04/12/2011

Imaginei...

Um dia deixei o trabalho. Sentia-me embrutecer todos os dias desde há semanas, há séculos. O tão falado trabalho intelectual, mais apreciado, reputado, considerado, que o trabalho físico deixara-me esgotada e burra. Um caldeirão de intelectualóides, pseudo-geniais, cheios de si, que se acham o centro do universo nunca constou das minhas aspirações profissionais...
As folgas, há quem as passe de papo pró ar, a coçar micoses, mas eu tinha necessidade de polir, esfregar, reparar, abrilhantar tudo o que havia lá por casa. Não sou nenhuma fanática das limpezas, apenas da ordem harmoniosa que vem delas. Limpei toda a casa e absorvi a sensação apaziguadora que veio daí. No final dos trabalhos, ainda descontente, ofereci-me para passar umas peças de roupa à vizinha e fui tratar daquelas juntas da tijoleira da casa da minha irmã, que eram brancas e hoje são castanhas... De passagem, fui ainda ver se a minha mãezinha precisava que lhe lavasse a louça do almoço.
E, numa espiral vertiginosa de limpezas e desinfestações, fui alargando a minha esfera de actividade doméstica aos lares de todos os vizinhos e conhecidos.
Um dia, deixei o trabalho. Fiz-me empregada de limpeza e todos os dias as minhas mãos purificam ou reabilitam algo, todos os dias os milagre da transformação da mácula em asseio passa diante dos meus olhos. Limpar é catártico e tem até uma certa justiça poética, porque não há nódoa que não saia, se lhe aplicarmos toda a nossa energia e determinação.

7 comentários:

  1. Leoamiga

    Não há nódoa que não saia (menos ser do FêCêPê) e eu não venho mais aqui porque tu me ostracizaste. Nunca pensei que isso pudesse acontecer, mas a verdade vem sempre ao cima da áuga como o azeite.

    Tenho a certeza, certezinha de que não te tratei mal, de que não te ofendi, de que não te chamei nomes. Mas, factos são factos e tantas vezes vai o cântaro à fonte que...

    Muitóbrigado pela atenção que me deste, já lá vão uns milénios

    Apesar do pesar

    Qjs

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  2. Johnny, talvez... quiçá?! Mas, quando isso aconteceu, ela considerou a sensação apaziguadora e viva de quando tomou a decisão de abandonar o trabalho e, viciada nela, resolveu virar a página novamente. ...dedicar-se à pesca! =)

    Caro Henrique, se não vens mais aqui, então não vais ler o meu comentário ao teu comentário... mas ele cá fica... Deus nos livre de alguma vez nos termos ofendido ou chamado nomes que não os mais carinhosos, não é nada disso, não há espiga! Assim como também não julgo ser ofensivo o facto de ter reduzido a frequência com que visito certos blogues, o meu próprio, entre eles... Mas enfim, cá fico, pelo meu poleiro, à espera de absolvição! Saudações!

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  3. Precisava de que alguém assim passasse cá por casa.

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  4. Matador, pode ser que aqui e vizinhança não seja suficiente e o círculo se vá alargando... =)

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  5. podes vir cá limpar-me o quarto...
    ehehhehe
    e a cama e... enfim..

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  6. Otário, querido, depois de passar na casa do El Matador, vou ver o que posso fazer por ti... =) (esta afirmação tem toda uma conotação manhosa, se lida por olhos desprevenidos...lol)

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