Como é que um monossílabo pode expressar o monstro que nos rasga interiormente?
Nunca pensamos nela e, no entanto, ela está tão iminente. Sempre.
Na porta que se fecha sobre o nosso dedo, na postura incorrecta que nos massacra as costas, no som perfurante que nos fere os tímpanos, no ardor de uma ponta de cigarro sobre a pele, nas palavras escusadas de alguém... porque ninguém nega que as dores da alma podem ser tão ou mais dolorosas do que as do corpo.
Omnipresente. Omnipotente. A dor tira-nos a ousadia e só pedimos que passe. Rápido.
Na porta que se fecha sobre o nosso dedo, na postura incorrecta que nos massacra as costas, no som perfurante que nos fere os tímpanos, no ardor de uma ponta de cigarro sobre a pele, nas palavras escusadas de alguém... porque ninguém nega que as dores da alma podem ser tão ou mais dolorosas do que as do corpo.
Omnipresente. Omnipotente. A dor tira-nos a ousadia e só pedimos que passe. Rápido.
A dor é desagradável. É dolorosa. Má.
Procuramos refúgio num analgésico envenenado mas não há por onde lhe escapar. Não há alívio ou consolação. Dói. Há sentimento mais redutor e asfixiante?
E será que a dor dói a todos de igual forma?
Eu não sofro quando tiro sangue; fiz uma tatuagem sem me queixar... Mas nem por isso sou muito valente.
A dor é relativa, pessoal e intransmissível.
O mesmo beliscão pode doer-me mais a mim do que a ti. Talvez eu "sinta" mais; ou posso apenas "aguentar" menos. Não importa. A dor não se quantifica.
Eu sofro, queixo-me. E também sofro com os teus queixumes, com as tuas dores.
Físicas ou não, legítimas ou estúpidas, mais ou menos intensas. O que importa isso?
Sofres, eu sofro. E consolo-te. E não me é agradável sentir que, quando eu sofro as minhas dores, alguém as quantifica, relativiza e diz para eu não julgar que sofro mais do que os outros.
Nunca julguei que o meu sofrimento fosse maior. Mas, decerto, é desconhecido de todos.