...mas não muito... q.b. =)
31/08/2011
27/08/2011
(Anti-)Heróis
Já se puseram bem nos nossos Heróis?
Não falo dos Super, que voam, têm força sobre-humana e visão raio X. Falo dos Heróis dos romances que lemos, das novelas que seguimos, dos filmes e séries que vemos e das músicas que ouvimos. São Heróis completos, íntegros e altivos. Inteligentes e especiais. Só eles é que vêem certas coisas, só eles é que actuam de determinada forma. Corajosos. Mesmo que o género seja a comédia e, a princípio, pareçam tão corajosos como o Scooby-Doo, que foge mal imagina um fantasma, a determinada altura irão revelar-se valorosos e ousados lutadores pelos seus ideais.
São ou não são todos assim? Mesmo os anti-heróis, que as professoras de Português tanto nos martelavam; mesmo esses tinham um charme e encanto irresistíveis, uma teimosia e obstinação que se confundiam com perseverança, uma maneira sensual de suportar as dores estóica e pacientemente, e uma força interior absolutamente surreal.
São estes os nossos Heróis.
E é por causa destes altos exemplos que nós rastejamos tantas vezes, confrontados com as nossas limitações.
Se eu criasse um Herói, ele haveria de ser desajeitado e molengão. Convencido e egocêntrico. Haveria de ser hipocondríaco, tremer ante a simples ideia de sentir dor; ser inseguro e mesquinho, desatento aos pormenores, muito pouco perspicaz, sofrer de verborreia e de um tique nervoso qualquer. Haveria de acordar a meio da noite com baba a escorrer pelo canto da boca e ter sujidade entranhada nos cantos de difícil acesso das unhas; ser casmurro e orgulhoso, muito pouco altruísta, ter humor flutuante e fazer a vida negra a todos os desgraçados que com ele se cruzassem. Haveria de ser prepotente e autoritário, disfarçando isso com uma máscara de organização e capacidade de liderança extremas. Haveria de ser socialmente inapto e auto-comiserativo.
O meu Herói haveria de ser um cocktail-molotov de defeitos e incongruências. Só porque sim. Só porque, se houvesse um herói assim, seria mais fácil nós acreditarmos que seríamos também capazes de ser Heróis nas nossas próprias vidas, em vez de nos sentirmos personagens secundárias de quando em vez...
23/08/2011
Do I look like I care?
Chovia a potes, o céu rugia em trovoadas espectaculares e o mundo tinha escurecido, encolhido, pequeno ante a tormenta. Eu estava de sandálias mas tinha o coração cheio porque vi amigos e ouvi vozes de há muito tempo atrás. Cheguei a casa enregelada e esfomeada mas há algures uma foto, tirada no S. Leonardo, rodeada por nevoeiro, que regista e atesta a nossa ousadia. We didn´t care. I didn't care.
24 horas depois, amigos novos, de há pouco tempo, gozavam a sua primeira monumental borracheira e lá vou eu, armada em São Miguel Vingador, separá-los do rebanho tresmalhado, maternal e ameaçadora: "tens 20 segundos para te pores dentro do carro!". Talvez os vizinhos tenham visto, talvez tenham comentado... Mas, mais uma vez, do I look like I care? Deixei-os em casa, e voltei sozinha para a minha, a pensar que não mando nem decido nada. Eles tocam. Todos eles. Tocam e eu danço.
"O Bom Inverno", de João Tordo
Gostei, porra... Gostei muito. Este jovem tem toneladas de criatividade... e desconfio que vibrou com a Saga SAW. Mas mais não digo. =)
Hum... mas talvez diga mais qualquer coisa... É extremamente assertiva, a escrita de João Tordo. Limpa, directa, mas muito vívida. Todas as suas personagens têm algo de fascinante e misterioso. É um tipo de romance negro, daqueles que hoje já ninguém considera nada de extraordinário, por ser uma fórmula tantas vezes repetida e reproduzida no cinema, mas que ele soube misturar de forma genial e rechear de pormenores encantadores.
A coisa evolui em crescendo, e vai crescendo cada vez mais, de modo que as últimas 70 ou 80 têm que ser lidas de uma assentada, ou não conseguiremos concentrar-nos em mais nada, tal é a tensão...
Caso queiram saber mais, podem sempre ler a Sinopse porque, para variar, esta foi bem escrita e serve perfeitamente para nos espicaçar a curiosidade na medida certa, guiando-nos no bom caminho para uma iniciação à trama, sem usar artíficios de publicitário que depois se revelam inadequados...
17/08/2011
Eu... abusou.
Foi um abuso... Abusei da boa disposição... Abusei da euforia, da alegria, da companhia de todos. Dancei com todos(as) os(as) desgraçados(as) que tiveram o azar de me aparecer à frente, ri até me doerem os maxilares, estiquei a resistência até sentir doer o corpo e vim para casa às 7h da manhã... Tivemos um momento particularmente bonito, em que brindámos com a primeira cerveja da noite, desejando estar ali novamente, naquele ambiente, com aquelas pessoas, dali a um ano. Cursos terminados, trabalhos estáveis, felizes, um pouco mais ricos... ou talvez não. Mas que estivéssemos juntos! E abusei escandalosamente, rodopiei entre braços amigos e ri sob olhos optimistas.
Foi um abuso chegar tão tarde (ou cedo) em dia de almoço com a família cá em casa... e procissão ao fim da tarde...
Andei sonâmbula e insensível durante os últimos dois dias, dava por mim a contar a mesma coisa à mesma pessoa mais do que uma vez, a não me lembrar se já tinha falado com a minha mãe ao telefone, a fechar os olhos involuntariamente onde quer que estivesse, a ter frio e calor alternadamente... Hoje acabou, oficialmente. Para acabar em grande, regateei uns ray-ban estilo aviador roxos que valiam 30€ e eu trouxe-os por 15€...
Abusei. E a ressaca há-de vir. Não sei como me vou levantar amanhã para a partidinha de ténis que, estupidamente, marquei para as 10h30. Mas não é só o cansaço que temo. Temo também a solidão. Porque, logicamente, a solidão pesa mais depois de nos termos sentido acompanhados. E o abandono grita alto nos primeiros momentos em que os nossos ouvidos, já habituados ao ruído, encontram alguma calmaria. Vou dormir...
14/08/2011
14 de Agosto
...e é isso... Estou contente, bem disposta, expectante e, sobretudo, em paz. Porque o dia de hoje traz sempre uma trégua, uma anestesia. Por horas esquecemos pecados antigos, esquecemos que crescemos e deixámos de nos conhecer e sabemos viajar no tempo e brincar e viver o 14 de Agosto (a noite mais especial das festas cá da terra) como fazíamos antes de tudo, há anos, há eternidades.
No ano passado escrevi sobre a Ressaca. Pois bem... Ela há-de vir, novamente.
Mas hoje é 14 de Agosto, é a noite da borracheira... Botaaaaaaaaaaaa!!!
05/08/2011
Evolução
É lenta e gradual. Se observada de perto, todos os dias, passa facilmente despercebida mas, se não pensarmos nela, surpreende-nos ao fim de algum tempo.
Vejam o meu caso... Eu tinha faltas de ar quando me passava pela cabeça que, em algum momento, alguém me teria desejado mal, amaldiçoado, odiado, apontado defeitos, pensado ou comentado o quão intratável sei ser. E andava permanentemente num frenesim de auto-aperfeiçoamento e adaptação... e tinha muitos ataques de asma.
Agora ouço que falam e comentam e coiso... O meu humor flutuante, as minhas mesquinhices egocêntricas, a minha pseudo-omnisciência... E não me ralo.
Porque, pela primeira vez, não questiono os meus impulsos e motivos, porque confio no meu poder e na minha Razão.
E sabe bem... Sabe infinitamente bem.
Eu sou "O Louco".
Impetuoso e imprudente. Irreflectido e perturbado. O que dança diante de olhos acusadores e cuja exuberância chega para camuflar a tristeza latente em tudo e anular bobos e carrascos.
03/08/2011
"Valete de Copas e Dama de Espadas", de Joanne Harris
Hum... gostei...! Eu não li "Chocolate", mas li "Vinho Mágico" e confesso que aquele lado fofinho da Joanne Harris é fofinho mas não me seduz nem encanta... Acho que ela tem uma capacidade genial para criar ambientes góticos, obscuros e arrepiantes... Foi o que me atraiu n' "O Rapaz de Olhos Azuis" e foi, sem dúvida, o que gostei neste romance. É um emaranhado de vícios e culpas, personagens sedutoras com personalidades sombrias e retorcidas, uma pitadinha de magia, oculto e experiências sobrenaturais, sem chegar ao absurdo do exagero que, tantas vezes, me desinteressa. Tem tudo na medida certa. Gostei imenso.
É a história de Henry Paul Chester, um pintor frustrado, com um passado muito especial, que se encanta por uma criança, que usa como modelo e com quem, mais tarde, casa. Effie, por seu lado, vive desde a sua infância sob a influência e controlo obsessivo daquele homem, que começa por amar, mas depressa passa a desprezar pela personalidade sinistra e fria. Conhece, então Mose Harper e Fanny, duas personagens fascinantes mas traiçoeiras que têm um interesse obscuro em a ajudar a libertar-se do domínio de Henry... E está lançada a teia fatal!!! A-ha-ha...!
Pronto, esta parte final foi um bocadinho exagerada, mas o livro faz lembrar um bocadinho aqueles ambientes cinzentões do Tim Burton. É fascinante.
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