Pergunta típica, feita aos mais pequenos e, enquanto eles pensam, os maiores aventuram-se: "gostava de ser pequenino".
Eu cá, gostava mesmo, mas MESMO, de ser pequenina. Pequenina de tamanho e idade, porque pequena "por dentro" ainda eu sou... Será que aos 22 anos todos sentimos o mesmo? Talvez... Talvez agrade a alguns este jogo de "brincar aos grandes", então encarnam bem o papel, mais ou menos cientes daquilo que é esperado de si...
A mim, esta brincadeira não agrada... Porque não me sinto "grande", de todo... Parece que faltei às aulas sobre a vida adulta. Ou, quem sabe, talvez seja a ideia que eu tenho do que é ser adulto que esteja errada: ser adulto é ser sempre assertivo. Ciente do seu lugar, das suas capacidades, do seu papel, da sua personalidade, do que faz mover o mundo. Mais do que estar ciente disto tudo, ser adulto é controlar todas estas coisas. Afinal, é-se adulto.
A mim, esta brincadeira não agrada... Porque não me sinto "grande", de todo... Parece que faltei às aulas sobre a vida adulta. Ou, quem sabe, talvez seja a ideia que eu tenho do que é ser adulto que esteja errada: ser adulto é ser sempre assertivo. Ciente do seu lugar, das suas capacidades, do seu papel, da sua personalidade, do que faz mover o mundo. Mais do que estar ciente disto tudo, ser adulto é controlar todas estas coisas. Afinal, é-se adulto.
Durante a adolencência, sabia que estava a "adolescer" (nem sei se tal palavra existe... Perdoe-me a Srª D. Edite Estrela) e que, um dia, um clique ou um terramoto ou o raio que o parta haveria de me dar a conhecer que era adulta já.
Este fenómeno ainda não se deu. Dou por mim vintona, carta e carro, Licenciatura, trabalho, descontos para o IRS, a fazer comida para mim e a passar as minhas roupinhas a ferro, mas não tive ainda a tão esperada epifania do que seria ser adulta...
Receio bem que isso nunca venha a acontecer... Serei eternamente uma criança/adolescente a "brincar aos grandes" sem nunca ter muito bem a noção do que ando a fazer ou se passa à minha volta...
É mais ou menos como quando descobrimos, à medida que crescemos, que a nossa mãe afinal não sabe tudo! É que, quando somos pequenos, a mãe tem todas as respostas, toda a sabedoria, todas as soluções, toda a força, todo o poder. Basta chamar o seu nome e os nossos problemas estão imediatamente solvidos por aquela entidade divina e Todo-Poderosa cuja missão no mundo não é mais que alimentar-nos, vestir-nos e aconchegar-nos os cobertorzinhos à noite... A dado ponto, vemos que não é bem assim... Entrei em pânico quando me apercebi desta realidade!
Agora estou a assumir que é o mesmo com ser adulto. Não existe fronteira. Não existe início. Vamos vivendo, pobres pequenos, e aprendendo com as cabeçadas que damos na parede quando olhamos para o chão, ou com as rasteiras de outros quando vamos a olhar para as paredes... Por isso é que de vez em quando o vizinho canta demasiado alto, ou o colega no trabalho dança uma música de forma esquisita, ou aquele amigo quer brincar connosco à sardinha... São instantes de loucura em que a frustração fala mais alto e voltamos por momentos às origens.
Quem disse que não devemos deixar nunca morrer a criança que há em nós, era brilhante. É que ela, de facto, nunca morre. Mas esta frase dá-nos uma desculpa excelente para nos entregarmos de quando em vez à tal loucura infantil e, ainda por cima, parecer heróicos quando o fazemos: "olha, aquela não deixou morrer a criança que há dentro dela..."
Pois está claro que não. É preciso é coragem para a mostar.
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