre cumplices e unidos, e depois têm problemas e zangam-se e lutam e parece que tudo acabou... Mas no final, voltam a entender-se. Não porque é muito bonitinho perdoar ou esquecer... Simplesmente porque se aceita o outro por inteiro. Pacote completo. Defeitos e tudo.
Eu tenho alguns defeitos... Sou mimada e carente; ligeiramente egocêntrica; demasiado perfeccionista; derrotista e comodista; ingénua e desbocada;... não sei que mais...
Mas tento domesticar estas falhas, de forma a caber um bocadinho melhor na palavra flawless. Isto é, o que se pretende não é a ausência de defeitos, mas a medida certa, a que nos torna mais agradáveis e interessantes do que e própria Perfeição.

30/05/2010

Miminhos a mim

Ando contentinha... ainda é o rescaldo das férias, de certeza. =)
Ando bem disposta. Leve. Com pouca coisa na cabeça. Passeio um bocadinho, vou lanchar fora com a minha irmã, compro a Tribuna Douro para me actualizar, tomo um cafezito com os amigos, ofereço as lembranças que trouxe da viagem... Aaaaaaaaaaaaahhh... Dolce fare niente!
Daqui a 2 dias volto ao trabalho. Já sei que as coisas não andam famosas. O trabalho a aumentar, o pessoal a diminuir, as intrigas e fofocas ao rubro... É o que dá trabalhar num sítio onde há muito mulherio...
Mas não vou pensar nisto! Ainda não... Aproveitar! Aproveitar porque quando estas férias acabarem, outras só em Novembro...

27/05/2010

Voltei!

Prontosss... acabou... já deixei a mamãe outra vez. Mas não há-de ser grave. Daqui a menos de 2 meses é a vez de ir a mana e, assim, já fica o fardo mais leve outra vez...
E vim de avião.
"Não rastejes se sentes o impulso de voar", e eu segui à letra... =)
Estou cansada e a actualizar-me... Mas daqui a 2 dias já estou fina...

20/05/2010

Pedido de desculpas...

... eu sei que tenho sido xata como o caraças... Que não falo noutra coisa, que publico fotos no blog e no facebook, e que não hesito em fazer comentários que provocam a inveja dos que me lêem e vêem... Mas é que é tão bom!!!
É que, em toda a vida, a coisa mais parecida com férias que tive foi duas semanas em casa de uns tios que vivem em Gaia, quando era miúda...
E a coisa mais parecida com viagem, foi a de Finalistas, a Benidorm, nos idos de 2004.
Esta é a primeira vez que digo "estou de férias, em viagem!"... E só é na Suíça porque a mãe cá está a trabalhar, se não, não sei se iria para algum lado.
Mas isto fez-me tomar uma decisão. A de, quando puder, vou conhecer um sítio novo, vou passear, vou conhecer gente e lugares, vou ver coisas bonitas. Não na Suíça, decerto. Mas pertinho de onde eu moro... Ou um pouquinho mais longe... Mas um sítio qualquer!
Por isso, desculpem-me os exageros... mas estou absolutamente deslumbrada!
E deixo mais fotos para verem porquê...
a primeira imagem é de Brissago (onde está a minha mãe); a segunda é Cannobio, que já fica em Itália; a terceira é um pouco de Lugano, uma importante cidade Suíça e um centro financeiro.



18/05/2010

Experiências gastronómicas (Suíça, claro)

Sabem o que é zabaione? e polenta? Eu não sabia até me terem apresentado um pratinho com as ditas iguarias... A polenta é, ao que me explicaram, a versão Suíça da nossa bela Açorda. É feita à base de farinha de milho. Era a comida dos pobres. Quando fria, fica dura e cortava-se aos pedaços e os pastores e caçadores levavam com eles para a montanha e durava dias!!! Não me caiu muito em graça, apesar de o molho com que ma serviram ser muito bom... Mas parece que, apesar do seu passado pobre, hoje é um prato muito popular e serve-se frequentemente, com os mais diversos acompanhamentos.
O zabaione é uma sobremesa. Coloca-se uma bola de gelado de baunilha numa taça e cobre-se até cima com um creme feito com gemas de ovo, açucar e uma bebida qualquer, tipo rum ou coisa assim; leva-se a banho maria para engrossar e aquecer um pouco e depois deita-se sobre o gelado! É óptimo!!
E comi o maior cordon-bleu que vi em toda a minha vida!!! Delicioso... E, apesar de estar acompanhado com batatinhas fritas, pareceu-me um manjar divino!
Enfim... Eu podia habituar-me a esta vida... =)
Ah, e bebi este capuccino...

15/05/2010

a Suíça II

A filosofia de vida da maior parte das pessoas que encontro parece-me ser "trabalhar (muito) e, nas férias ou tempos livres, GOZAR!"
Gozar verdadeiramente. Nada de poupanças e fazer uma pequena fortuna aguardar eternamente que o dia de amanhã chegue, sempre à espera do pior. De uma coisa má. Não. Esta gente trabalha e diverte-se. É assim que dividem o seu tempo. E criticam e sentem pena de quem não o faz. De quem vem de férias para aqui e, quando o filho pede um determinado prato, respondem "não... isso é caro...". Optam por comer eles algo mais elaborado e as crianças comem batatas fritas. Porque gostam. Gostam porque é o que lhes dão. Se lhes dessem camarão também gostavam.
Eles trabalham e depois gastam. Vão de férias e, se vão, é para estarem e comerem e beberem bem. Se não, ficavam em casa. E educam os seus filhos desta maneira. E dão lagosta a comer a uma criança.
Admiro esta forma de encarar a vida. Reconheço que não é uma forma de viver possível para toda a gente e todas as carteiras. Mas, no geral, se aplicássemos um pouco desta postura à nossa vida seríamos muito mais felizes e realizados.
Li uma vez na Bíblia algo do tipo "quem é avarento consigo está a guardar para os outros".

14/05/2010

a Suíça

Isto é fantástico... é toda uma maneira diferente de viver daquela que nós conhecemos e não questionamos. Desde a solenidade e civismo nas relações entre transeuntes, às ruas imaculadas e onde nãose vêem infracções de trânsito, às casas LINDAS, todas pintadas de cores diferentes, cheias de varandinhas e águas furtadas, telhados com uma inclinação vertiginosa (para não acumular neve), e desenhos pintados... São uma beleza... E é um país onde é normal ouvir falar francês ou italiano ou alemão no autocarro que se apanha todos os dias...
É fantástico.

Ah... e de 6 grandes refeições que já ca fiz (almoços e jantares), 5 foram de massa. =)

08/05/2010

Contagem decrescente

Uiiiiiii.... já é depois de amanhã... Vou ter férias (3 semanas!!!) e vou à Suíça ver a minha mãe!
Brrrrrrrrr... aquela ansiedadezita... Mas é uma ansiedade boa, para variar...
E é como se fosse uma pausa. Como se tudo aqui fosse ficar estático e suspenso durante a minha ausência. Como se nada fosse acontecer. Nada fosse mudar.
Não gosto de pensar que tal não possa ser verdade. Que vai continuar a haver (muito) trabalho, que vai haver dias de sol, que vai haver aulas boas no ginásio, que o meu grupo vai reunir sem mim, que não vou assistir aos eventos cá da terra, que o pó se vai acumular sobre as coisas lá em casa.
Eu não gosto de pensar que acontecem coisas no meu mundo enquanto eu estou ausente.

05/05/2010

Anti-depressivos

... são a pior coisinha que por aí anda. Falo por experiência. Estou qualificada.
Fazem-nos sentir bem, tranquilos e capazes. Por nos sentirmos assim, com conselho do médico ou por auto-recreação, vamos reduzindo a dose ou abandonamos totalmente. E, então, cai tudo sobre nós novamente. E voltamos à estaca zero: buscar alívio nos comprimidos.
Os medicamentos normais curam. Toma-se e fica-se bem. Mas anti-depressivos e calmantes não são mais do que anestesias. Mantêm-nos dormentes e insensíveis às coisas que nos fazem vibrar da maneira errada, e mantêm pensamentos maus fora da nossa cabeça. Ficamos mais leves, a concentração diminui, assim como a nossa memória.
Mas o "podre" continua lá. Só foi cortada a ligação que ele tinha ao nosso sistema. E não mais do que isto.
Um dia, apercebi-me deste facto. De que andava iludida. De que não ia ficar curada daquela maneira. Então parei. De um dia para o outro. Não tomei mais nada. Não consultei o médico. Sofri, mas ergui-me. Aos poucos. Tão lentamente que quase não se via evolução. Só hoje, decorridos mais de 2 anos, é que me dou conta que há, de facto, alguma melhoria.

Apesar de tudo, tenho sempre comigo uma caixinha SOS. Preciso dela. Porque apesar do caminho que estou a percorrer, há momentos em que tudo é grande de mais e eu preciso de um empurrão. É claro que era muito mais bonito fazer cara de má e dizer alto e bom som "Não!posso cair mas levanto-me...mas não volto a tomar porcarias!". Mas há certas coisas, certas oportunidades e experiências que me seriam dolorosas e que me passariam ao lado porque eu estaria com um ataque de ansiedade. Então (acontece muuuuuito raramente mas) quando vejo chegar uma coisa boa que, inexplicavelmente me faz sentir aflita e ansiosa a um ponto desconfortável, eu tomo um desses SOS uns dias antes. E tomo um dia sim-dia não até acontecer. Porque em vez de andar eternamente a cabecear e a resisitir à ajuda dos medicamentos, eu prefiro ceder de vez em quando e ter a certeza que não perco uma alegria, uma oportunidade, que a gozo a 100%.

E depois, isso até me ajuda a pensar "vês? custou alguma coisa? precisavas mesmo daquilo? não...!". E, na vez seguinte, talvez já me aventure sem "muletas".

Acham que estou errada?

03/05/2010

Corte de electricidade

Ontem, num acidente de carro, morreu o marido de uma colega lá do trabalho. Eram um casal super jovem e tinham uma bébé com 5 meses. E agora ele morreu...
Os meus dois avôs morreram com cancro. É doloroso e degradante mas a família prepara-se. Dá-lhes cuidados, o que é uma espécie de auto-consolação, no final.
Mas assim, de repente... Deve ser um pouco como ficar sem electricidade inesperadamente a meio da noite. Só que pior. Pára tudo de funcionar e fica tão escuro que não sabemos o que fazer ou como nos orientar.
"Deus quer sempre o melhor para mim, por isso, faça-se a Sua vontade e não a minha", aprende-se na catequese. Mas, apesar de eu ser muito crente, esta parte nunca me entrou bem...
E hoje, ao acordar, fiquei surpreendida ao ver que o Sol continua a brilhar e está um dia radioso, indiferente ao que se passa naquele pequeno apartamento onde, em vez de uma família, agora há apenas uma viúva e uma menina que nunca se vai lembrar de como era o sorriso ou a voz do pai.
Que mundo, este em que vivemos...