Atingiu-me, qual raio epifânico (será que existe esta palavra? Epifânico...)... Enfim, um raio que traz uma epifania, a ideia de que tenho tralhas lá nos meus domínios, aka meu quarto, nas quais não mexo há mais de dez anos, salvo para lhes limpar o pó, de meio em meio ano... Coisas que guardei "para um dia, mais tarde, quando tiver tempo, ler/vasculhar/recordar...".
Mas o dito raio chegou e, com ele, a ideia de que voltar a mexer naquelas coisas significaria que a minha vida estagnou e que eu, em vez de ocupadíssima a viver, estarei ociosa e com vagar para recordar, quiçá soltar uma lagrimazita saudosa.
Portantos, e dado que recuso a ideia de que voltarei ao marasmo e que há tantos sítios onde ir e livros para ler e caminho para andar, atirei 40kg de livros e cadernos escolares do tempo do secundário para o papelão. Levei toda uma tarde a tirá-los do quarto, espanejar e preencher com outras coisas o espaço que eles ocupavam, debaixo da minha cama. E estou decidida a, nas próximas folgas, continuar com esta onda implacável de asseio e desprendimento do que é peça de museu.
Gosto. Gosto disto.