Pus-me a pensar, assim vindo do nada, nas razões que me fizeram perder os dois amigos de longa data que tinha... Dei-me conta que perdi um porque ele deixou de gostar de mim como eu era. E o outro porque ele passou a gostar de mim mais do que seria suposto. É um atrofio dos diabos... Eu nunca estou contente...
27/10/2010
18/10/2010
Piropo
Que alegria... Vou ao facebook e tenho à minha espera a seguinte mensagem de um desconhecido que responde pelo apelido "Barradas" (Marquito, deve ser teu parente. E, a brincar a brincar, aqui tens a primeira referência a ti no meu blog) =D
Dizia eu, a seguinte pérola:
"ola B es uma mulher fantastica que quase destruistes a minha pupila ocular"
Assim. Mai nada. Poesia pura.
Vou andar bem disposta o resto dia, depois disto...
Um piropo por dia, só eu sei o bem que me fazia...
Dizia eu, a seguinte pérola:
"ola B es uma mulher fantastica que quase destruistes a minha pupila ocular"
Assim. Mai nada. Poesia pura.
Vou andar bem disposta o resto dia, depois disto...
Um piropo por dia, só eu sei o bem que me fazia...
16/10/2010
Alguém que me cale.
Sou um anjo. Sou como acho que toda a gente deveria ser para que o mundo fosse melhor. Sou convencida e cheia de mim. Tenho sorrisos fáceis e orgulho-me disso. Não porque ria sem ter vontade mas porque consigo achar graça em tudo. Sou leve e ligeira. Não me imponho. Não agrido. Sou como um poço com água que, se ninguém lhe mexer, mantém-se eternamente inerte mas que, quando tocado, ainda que muito levemente, reverbera a vibração durante longo tempo... Reverbera, remói, revive. Museus vivem do passado. Também eu sou museu porque valorizo mais o passado do que o futuro. O passado eu sei, eu sinto, eu recordo. O futuro é como uma sombra, sempre presente, sempre prometedora, mas que é inútil perseguir ou tentar agarrar. Ninguém corre atrás de sombras. O futuro é imaterial. Sou hedonista e carente. Orgulhosa como o raio. Agridem-me e eu não vejo; não tenho habitualmente uma posição defensiva; gabo-me de não ter fantasmas e de acreditar que o Homem é um ser naturalmente Bom... Inevitavelmente, alguém vem morder-me os calcanhares quando menos espero. Aí, tinjo-me de nódoas que não saem. Faltas de carácter, traições, oportunismos: não esqueço. Reverbero, remoo, revivo. Sou requintada no odiar. Não agrido; não me defendo; não tiro satisfações. Observo e anoto mentalmente. Até onde vai a baixeza humana...! Acredito em Deus mas fecho sempre bem a porta do meu carro. Sou picuinhas com o tempo. Não gosto de esperar os outros; odeio que tenham de me esperar a mim. Não sei definir a cor dos meus olhos. A minha mãe diz que tenho mãos de parteira. Apanho nódoas negras com uma facilidade absurda. Tenho a mania de usar palavras caras. Irrita-me a obtusidade crónica. Gosto do sabor do limão. Gosto de ombros largos e mãos grandes. Gosto de andar descalça e de roupas largas. Tenho um talento especial para matar plantas e peixes (sem ser de própósito, claro). Tenho uma cicatriz no fundo da perna esquerda. Um sinal sobre a linha inferior das pestanas do olho direito. Alguém que me cale...
15/10/2010
"Pièce de résistance"
Estou de folga. Durmo até às 10h, tomo o pequeno-almoço enquanto vejo o mail e, por volta das 11h30, vou à Segurança Social (que incursão mais deprimente...).
Quase a chegar lá, num passeio estreito, com um corrimão que impede as pessoas de descer para a estrada, atraso o passo porque vai à minha frente uma senhora muito velhinha, curvada ao peso de dois sacos que leva nas mãos. Inesperadamente, a senhora pára e pousa os sacos; aproximo-me dela e digo "dê-me licença, se faz favor"... Mas a senhora dá um salto, deita uma mão à parede para se tentear, e a outra à cabeça e diz "ai, Nossa Senhora, que susto...". Fico logo toda atrapalhada, "a senhora desculpe, não era minha intenção...". E a velhinha, toda a tremer, a dizer "não se preocupe, menina... Foi só um susto. Eu parei porque venho cansada e os sacos são pesados...". Perguntei à senhora se precisava de ajuda para os carregar. Ela morava logo no prédio adiante, por isso eu nem tinha que me desviar muito do meu caminho... Lá agarrei nos sacos e fui devagarinho com a senhora até ao prédio, subi no elevador com ela e deixei-lhe os sacos à porta. Enquanto isso, a senhora conta de onde vem, o que traz nos sacos, que daqui a dois meses faz 90 anos, que tem um filho, com 62 anos, doente, em casa, e que quase não se mexe...
Despedi-me da senhora e vim embora a pensar que bem posso deitar-me a dormir porque o meu dia já foi produtivo, que já valeu a pena ter-me levantado e que foi uma qualquer intervenção do Big Boss lá de cima que possibilitou que eu estivesse lá, naquele momento... Foi a "pièce de résistance" do meu dia...
E agora estou a pensar como foi tão fácil esta senhora, que nunca me tinha visto, confiar em mim para a acompanhar à porta de casa e dizer-me que está sozinha, com um filho de cama... Como é fácil os nossos velhinhos, na sua fraqueza, confiarem nas pessoas que lhes estendem uma mão e que, tantas vezes, vezes de mais, são mal-intencionadas...
Despedi-me da senhora e vim embora a pensar que bem posso deitar-me a dormir porque o meu dia já foi produtivo, que já valeu a pena ter-me levantado e que foi uma qualquer intervenção do Big Boss lá de cima que possibilitou que eu estivesse lá, naquele momento... Foi a "pièce de résistance" do meu dia...
E agora estou a pensar como foi tão fácil esta senhora, que nunca me tinha visto, confiar em mim para a acompanhar à porta de casa e dizer-me que está sozinha, com um filho de cama... Como é fácil os nossos velhinhos, na sua fraqueza, confiarem nas pessoas que lhes estendem uma mão e que, tantas vezes, vezes de mais, são mal-intencionadas...
10/10/2010
Amantes e Amados
"É por esta razão que muitos preferem amar a ser amados. Quase toda a gente quer ser o amante. E a verdade nua e crua é esta: no íntimo, o facto de ser amado é intolerável para muita gente. O amado teme e odeia o amante, e pela melhor das razões. O amante quer sempre mais intensamente ao seu amado, ainda que isso lhe cause somente dor."
É um excerto do livro "A Balada do Café Triste" de Carson McCullers.
Ainda não acabei de ler, mas o livro é mínimo e já não deve demorar. Ignoro o fim mas está a dar-me imenso prazer lê-lo...
06/10/2010
Sinestesias
Ontem estive a ver aquele programa da 2, "Bairro Alto". Desta vez a convidada era Joanne Harris, essa escritora maravilha, que tem títulos deliciosos como "Chocolate", "Vinho Mágico", "Cinco Quartos de Laranja" ou "Sapatos de Rebuçado"...
A entrevista foi agradável e enriquecedora. Descobri que a Sinestesia, além de uma figura de estilo que se aprende nas aulas de português (para os mais esquecidos, é a mistura de sensações), é também um distúrbio que afecta algumas pessoas ao nível da sua percepção do mundo.
Basicamente, um sinestésico pode ser capaz de cheirar ou ouvir uma cor, sentir fisicamente um som, tactear uma textura olhando para um objecto, saborear uma forma, identificar alguém não pelo nome mas pela sua cor...
Até certo ponto, isto pode ser um pouco perturbador: sermos invadidos por uma avalanche de sensações de tal forma que a nossa percepção real, ou então a considerada "normal", dos objectos seja distorcida. Assim, quando um sinestésico sente um cheiro, ele não sabe se esse cheiro "existe"ou se é apenas ele que o sente derivado à visão de uma cor ou som de uma música.
Mas, por outro lado, não será algo de maravilhoso ter a percepção apurada desta forma? Já imaginaram a quantidade de experiências sensoriais que estas pessoas têm? Como o imaginário é muito mais rico? Como as memórias são mais fortes e intensas?
Eu adorava poder ouvir o som do azul. Ou sentir o cheiro do vermelho. Ver números e letras sempre a cores. Tactear uma música. Cheirar o nome de alguém...
Quando for grande, quero ser sinestésica...!
(E é por estas e por outras que a sabedoria popular diz "tem muito cuidado com aquilo que desejas...")
02/10/2010
Só um pormenorzinho...
Já viram aquele novo anúncio da EDP, com aquele actor português muito sexy...? De certeza que já... Se não, podem ver aqui...
Acho que está delicioso e não é só por ter o dito actor.
A dada altura, diz ele: "gosto de ti; amo-te muito; quero-te tanto...". E, sempre que ouço isto fico a pensar que o "amo-te muito" é aquilo que toda a gente gosta de ouvir; é o elogio supremo. Mas o "quero-te tanto" dá-me arrepios.
Um "amo-te" é doce e aconchegante, mas um "quero-te" tem picante e vibrações eufóricas. O amor é conhecimento e aceitação. É espontâneo. Mas o querer é consciente e fundamentado. E, ainda assim, selvagem.
Eu amo quem amo, sem escolher... mereçam ou não... Mas só quero quem quero.
A-ha!!! E enquanto escrevo, lá aparece o dito na TV. Isto é um sinal divino, ou quê??!
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