29/11/2012

Post que não foi

Eu vinha escrever... Mas não vou. Não vou fazer mais um post cansativo a tentar explicar os meus desvarios mais para minha própria compreensão do que para quem me lê...
Não vou dar tempo de antena a terrores artificiais e ansiedades fúteis de sítios que ainda não vi, de palavras que ainda não ouvi, de gente que não vejo... As pessoas de todos os dias metem-me medo; os cheiros são todos intoxicantes; as cores são todas estridentes; as paredes demasiado apertadas (ou demasiado frágeis, se o objectivo for proteger-me dentro delas); os espaldares das cadeiras, sufocantes; as palavras, plásticas; a minha respiração, ofegante; as minhas mãos geladas; a minha pulsação, desvairada. Ansiedade, pânico, claustrofobia são palavras muito feias mas demasiado leves e curtas para exprimir... E, enquanto tudo isto me passa pela cabeça, por uma ridicularice, só porque um gatilho foi pressionado, as pessoas continuam as suas conversas e interacções e movimentos...
Faltam-me as palavras e esta insanidade indizível, vinda sabe-se lá de onde, paira por aqui, dona do pedaço, mais por sugestão, porque já aconteceu antes, do que por alguma ameaça real e premente...
Quão avariada sou? E, por me ter dado conta disso, de que dou demasiado tempo de antena a esta treta, resolvi não escrever este post... Mas já que aqui estou, não resisto a partilhar um tesourinho do Facebook que, dadas as circunstâncias, parece ser sobre mim:

24/11/2012

The Girl With The Dragon Tattoo

...ou "Os Homens que odeiam as mulheres".

ADOREI!
...e que bom de se ver no quentinho...
...no quentinho do cobertor, ou do sofá, não no aconchego do lar com a família à volta.
O filme não é lá muito "familiar"...
Eu já me calo...

22/11/2012

O quadro de cortiça

Tenho-o há anos... uma daquelas reivindicações inofensivas da adolescência. Para pôr fotos minhas... muitas... e algumas com amigos...
Há anos que está ali, na parede aos pés da cama. Já perdi a conta às vezes que lhe limpei o pó... Já lhe alterei a disposição tantas vezes que, em alguns sítios, os pioneses já ficam soltos.
Hoje, enquanto me calçava, os meus olhos foram lá parar e, pela primeira vez reparei que a maior parte das fotos está parcialmente coberta por... coisas. Bilhetes de cinema, de entrada em Museus, em Teatros, da Queima, escritos por amigos, duas folhas secas de plátano de dois Invernos diferentes, o enfeite que vinha na taça de gelado gigante que comi na Suíça...
Papeladas, velharias que, à medida que chegam a casa são ali postas, sem outro citério que não seja terem um espaço adequado à sua dimensão e um pionés de uma cor que combine bem.
Tralhas, a taparem fotos... Surpreendentemente, não me escandalizei.
Retratos imaculados onde sou só eu seriam uma visão bonita, digna de catálogo de casas modelo. Mas, na vida, o que preenche são as coisas que vimos, que tocámos e saboreámos. Essas coisas são o que somos.
 
 

16/11/2012

Luz...?

(imagem do filme "The New World", retirada de http://filmgrab.wordpress.com/movies-a-z/)

...não é irónico que, sendo tu Luz, sejas também a única responsável pela existência de sombras?
 
Que as sombras onde me movo sejam sempre de protecção, de onde eu possa ver e habituar-me à Luz. Que sejam sempre assim e não sinónimo de escuridão.
 
 
 
Hoje, numa brincadeira, caí e dei uma valente cabeçada no chão... já passaram horas e ainda a sinto latejar, tanto no sítio onde bati (nuca) como no lado oposto (testa)... Qualquer incongruência deve ser, por isso, perdoada...

10/11/2012

007 - Skyfall

Mas o que é isto, meu Deus??!
Like a Boss, o Daniel Craig emborca um copito com um escorpião pousado no pulso... Uma de muitas cenas brutais (por brutal, entenda-se "SEXY!!!!") do filme...
 
Pois... eu não sou muito fã dos filmes do 007... Não me lembro do Sean Connery no papel. O Roger Moore pareceu-me sempre aquele velhinho que tem a mania que ainda tem 20 anos, e o Pierce Brosnan foi talhado para papéis como o do Mamma Mia, não tanto para super-super-espião-ultra-secreto-e-sensual. Nisso, o Daniel Craig é um achado.
 
O filme está um espanto. Não tem aquela espectacularidade (plástica e demasiado pomposa, quanto a mim) quase ao estilo "Missão Impossível", que caracterizava os anteriores filmes do famoso James Bond. O filme é feito de detalhes deliciosos,  tem um elenco notável e é tocante em tantos momentos. A famosa cena da queda da ponte faz-nos suster a respiração e depois lá vem a música fenomenal da Adele, qual cereja gigantesca no cimo de um bolo de chocolate e massa folhada e gomas e marshmallows... É bastante emocional e mostra um lado mais pessoal da história das personagens centrais, a M e o próprio Bond.
 
Enfim... blá blá... Falo sempre melhor sobre livros, não sei porquê...

09/11/2012

Inimigos, são como flores

...cultivam-se. Com carinho e dedicação...
Ai, ter inimigos! Dá mais trabalho do que manter os amigos. Os amigos são gente boa, gente que está lá, apesar da distância ou do desinteresse. A amizade subsiste, durante anos, toda uma vida. E vive sempre que um dos amigos se lembra de uma história ou faz um telefonema só para perguntar "como vão as coisas" e "o que contas"... A inimizade é mais frágil. Ela tem que ser acalentada regularmente, caso contrário, murcha e morre. É logo substituída pelo ligeiro desdém ou a simples indiferença... Não. A inimizade precisa de cuidados constantes para não se desvirtuar nem esquecer motivos, injúrias, insultos despropositados, faltas de consideração ou mesquinhices obtusas. É uma troca constante, incessante e persistente de farpas, estocadas e coices. Silenciosa (entre sujeitos discretos e polidos) ou ruidosa (quando entre pessoas de temperamento mais aceso), a inimizade é, apesar de não parecer, uma relação frágil.
Ter inimigos é uma questão de higiene pessoal, li eu não sei onde... Nunca ouviremos verdades tão sinceras como da boca de um inimigo. Nem nunca nos sentiremos tão livres como quando estamos na sua presença. 
 
Atenção... Desengane-se quem já pensa por esta hora que andei a cultivar inimigos nos últimos dias. Nada disso, nada disso! Não tenho perfil, estofo ou vontade para isso... Mas há aquelas pequenices tão ridículas que nem merecem ser mencionadas que me fazem pensar, às vezes: "se algum dia a Anarquia tomar conta dos nossos destinos ou a Lei Marcial reinar sobre a Terra, tu, malando/a, és bem capaz de me vir infernizar... e, se não vieres, eu própria me encarregarei de te perseguir e aniquilar."

05/11/2012

A Fábrica de Letras

A Fábrica tem paredes feitas de papel. Papel pautado, papel liso, papel quadriculado, amarrotado, imaculado, de todas as cores, com cheiros distintos, onde se misturam caligrafias diferentes.
A Fábrica tem uma chaminé muito alta que fumega especialmente nos primeiros dias de cada mês, quando cozinha um novo desafio. Os bloggers que têm janelas viradas para a Fábrica apercebem-se do bulício e atiram-se cheios de garra ao novo tema... Tantas ideias, tantas palavras se cruzam e chocam... e os caminhos para a Fábrica ganham vida e, aos poucos mas certamente, lá vão chegando participações, contribuições, partilhas, dádivas. E as paredes da Fábrica ganham uma nova cor e são ricas, muito ricas!
Eu sou uma operária. Vim aqui parar por intermédio da Fabi. Observei os operários mais antigos, aprendi e, depois de ganhar confiança, comecei a contribuir com as minhas palavras...
A Fábrica não está sujeita a greves, nem a ataques de sindicatos. A Fábrica é liberal. É uma entidade patronal simpática, muito lá à frente.
É uma Fábrica de Letras e Palavras, onde se fabricam também elos de ligação entre bloggers desconhecidos que, por um momento, se detêm numa mesma palavra ou tema e se atrevem a deixar a sua alma, os seus olhos e o seu coração abertos para quem os quiser ler, nas paredes da Fábrica.
A Fábrica é linda!
 
 
Como é mais do que evidente, este texto é feito para a Fábrica de Letras, cujo tema para o mês de Novembro é ela própria, a Fábrica.
 

My Super Special Power


Às vezes, por um momento, um momento muito fugaz, que não dura mais que uns minutos, eu sinto o meu Poder. Sem me esmagar, nem me tirar o ar ou dar vertigens. Eu ostento-o, em vez de o carregar.
Por um momento eu sou capaz de sentir o meu Poder, como uma vibração no ar à minha volta, um peso e cor especial nos objectos que toco, um brilho novo devolvido pelo espelho.
O poder não vem de mim. Eu sou igual. O poder vem da admiração, adoração até, que outros me oferecem. Normalmente, nego-o. Irrita-me a pele e os sentidos.
Mas às vezes, só durante uns minutos, eu sou capaz de o acolher e de me sentir protagonista na minha própria história, em vez da personagem secundária que prepara a entrada das personagens principais.
Não sei de onde vem, o que o despoleta... Se é algo no ar que respiro, se a música que ouço, se algum especial alinhamento de todos os chakras nos quais não acredito...
"É uma receita para o desastre", diz a figurazinha que tem as minhas feições mais angelicais e veste de branco, cabelos de ouro encaracolado e uma aureolazinha flutuante sobre a cabeça...
"É um intervalo na tua vidinha de rotinas e carpe diems da treta", sussurra uma outra, a mesma cara, feições mais  decididas, vestida de cores chamejantes e uma dança ululante.
Se eu aprender a convocar o meu Poder, se aprender a controlá-lo, sem temer que ele me controle a mim... Tremam!