11/11/2011

Zénite



Neste momento, neste preciso e saboroso momento, eu sou a pessoa mais forte, confiante e tranquila à face da terra. Apenas neste momento. Mas mesmo sendo este um estado tão frágil e passageiro, é impagável a sensação de plenitude que trago comigo. Porque me vi angustiada e exausta com pessoas e situações e, incapaz de tolerar mais fosse o que fosse, murmurei um "chega!", finquei pé, fiz cara feia e, pedindo desculpas e tremendo por todos os lados, estava até disposta a partir a louça toda, se fosse preciso. Mas não foi. Reconheci, lá pelo meio deste turbilhão que me sacudiu os nervos e fez tremer as mãos e a voz, que tenho uma incompatibilidade crónica com quase toda a gente que de alguma forma aprecio ou admiro. Reparei que quanto mais gosto de alguém mais tendência tenho para discutir e me enervar... Aliás, atrevo-e a dizer que praticamente só discuto com quem gosto. É que só com essas pessoas é que vale a pena. Pessoas indiferentes não merecem a minha revolta, a minha vontade de as repreender e corrigir, para melhor se adaptarem a mim e às minhas exigências desvairadas e incoerentes. Por fim, aprendi a sensação de cortar amarras, cortar com o velho, o gasto. Mesmo que seja a única coisa que nos é familiar e segura. Eu estava a precisar, mais do que nunca. Cortei amarras e fiz-me ao largo. Não sei bem se encontrarei outra praia ou se a corrente me vai arrastar de novo, indefesa, para o ponto de onde vim. O futuro dirá. E, neste momento, só neste preciso e saboroso momento, olho para ele sem medo.

8 comentários:

  1. São bons esses momentos mas, infelizmente, não os consigo prolongar muito
    Bom domingo

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  2. Amiga,não sei se este texto é utópico ou não,mas sei que existem pessoas que pensam exatamente desta maneira, e não entendi nem entendo o parágrafo: ...
    ***Pessoas indiferentes não merecem a minha revolta, a minha vontade de as repreender e corrigir, para melhor se adaptarem a mim e às minhas exigências desvairadas e incoerentes.***
    Me perguntei e me pergunto: por que as pessoas têm que se adaptar e não quem está desejando esta adaptação?
    Não seria o caso do exigente adaptar-se ao invés de esperar e brigar pela adaptação de outrem?
    É apenas uma reflexão!!
    abçs e muita paz.

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  3. Leoamiga

    Quero felicitar-te: não é de todos os dias olhar para o futuro - sem medo. E basta.

    Qjs

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  4. Caro Carlos... por não os conseguirmos prolongar é que são tão saborosos quando os conseguimos! =) boa semana!

    Soninha, o que quero dizer é que, por mais que gostemos de alguém, há sempre diferenças entre as pessoas. E que ambas, não apenas eu, precisamos mudar e adaptar-nos para melhor nos entendermos. E este esforço só vale a pena se a pessoa em questão for uma boa pessoa, tiver bons valores e seja capaz de nos ensinar algo. Se for algum traste, não vale a pena fazer esforço nenhum para nos aproximarmos... antes pelo contrário! =) espero ter esclarecido a dúvida!

    Caro Ferreira, é isso. Tão simples, e mais nada! =) obrigada!

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  5. Discutimos com elas porque sabemos que não fogem... por isso estamos à vontade. Claro que também lhe podemos chamar-lhe tomarmos as pessoas por certas (taking them for granted - numa definição inglesa mais correcta), importa sermos justos nessas discussões, se valem a pena e se estamos dispostos a ceder caso não tenhamos razão, para que isso não resvale muito. Eu, no meu caso, não corro riscos porque tenho sempre razão, mas nos outros... nunca se sabe :)

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  6. Johnny, os ingleses e as expressões deles são fantásticos! =) mas, tal como tu, eu também tenho sempre razão...lol por mais que não seja, tenho a minha.

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  7. B faz tão bem cortar amarras. Viver a discutir faz mal à saúde. Eu não discuto com gente que não gosto, passei a ignorar completamente. Isso revolta-as porque elas querem mesmo é picar e picam na traseira. Covardes! As que gosto? Havia tanta gente que eu gostava e não merecia. Se discutimos é porque nos fazem a vida negra e o melhor mesmo é afastarmo-nos. Assim sendo, há muito tempo que não discuto, ninguém me chateia. Dói no princípio mas passa, afinal percebemos que temos que gostar mais de nós. Fiz como tu e estou muito bem. Adoro paz e hoje tenho-a porque aprendi a pôr de lado o que me prejudica. Beijinhos

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  8. Brown Eyes, é preciso muita maturidade e sensatez para aprender a viver assim... aos poucos e, felizmente, não muito dolorosamente, venho aprendendo essa lição... =) beijinho

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