11/08/2010

"Pessoas como nós", de Margarida Rebelo Pinto

Pois é... Parece impossível mas é verdade... Eu, que proclamo gostar de literatura "da pesada", que não tolero "leituras de verão" porque são ligeiras e insípidas, e que tenho alergia aos grandes sucessos, eis-me a ler Margarida Rebelo Pinto, a nossa escritora mais genial e romântica, na opinião de uns; e a mais fútil e socia-light, na opinião de outros. Foi a Belinha quem me trouxe dois livros da dita: o supracitado e o "Não há coincidências".
Apesar de gostar mais do título do segundo, a leitura da sinopse assustou-me um bocado. Aparentemente, é a história de uma mulher que namorou com X, teve um caso com Y, anda enrolada com Z, dá umas voltas com Fulano e tem um caso mal resolvido com Sicrano... Enfim, uma monumental salgalhada! Pelo que me atirei à leitura do outro...
A história é pobrezinha. Na verdade, arrisco-me a dizer que nem história há. O livro é, todo ele, um emaranhado de monólogos e introspecções de três mulheres completamente diferentes, tristes e frustradas. Não existe acção. Apenas tristezas e culpas, revolta e angústia, ciúme, solidão, ocasionais alegrias...
Apesar de já ter ouvido falar muito nele, só agora compreendo o conceito de "literatura light". Não nos dá nada; não nos "engorda". Brinda-nos com frases melodiosas e profundas, que nos fazem descolar os olhos da página e pensar que bem que aquilo encaixa na nossa vida e resume certos sentimentos complexos mas, capítulo após capítulo, não aprendemos nada, não encontramos um fio condutor que nos faça tentar adivinhar o que virá a seguir ou imaginar o desfecho que gostaríamos para a história. No fim, vão perguntar-me se gostei do livro e sobre o que era e eu vou ver-me à rasca para responder porque, basicamente, aquilo é sobre coisa nenhuma. Dá a ideia de que ela se sentou e foi escrevendo "ao correr da pena", sem ter muito clara a ideia do que viria a seguir...
Decerto não vou ler o outro livro dela que tenho em minha posse porque gosto de livros que me ensinem algo, que me mostrem um mundo diferente daquele onde vivo, onde descubro uma filosofia de vida mais nobre, um sacrifício redentor, uma sabedoria insuspeita, uma acção envolvente, frases bem feitas e sonoras que me façam pensar e voltar atrás para as ler uma e outra vez, romances arrebatadores e com finais grandiosos, não necessariamente felizes.
Esta é uma história que o vizinho do lado podia ter escrito ou vivido. É uma história de gente como nós e, se calhar, é por isso que agrada a tanta gente. E é definitivamente por isso que me desagrada a mim, porque eu exijo mais dos livros que leio. Assim a ser, anda por aí muito blogger que podia imprimir uns posts e ganhar uma pipa de massa...
Hum... Estou a ficar cá com umas ideias... =)

3 comentários:

  1. Olha... isso é que era! Tu ainda ganhavas uns bons trocos e olha que tens aqui textos que são daqueles que se lê e voltamos atras para ler novamente!
    Relativamente a esta senhora, confesso que nunca tive a minima vontade de ler um livro dela, exactamente por achar que o que escreve "qualquer um" pode escrever... tenho aqui uns quantos livros pra ler, uns que comprei, outros que me ofereceram... vou acumulando ali na prateleira da estante, e vou lendo à medida que vou necessitando! E sim, a leitura é algo de que necessito, por isso na minha mesinha de cabeceira tenho sempre 1 livro! Ultimamente estou mais virada para José Rodrigues dos Santos ou Augusto Cury... sinto que aprendo mais "qualquer coisa" coisa esses senhores!

    Beijinhos*

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  2. Os livros são mundos paralelos maravilhosos onde nos é fácil entrar e esquecer o mundo real onde vivemos. Basta abri-los e temos um novo amigo, entramos numa nova história, na cabeça de alguém. Ler é necessário!

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