28/02/2011

Esquerdinos que me lêem...

Perguntava-me o Nandinho no outro dia: "sabes o que dizem dos esquerdinos?".

Respondi com aquela teoria que diz que os esquerdinos resultam quando, no momento da concepção, são gémeos e, por qualquer razão, um deles morre. O sobrevivente é esquerdino.
Ele não se referia a isso mas à crença ligada à re-encarnação de que os esquerdinos estão pela última vez na terra.
Eu cá não acredito nesta re-encarnação, a que diz que nós vivemos várias vidas e nos vamos aperfeiçoando em cada uma delas até estarmos pronto para ir para a Luz. Acredito na re-encarnação Cristã: que temos apenas uma vida terrena e que, depois, o espírito a continua num outro sítio qualquer...
Independentemente da discussão aqui iniciada, pensem lá comigo:
Supondo que a re-encarnação (a das várias vidas terrenas) existe, que nós caminhamos até atingir a perfeição... Nós, esquerdinos, estamos cá pela última vez... Logo:
NÓS JÁ ATINGIMOS A PERFEIÇÃO!!!

Logo, as professoras e o meu pai, que ralhavam quando eu pegava na caneta com a mão esquerda, que vão para o raio que os parta!
Acho que, depois de ouvir esta minha brilhante conclusão, o Nandinho se arrependeu de ter puxado o assunto...

26/02/2011

Ora vejam lá...

...hum? É ou não é um regalo para a vista? Digo-vos: uma delícia, hiper-feminino, chiquééééééérrimo, super-doce, com sabor a arando (!)...
Enfim... uma epifania! ...de fazer as meninas d' "O sexo e a cidade" ficarem roxas de inveja!
...e, muito importante, tem infinitamente mais graça beber sem saber quanto custa. Não que seja escandalosamente caro e, caso saibamos o preço, o bebamos com uma reverência (ou com uma dor) especial, mas simplesmente porque faz parte da excentricidade...
E, portantos, na próxima vez que me sentir uma nulidade, vou ao sítio do costume e peço uma maravilha destas... Um Martini Gold Pink Cosmopoli. Aconselho vivamente!

24/02/2011

Quando choro

...não me olho ao espelho. Não quero ter na memória a imagem de que chorei. Não que chorar seja mau. É purificador e necesário, até. Mas não quero lembrar o motivo que me fez chorar.
Nem tenho o hábito de beber as lágrimas que me caem nos lábios, como alguns. Cada lágrima contém em si um pouco do que nos é tóxico e, bebendo-as, estamos a interiorizá-lo novamente, renovando o ciclo.
Nem deixo que me vejam chorar; não quero um lembrete personificado, piedade ou compreensão.
Choro sozinha e no escuro. Choro sem me ver. Choro de frustração, de revolta e de dores. Tento não chorar de tristeza.
Choro porque quero. Porque preciso. É como tomar um banho regularmente porque, por mais cuidado que tenhamos, vamo-nos sujando...
Choro porque quero, quando posso. E depois as lágrimas secam sozinhas.

23/02/2011

"A Virgem das Amêndoas", de Marina Fiorato

Este livrinho de título vulgarérrimo (é, num é?), cuja leitura me foi oferecida meio do pé para a mão, acabou por ser uma leitura deliciosa... É a história enternecedora de uma viúva, na Lombardia do sec. XVI, cujo marido foi morto na guerra e que, para conseguir sustentar e manter a sua casa, concorda em posar como modelo para uns frescos da Virgem, Mãe de Jesus, a serem pintados por Bernardino Luini, discípulo do grande Da Vinci. Do amor que nasce entre os dois, resultam a mais brilhante obra do artista e o famoso licor Amaretto, criado por ela com as amêdoas da sua propriedade, inspirando-se no sabor amargo-doce do seu amor conturbado...
Isto para simplificar muito, porque a história é revestida de pormenores, presságios e desenvolvimentos surpreendentes que, em vez de nos caírem à frente, chocando-nos, vão espreitando de mansinho, fazendo-se adivinhar, de modo a que ficamos com uma sensação maravilhosa de "já estava mesmo a ver que isto ia acontecer! sou um génio!". Cada capítulo tem um título sugestivo que resume o que vai acontecer e nos acicata ainda mais a curiosidade... Gosto disso. Dá uma ideia de que a história está bem organizada.
Mistura lindamente a realidade da existência de algumas das personagens e das obras por elas criadas, com uma trama e detalhes ficcionais de uma subtileza suprema! Arte e pintura, inquisição, nobreza/pobreza, amor/amizade, instinto/consciência, são as marcas decisivas. As personagens são de uma nobreza de espírito inspiradora e há um sem-fim de simbolismos e paralelismos que, espero não estar a ser injusta, só uma mulher poderia criar.
É uma linda história. Leve, muito leve, mas cheia de lindas imagens!

21/02/2011

Mudei de Nome!!!

Calma... Não estou a atravessar nenhuma crise de identidade... Simplesmente me vinha preocupando um pouco o facto de B não ser um nome por aí além extraordinário, um tudo-nada minimalista e indefinido... Além de que há várias B's e Bê's por aí e, para eu própria não confundir as minhas publicações com as alheias, resolvi mudar...
Após longa deliberação, optei por Briseis... Não é invenção minha, é uma figura mitológica, relacionada com a guerra de Tróia... Gosto!
Enfim, só achei que devia dizer qualquer coisa a respeito para não vos assustar, vós que me conheceis! A "B" tá cá na mesma, mas sob um nome mais pomposo... =)

19/02/2011

Chamem-me o que quiserem...

...beata, rata de sacristia, ou novenas (pessoalmente, acho graça a este último! Foste tu Gi, adorável, quem teve a lembrança!) =D
Chamem! ...a ver se me importo...

A verdade verdadinha toda é que estou contente por estar de folga este fim-de-semana e poder ir à missa amanhã. A tal. A de Domingo. Aquela de que já aqui falei...
Porque sei que, por mais que custe levantar cedo, por mais que chova e que faça frio, quando entrar na igreja vou, como de costume, pensar "Como é bom estarmos aqui!"*, e não há sensação melhor do que essa!

*Evangelho Mt 17, 4

14/02/2011

Compreendes o que digo?

...
...cuidado... Vai andando... Oxalá não te vejam. Se te virem, oxalá não te notem. Se te notarem, oxalá não te interpelem. Se te interpelarem, oxalá não te incomodem. Se te incomodarem, oxalá não te sufoquem...
Vai andando... Estão a ver-te! ...age normalmente. Notaram-te. Vêm na tua direcção para te interpelar... Calma... Calma, não! foge! Foge, agora... Esquiva-te. Hesitaste. Agora deixa-os interpelar-te. De certeza que te vão incomodar. Calma. Respira fundo. Não tens que. Ninguém te obriga a. Mas vai parecer mal se não fores. Diz que sim. Diz que vais. Arranjas uma desculpa depois. Diz-lhes "logo se vê", se não quiseres comprometer-te.
Comprometeste-te. Vão sufocar-te. Sabes que sim. Já aconteceu outras vezes, porque haveria de ser diferente agora?
Mas vai com calma. Respira fundo. Conta até dez. Aquece as mãos. Agarra qualquer coisa com força, para que não tremam. Olha, o céu ainda é azul. E já ninguém olha para ti agora. A vida segue. O mundo não tomba. Depois vais, se quiseres. Se não quiseres, inventas uma desculpa... Que disparate. Não sejas ridícula. Não inventas desculpa coisa nenhuma. Meteste-te nelas, agora aguenta. Se arranjares desulpas estarás a fraquejar. A subestimar-te. O pior que pode acontecer é caíres...
Vais cair. Vais cair porque não consegues abstrair-te de mim, da minha voz dominadora. Vale mais fugires. Não vás. Não te deixes levar indolentemente para o meio deles. Arranja uma desculpa. Ninguém te vai chamar louca. Só tu é que vais saber. Só tu é que me ouves. Não vás. Foge... Tu queres ir? Mas não podes. Tu vês demais. Tu não és igual a eles. Tu tens uma carga diferente. Inventa. Arranja-te. Não vás.
Isso... Devagar. Afasta-te. Já não te vêem... Caminha direita. Com cuidado. Vai andando...

Para a Fábrica de Letras, mês de Fevereiro: A Loucura.

08/02/2011

Humm... Acho isto muito estranho...

Saí de casa com uma sensação esquisita, hoje... Como quando chegamos à rua e percebemos que o chão está muito macio e os nossos passos não fazem barulho e olhamos para baixo e vemos que trazemos as pantufas calçadas... Essa foi a primeira coisa que me veio à cabeça, por isso, benzi-me três vezes, olhei para os pés e, com alívio, constatei que estava com sapatos decentes... Mas a minha apreensão aumentou porque continuava sem saber o que estava errado...
Discretamente, verifiquei se tinha apertado o fecho das calças. Tudo OK. Lembrei-me de ter penteado o cabelo. Também não era por aí... Lavei a cara antes de sair de casa e tinha a certeza que não havia nada de anormal... Mas a sensação persistia... Também sabia que tinha posto o soutien, quando me vesti (aconteceu uma vez esquecer-me... foi no Inverno, por isso, estava cheia de roupa não foi muito grave. Menos mal.).
Estou fora de casa há 1 hora e continuo sem saber o que se passa de errado. Cá pra mim, vou chegar a meio do dia e descobrir que vesti a camisola do avesso... Mas agora fui verificar e não, também não é isso...
Isto é perturbador, bolas...

04/02/2011

A loucura é...


... como o pipo de uma panela de pressão.

Tem que ser mantido limpo, fresco e arejado. Se entope, a panela explode.

As baforadas e apitos que vai libertando são um indicador da atmosfera que faz no interior e, consoante aqueles, vai-se regulando a potência da chama que aquece a panela.

Tem que ser da medida certa. Se for demasiado grande, a panela perde toda a funcionalidade. Se for demasiado apertado, não vai conseguir libertar a pressão que se produz no interior de forma eficaz...

Cuidem dos vossos pipos. Para vosso bem e para bem da cozinha inteira porque, se explodirem, vai ficar toda suja...
Para a Fábrica de Letras, mês de Fevereiro, tema: Loucura.

01/02/2011

Confiar

Confia quase sempre. Confia demais. Só não confies quando tiveres provas inequívocas de que não deves. Já todos caímos desamparados por causa disso, mas oxalá não mudemos. Oxalá a vida não nos magoe tanto que nos faça perder esta natureza!
Vale mais confiar e viver tranquilo, do que desconfiar e viver permanentemente a olhar por cima do ombro à espera de uma traição.
Quem confia é feliz, ainda que sofra. Quem confia está a dar uma prova de que é digno de confiança. Quem confia não tem medo. Sabe que se entrega nas mãos de outrém mas não teme. Aquele que confia é bem aventurado. Quem confia nos outros demonstra que, acima de tudo, tem confiança em si próprio (François la Rochefoucauld). A confiança não carece de explicação, nem necessita de justificação. A confiança é um acto de fé, e esta dispensa raciocínio (Carlos Drummond de Andrade). Um acto de confiança dá paz e serenidade (Fiodor Dostoievski).

Tive um amigo que era pessimista, desencantado, triste, solitário, frustrado e azedo. Todos estes males tinham a mesma raiz: a desconfiança que ele votava aos que o rodeavam, inclusivamente àqueles que eram seus amigos sinceros e desinteressados. Perdeu-os a todos. E, o pior, é que continua a achar que teve razão e que foram os outros que erraram.

Se eu desconfiar, estarei a inspirar uma deslealdade que se há-de virar contra mim. Da mesma forma que, à força de confiança, pode-se colocar alguém na impossibilidade de nos enganar (Joseph Joubert) porque, se o fizerem, cobrir-se-ão de vergonha.

Em últma análise, confiar é uma virtude, uma capacidade. E é triste e estéril aquele que não a tem.


Para a Bel.