Nos filmes e livros, e mesmo na vida, admiro as personagens grandiosas, não necessariamente as principais. As personagens a quem se adivinha uma grandeza de espírito, uma nobreza no carácter, que imprimem alegria a tudo o que fazem, gratidão por todos os momentos, que iluminam as cenas em que aparecem... Aprecio sempre, sobretudo, as personagens solitárias, as lutadoras, as que têm História, as que enchem uma cena, mesmo estando sozinhas, pela sua presença, pelos seus monólogos. Personagens que valem por si, que não precisam da bajulação submissa das outras para que seja evidente o seu protagonismo. Admiro o romantismo melancólico da sua solidão e da sua tristeza, porque são momentâneos e enriquecedores e são como o recuar do mar, a preparar-se para regressar numa nova e grande vaga. Aprecio todas estas personagens.
Agora tenho só que imaginar que eu sou uma delas. Se elas são inteiras quando sós, também eu sei sê-lo.