Em pequenas, quando nos zangávamos por ela se ter portado mal, ela vinha passado poucos minutos querer brincar outra vez ou pedir mimos. E eu atirava-lhe à cara que ainda estava zangada por causa da atitude anterior dela, e ficava a ruminar esse rancor umas boas horas ou dias.
Da mesma maneira, quando era eu a errar, a vergonha e o orgulho mantinham-me longos períodos de tempo sem me aproximar dela.
Cheguei a comentar com a minha mãe a "lata" da minha irmã, de vir como se nada fosse, toda sorrisos, depois de termos discutido.
Hoje lamento esta minha natureza. Este "solo lunar" que sou, de que já aqui falei antes. Um solo que guarda por tempo indeterminado as marcas que lá se deixam, sendo que eu tenho uma certa selectividade em guardar as marcas negativas.
E carrego esse peso, essas mágoas comigo, que me impedem de sacudir o rancor, de voltar a confiar alegremente.
Não. A marca está lá, como uma nódoa que nunca sai totalmente.
Hoje lamento ser assim e gostaria de ter a natureza mais pura e infantil da minha irmã...