...de camisola verde.
Como se não importasse o tempo ou o frio. Demorei os passos e deixei que a primeira chuva me apanhasse. Como sinal de boas-vindas. O ar encheu-se imediatamente daquele cheiro que todos conhecemos como "cheiro a chuva", embora os cépticos teimem "mas a chuva não tem cheiro!". O nariz gelou e os óculos ficaram cheios de gotas gordas... Não me aborreci. Era como olhar o mundo e a noite consumadamente feia por um caleidoscópio. Toda a gente fugia, de caras fustigadas pelo vento, ostentando um jornal ou simplesmente a gola do casaco contra o aguaceiro que se impunha, à força de gotas pesadas e carregadas de urgência, como se lá dos altos tivessem ouvido os gemidos da terra que crestara todo o Verão. Todos se apressavam em direcção aos umbrais protectores das portas... e eu atrasei o passo, em desafio à intempérie e ao medo dos outros. Não tive receio que me julgassem tola. Eu era Briseis à chuva... de camisola verde. E, por um momento, imaginei que o povo amedrontado abandonava os abrigos e vinha juntar-se a mim, e dar à chuva mais para molhar. Não vieram, é claro. Fui Briseis sozinha à chuva... sozinha com a minha camisola verde.
Ainda apanhas uma gripe, mulher!
ResponderEliminarA chuva mais bonita de sempre, foi uma que aconteceu na Jornada Mundial da Juventude em Madrid. Eram 10 da noite e desabou uma tempestade como poucas vezes vi.Os 2 milhões de jovens que ali estavam não arredaram pé. Alguns nem fizeram questão de se abrigarem. Permaneceram de pé de olhos fechado e de braços erguidos.Foi muito bonito...Desde esse dia, sempre que chove muito lembro-me desse momento.
ResponderEliminarB lembro-me de umas férias que passei em Espanha num parque de campismo em que me ri à farta com a atitude das pessoas perante uma enxurrada enorme. Que caras tinham! Andei a desmanchar a tenda com um saco plástico na cabeça e, enquanto isso, ia observando os vizinhos. Havia um casal perto de nós que não paravam de discutir, só porque estava a chover e segundo ela estava melhor em casa que ali a apanhar aquela chuvada. Um dia inesquecível.
ResponderEliminarB puseste a camisola verde a secar? :)
Beijinhos
Leoamiga
ResponderEliminarCom chuva ou sem chuva, foi uma ganda joga! Ninguém nos pára! E tu com a tua camisola verde: bué da fixe!
Qjs
Matador, chuva desta não dá gripe! Só aquela da qual fugimos... =)
ResponderEliminarFabi, já tinha lido e ouvido falar sobre isso mas até me arrepiei a ler a tua descrição... =)
Brown Eyes, a chuva proporciona sempre momentos especiais... Sem dúvida que esse foi muuuuito cómico! Ah, e a camisola secou num rápido, sim... =)
Ferreiramigo, sempre atento aos pormenores leoninos! =)
A coragem de vestir uma camisola verde e andar à chuva não é para qualquer uma :)
ResponderEliminarADOREI!!!
beijinhos
Obrigada, Fê, sua querida! =)
ResponderEliminarE depois? Cêgripe, aposto.
ResponderEliminarJohnny, nada disso! só a chuva da qual fugimos nos provoca gripes e mal estar! Quando a recebemos de braços abertos, ela acarinha-nos sem nos fazer mal! =)
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