...de camisola verde.
Como se não importasse o tempo ou o frio. Demorei os passos e deixei que a primeira chuva me apanhasse. Como sinal de boas-vindas. O ar encheu-se imediatamente daquele cheiro que todos conhecemos como "cheiro a chuva", embora os cépticos teimem "mas a chuva não tem cheiro!". O nariz gelou e os óculos ficaram cheios de gotas gordas... Não me aborreci. Era como olhar o mundo e a noite consumadamente feia por um caleidoscópio. Toda a gente fugia, de caras fustigadas pelo vento, ostentando um jornal ou simplesmente a gola do casaco contra o aguaceiro que se impunha, à força de gotas pesadas e carregadas de urgência, como se lá dos altos tivessem ouvido os gemidos da terra que crestara todo o Verão. Todos se apressavam em direcção aos umbrais protectores das portas... e eu atrasei o passo, em desafio à intempérie e ao medo dos outros. Não tive receio que me julgassem tola. Eu era Briseis à chuva... de camisola verde. E, por um momento, imaginei que o povo amedrontado abandonava os abrigos e vinha juntar-se a mim, e dar à chuva mais para molhar. Não vieram, é claro. Fui Briseis sozinha à chuva... sozinha com a minha camisola verde.