26/12/2016

Nos filmes e livros, e mesmo na vida, admiro as personagens grandiosas, não necessariamente as principais. As personagens a quem se adivinha uma grandeza de espírito, uma nobreza no carácter, que imprimem alegria a tudo o que fazem, gratidão por todos os momentos, que iluminam as cenas em que aparecem... Aprecio sempre, sobretudo, as personagens solitárias, as lutadoras, as que têm História, as que enchem uma cena, mesmo estando sozinhas, pela sua presença, pelos seus monólogos. Personagens que valem por si, que não precisam da bajulação submissa das outras para que seja evidente o seu protagonismo. Admiro o romantismo melancólico da sua solidão e da sua tristeza, porque são momentâneos e enriquecedores e são como o recuar do mar, a preparar-se para regressar numa nova e grande vaga. Aprecio todas estas personagens.
Agora tenho só que imaginar que eu sou uma delas. Se elas são inteiras quando sós, também eu sei sê-lo.

18/12/2016

"as coisas vulgares que há na vida não deixam saudades"

...as especiais, as que nos elevaram acima do que alguma vez poderíamos ter sonhado para nós, sim. Mesmo que as vejamos definhar e morrer lentamente, mesmo que tentemos com perseverança agarrá-las e recuperá-las, mesmo que sejamos nós a ver que não há esperança de retorno e pratiquemos uma "eutanásia" piedosa, cortando o laço, deixando a outra pessoa ir, pedindo à outra pessoa que nos deixe a nós... mesmo que isto tudo, a saudade fica e morde e magoa.
Dizem-me que é normal a saudade, normal a pena, o sentimento de perda. De dois caminhos que se fizeram juntos durante algum tempo e agora se separam, e de molduras que mostravam dois sorrisos numa fotografia, agora substituídas por um sorriso solitário.
Há uma melancolia que caminha comigo nestes dias mas que não me submerge; esforço-me por me manter à tona, por pôr em prática o que tenho aprendido acerca de mim e dos outros e da força que tenho.

No one can travel into love and remain the same.

Eu não estou a mesma, e faço agora esse caminho de descoberta de quem sou agora, do espaço que ocupo e do que me fará novamente feliz.

04/12/2016

"my love has gone"

... E hoje matei duas aranhas que se podem classificar como pequenas mas para quem lhes tem fobia, com eu, se podem considerar de tamanho razoável. Matei-as. Noutra altura teria fugido e gritado por ajuda. A minha mãe comentou a sua incredulidade. Respondi-lhe "estou tao insensível por dentro que já nem consigo assustar-me".
Ela arregalou-me os olhos e exclamou muito alto "estás é forte, burra!" ...sendo que este "burra" é cheio de amor, eu sei.