12/02/2015

Escuta, pequenina...

Quando a ansiedade, aquele nervoso miudinho que muito depressa passa a graúdo, aquelas borboletas enjoativas no estômago e aquela vertigem repentina começam a chegar... pensa para ti: "o que mudou, desde a última vez que te sentiste bem?", e a resposta vai, muito provavelmente ser "nada". Por isso, não temas, não dês ouvidos aos medos. Nada mudou, pequenina. És a mesma, as pessoas são as mesmas, os lugares são os mesmos. Vai ficar tudo bem.
 
p.s. Amanhã vou para Paris com o meu Amor.

04/02/2015

A ansiedade, resumida numa palavra, é sofrimento.
Sofre-se pelas feridas que ficaram de um passado complicado, com medo que ele volte para nos atormentar e se repita. Sofre-se pela antecipação do futuro, como se as possibilidades que ele encerra fossem mais negativas do que positivas. Sofre-se porque, em estado de ansiedade, mistura-se no tempo presente o sentimento de impotência ou desadequação que se teve no passado, com a expectativa dos planos futuros. Como se essa pessoa pequena e magoada do passado estivesse já, neste momento, a viver a emoção que o futuro vai trazer. Só que de forma aumentada. Para pior, normalmente.
A pessoa ansiosa sofre sempre duas vezes. Sofre a antecipação. Por vezes de várias semanas ou meses. E sofre com a chegada do evento ou acontecimento, porque é o momento do tudo ou nada, do "será que vou conseguir enfrentar serenamente ou este friozinho na barriga vai continuar a crescer, formar uma onda gigantesca que me vai submergir em pânico?".
É uma luta desgastaste entre duas partes de um mesmo cérebro: a parte mais instintiva, que reage com medo a estímulos que invoquem alguma má experiência, e uma mais racional (e que as vezes parece tao pequenina e fraca), que tenta dizer à outra parte que não, que não tenha medo, que tudo vai correr bem.
As pessoas ansiosas são as mais cruéis juízas de si próprias. Porque melhor do que ninguém, elas sabem que não faz sentido temer tantas coisas. E mesmo que as coisas sejam dignas de temor, não o são com tanta antecedência, nem com um grau de descontrolo tão grande. E a acrescentar ao sofrimento antecipatório em si, temos um certo nível de auto-desprezo e desconsideração, por admitir tamanha fraqueza e incapacidade de ajustamento ao mundo, à vida e aos outros.
Em suma, é cansativo. É uma guerra feita de inúmeras batalhas; às vezes arrasadoras, às vezes terminadas com um doce sabor de vitória.
Eu ando a tentar acostumar-me a esse sabor. Ando a tentar não me perder de mim, nem da minha identidade, daquilo que me dá confiança por perceber quem sou, como cheguei até aqui, quem fez esta caminhada comigo e me vai acompanhar no futuro, sem me largar a mão.