Gosto das coisas simples. Gosto da beleza harmoniosa e clássica. Gosto do sofá, como gosto da cadeira da esplanada ou do muro do cais. Gosto de cores vivas. Gosto de cães porque são o derradeiro símbolo da lealdade. Gosto de felinos porque são competentes e independentes. Gosto de ver relâmpagos e ouvir a trovada rasgar o ar 3 segundos depois. Gosto do sol que acaricia, sem cegar. Gosto de sobremesas frescas, com muitas natas e chocolate. Gosto de comer gelados no Inverno. Gosto de pôr música quando estou em casa sozinha. Gosto de trabalhar. Gosto de jogar farmville no trabalho. Gosto de deixar as pantufas pousadas ao lado da cama, direitinhas, de modo que, quando me levanto, os pés caiam direitinhos em cima delas. Gosto de não ter de procurar as minhas coisas. Gosto de saber que sei sempre onde elas estão. Gosto de conversas longas. Gosto de quem sabe ficar em silêncio. Gosto de encontrar o que outros perderam...e devolver-lhes, claro. Gosto de me mimar. Gosto de tomar o meu café sempre acompanhado de uma nata. Já gosto que me toquem no cabelo. Gosto de demorar dois minutos a mais no duche, com a água a correr quente, a ponto de queimar. Gosto de me matar no ginásio. Gosto de dizer a quem está a fazer exercícios ao meu lado: "se não estiver a doer, é porque não estás a fazer bem". Gosto de comidas gordurosas, desde os rojões, à carbonara. Gosto de limpar o pó. Recentemente até descobri que gosto de passar a ferro...Gosto de tantas coisas... por que raio há pessoasa teimar em fazer disparates que não lembram a ninguém só para me aborrecer?! Chiça...
27/11/2011
22/11/2011
Não sei bem o que chamar a isto...
Não sou de ninguém e, por isso, preciso entregar um bocadinho de mim a toda a gente. Ocasionalmente, este "entregar" roça o "impingir" e o "impôr". Gosto de pensar que é uma aceitação recíproca, que quem me aceita o "bocadinho" recebe também em troca algum amparo e companhia. Como duas cartas que se suportam, encostadas uma à outra, para construir um castelo.
Mas até nisto sou egoísta, porque dou o meu "bocadinho" bem racionado e medido e não tolero que me peçam ou tentem extorquir mais do que isso.
Por fim, sou reles, porque não raras vezes gostava de me encostar a uma carta que já está escorada noutra. Orgulhosa demais para o manifestar, vejo, às vezes, alguem deixar em suspenso o seu suporte para me atender por um momento. E aí sou reles porque devo gratidão a quem veio e vergonha a quem ficou à espera... Reles, eu.
11/11/2011
Zénite
Neste momento, neste preciso e saboroso momento, eu sou a pessoa mais forte, confiante e tranquila à face da terra. Apenas neste momento. Mas mesmo sendo este um estado tão frágil e passageiro, é impagável a sensação de plenitude que trago comigo. Porque me vi angustiada e exausta com pessoas e situações e, incapaz de tolerar mais fosse o que fosse, murmurei um "chega!", finquei pé, fiz cara feia e, pedindo desculpas e tremendo por todos os lados, estava até disposta a partir a louça toda, se fosse preciso. Mas não foi. Reconheci, lá pelo meio deste turbilhão que me sacudiu os nervos e fez tremer as mãos e a voz, que tenho uma incompatibilidade crónica com quase toda a gente que de alguma forma aprecio ou admiro. Reparei que quanto mais gosto de alguém mais tendência tenho para discutir e me enervar... Aliás, atrevo-e a dizer que praticamente só discuto com quem gosto. É que só com essas pessoas é que vale a pena. Pessoas indiferentes não merecem a minha revolta, a minha vontade de as repreender e corrigir, para melhor se adaptarem a mim e às minhas exigências desvairadas e incoerentes. Por fim, aprendi a sensação de cortar amarras, cortar com o velho, o gasto. Mesmo que seja a única coisa que nos é familiar e segura. Eu estava a precisar, mais do que nunca. Cortei amarras e fiz-me ao largo. Não sei bem se encontrarei outra praia ou se a corrente me vai arrastar de novo, indefesa, para o ponto de onde vim. O futuro dirá. E, neste momento, só neste preciso e saboroso momento, olho para ele sem medo.
07/11/2011
"Jane Eyre" e "No Teu Deserto"
Que dizer? É amoroso, envolvente e enternecedor... Devorei as últimas 150 páginas no mesmo dia, como que obcecada, mal podendo esperar pelo final feliz!! É um romance clássico, acerca da orfã maltratada, que é enviada para um colégio onde se destaca pelo seu brilhantismo e inteligência; vai trabalhar como ama para casa de um Mr. Rochester muito estranho, misterioso, vil, feio... mas encantador! E, no dia do casamento, descobre-se que ele é afinal casado com outra mulher! Jane foge mas tcharãns e peripécias mais tarde, enriquece com uma herança inesperada e resolve voltar a procurar o seu grande amor... É adorável! É uma lição de vida inspiradora... Maravilhoso e fofíssimo...
Entretanto, li também (em 2 dias) o "No Teu Deserto" do nosso bravíssimo Miguel Sousa Tavares. Este é um tesourinho frustrante, um relato maravilhoso que ficamos contentes por conhecer e desvendar, escrito na forma encantadora com que o MST sempre nos brinda, mas que deixa uma nostalgia, um vaziozinho... Como se a história acabasse logo depois de começar... Estamos no início, vamos para o deserto com a Cláudia (como eu gostaria que um homem me olhasse e me considerasse e falasse de mim, como ele da Cláudia...!), chegamos ao deserto e, quando percebemos, a história que não começou está a findar... É doce...e insatisfatório! Não digo isto como defeito, mas por nos deixar a desejar tanto mais...! É mais a história que fica por contar do que a que vem naquelas cento e poucas páginas... Arrebatador!
05/11/2011
Felinices
Gosto de me baixar e rastejar até aparecer diante de olhos desprevenidos e jugulares expostas, sem perceberem bem de onde vim... Tenho patas macias, munidas de almofadas que me ocultam as garras ameaçadoras e me disfarçam o peso no caminhar... Não há estalar de galho que me denuncie porque sou cuidadosa e metódica... Olhem...! Olhem como a minha cor tawny me faz invisível no meio dos tons-terra quentes desta selva em que vivemos...
Não sou maldosa, embora não me consigam olhar nos olhos por parecerem assassinos. Sou animal terrestre mas trepo às árvores com tanta graça como se não tivesse peso, e lanço-me pelos ares, confiadamente, como se tivesse asas. Caio sempre direita, sem perceberem como ou porquê.
Sou solitária. Não tolero companhia e também não há que me tolere bem. Adoro, busco e preciso do meu covil e, ao mesmo tempo, necessito absolutamente de pairar, explorar e perder-me...
Não me subestimem. Posso não ter resistência física merecedora de fama, mas a minha velocidade é lendária. O meu engenho é frio; o meu calculismo, arrepiante.
E não raras vezes hão-de ver-me, indolente e sedutora, rebolando-me no pó, perseguindo moscas, cheirando o vento...
Às vezes, desejaria ter nascido, de facto, como leão da montanha. ...mas nem sequer acredito na reencarnação, para poder acarinhar a ideia de ser possível, ainda, voltar cá sob aquela forma...
Ser Briseis com bigodes.
Subscrever:
Mensagens (Atom)