31/07/2012

Eeeeeee... Qual é o melhor dia pra casar...outra vez?

Há um ano, isto.

Um ano volvido... Não passei parte do dia a cantarolar a música... Nem me lembrei muito dela... Mandei mensagem de aniversário ao "amigo que já não o era" e que continua a não o ser... Mensagem mais sã do que no ano passado, igualmente sincera... com uma indirectazinha assim muito pukanina e insignificante... Após levar o seu tempo a responder, a resposta, que eu esperava (tal como no ano passado) seca e indiferente, veio (tal como no ano passado) calorosa e reconfortante. Um "muito obrigado amiga B"... No ano passado fiquei meio sensibilizada... este ano, não fiquei de maneira nenhuma... o ar é que ficou mais respirável... =) 
E, só para que, tal como no ano passado, fique registado, a música no rádio era esta...




Coincidência gira, hem??

27/07/2012

E já é a segunda referência literária altamente erudita no espaço de uma semana... BAIXEM-SE!

Uma das maiores frustrações é a de saber que aqui onde estou é bom, mas há algures outra coisa a acontecer... e, mais além, outra ainda... Fora todas aquelas de que eu nem sei...
O Álvaro de Campos fumava umas coisas manhosas e sonhava com papoilas mas, quando aspirava a viver tudo de todas as maneiras, tenho que admitir... The dude's got a point...

24/07/2012

"Hotel Memória", de João Tordo

Não tenho a certeza mas acho que foi o primeiro romance publicado por João Tordo... Requisitei-o na biblioteca na esperança que fosse um pouco do que li n' "O Bom Inverno", o único livro que tinha lido dele até então... Encontrei, de facto, um pouco...

O livro é bom. Começa no mesmo tom confessional do narrador que fala na primeira pessoa (à semelhança do outro), a história tem um crescente de estranheza e mistério (idem), puxa para uma leitura quase compulsiva (idem), o estilo de João Tordo continua a ser límpido, directo e encantador (idem, idem, idem)... Mas, a dada altura, é excessivo. É excessiva a reviravolta, é excessiva a coincidência, são excessivos o terror e a dor, e excessivamente excessivo é o capítulo dedicado à viagem ao passado através das memórias escritas de um dos personagens centrais, entretanto falecido... É longo e, a dada altura, aborrece porque não se avista ao fundo o ponto onde essa história vai coincidir com a narrativa principal que, entretanto, ficou suspensa.
E, depois de tantas peripécias, enxertos de porrada e misérias, o regresso à normalidade parece ridículo... Os últimos capítulos são estranhos porque tudo o que foi extremo terminou e parece impossível haver vida normal depois disso. É claro que a há... na vida real isso acontece. Mas nós não estamos habituados a vê-lo. Como nos filmes, depois da grande provação, o nosso herói cheio de mazelas encosta-se, a descansar, sem acreditar que está vivo e depois tudo escurece com uma música suave ao fundo e, quando a luz regressa, já se passaram meses e ele está fino... Aqui, não... Aqui acompanhamos esse tempo de cura dolorosa e introspecção... E é estranho. É pouco credível... Gostei, mas não encantou. Tem um cheirinho de "O Bom Inverno" mas é bem evidente a maturidade que o João Tordo tinha alcançado quando escreveu este último.

23/07/2012

Para a "Adorable One"

Chego à conclusão que isto, isto tudo, a Vida, ou lá como lhe chamam, se assemelha terrivelmente a um bailado. Cada um tem o seu próprio ritmo e o seu próprio estilo a executar e tentamos, até à exaustão, fazê-lo coincidir com o do vizinho do lado, para não termos que enfrentar o terror do som e das luzes sozinhos. Estendemos a mão confiadamente, mas e se outra não estiver lá à  nossa espera? É difícil e desgastante encontrar uma sintonia como a nossa. Temos apenas uma de duas hipóteses: lideramos e esperamos que alguém tenha a humildade de se adaptar a nós, ou andamos nós esquecidos do nosso esquema e procuramos adoptar o de alguém. Queremos um parceiro. Alguém que esteja à espera que terminemos a volta para voltar a segurar-nos com força, não estarmos sujeitos ao escrutínio dos observadores que se encostam nos cantos...
Um tremendo bailado onde cada um ouve a sua própria música. Será legítimo condenar os que não conseguem ou não se esforçam por sincronizar a vida com a nossa?
Eu gosto mais de dançar sozinha. Só sei dançar acompanhada as músicas populares do 14 de Agosto. No mais, a perspectiva de ter um par deixa-me nervosa. É um par de olhos e de mãos e de pés, sabe-se lá o que mais, a quererem coordenar-se com os meus. Danço só, modestamente, sem picos eufóricos mas também sem pisadelas.
Como danças tu?

20/07/2012

Como o xisto negro absorve o calor...

...também eu tenho essa estranha propriedade. Acumulo calor todo o dia; não preciso apanhar sol directamente na pele, basta-me a temperatura do ar. Aqueço e acumulo. A minha pele, muito branca, ganha um tom avermelhado. Mais cor-de-rosa do que avermelhado, para dizer a verdade. E à noite o vento sopra perto do rio como uma bênção que a cada 5 segundos, em ondas, em vagas, vem acalmar-me o calor que sinto na pele. E eu destilo esse calor acumulado. Muito depois dos que me acompanham vestirem casaquinhos para esconder a pele arrepiada, eu continuo a emanar calor.
Esta anomalia tem algum conforto se eu pensar que sou como o xisto do qual falo todos os dias, no trabalho...
Da janela onde estou vejo o céu negro, tão negro que não se percebe onde acaba o monte e começa o céu, excepto pelo pormenor de que no monte há luzes amarelas a pontuar os caminhos dos homens e no céu todas as luzes brancas parecem ter fundido. Hoje não há caminhos celestiais iluminados...
Vejo uma esplanada onde já me sentei milhões de vezes, há anos, há eternidades, quando eu ainda não era Eu. Não invejo os que lá estão neste momento, felizes ignorantes daquilo que eu sei, que já vi, que doí. Há vozes e sons mas não invejo nada nem ninguém. Estou à janela, com as dores musculares que ganhei à custa do meu esforço, a ouvir músicas que compreendo, e cheira-me que vou ficar assim até o rabiosque ficar dormente!
Estou tão zen, tão contemplativa, que o Alberto Caeiro havia de estourar de inveja porque ao menos eu não tenho o rebanho para me chagar a cabeça.

19/07/2012

Ter uma mana mais nova...

...continua a ser maravilhoso... =)

Lembram-se desta?
Bem mais humilde mas, mesmo assim, adorável foi o presentinho de hoje que, segundo ela, estava lá no cantinho da loja mas como que a chamou e ela não resistiu! Teve que comprar porque sabe que aqui a je delira com os Angry Birds...


Não é fofinho??!
É uma bolsinha para o telemóvel, caso não seja evidente... e é felpudinha por dentro... e é verde. E faz pandam com a minha t-shirt Angry Birds...e tudo e tudo!

16/07/2012

"Os Malaquias", de Andréa del Fuego

Chamou a atenção pelo facto de ter vencido o prémio Literário José Saramago, à semelhança de José Luís Peixoto, Adriana Lisboa e João Tordo...
E gostei da sinopse também:

Serra Morena, Brasil rural. A casa dos Malaquias é atingida por um raio. Sobrevivem três irmãos. Nico é criado junto ao poderoso fazendeiro do Rio Claro, Julia é adotada por uma rica mulher árabe, ao passo que Antônio, o anão da família, se mantém junto às freiras no colégio. Num registo poético e cru, a escritora paulista faz-nos seguir o percurso de cada um dos irmãos, a sua tragédia sem lágrimas e a força interior com que enfrentam o destino. Um romance baseado na sua própria família que, atravessando três gerações, se alongou por sete anos até ser terminado.

É um romance pouco usual... Fez-me lembrar um pouco o estilo de Mia Couto, pelo tom cantado dos gerúndios e pelas situações pouco verosímeis... mas possíveis, ainda assim.
É delicioso de se ler no Verão, com descontracção. Só tem cerca de 250 páginas, o entrelinhas é enorme, o tamanho da letra generoso, os capítulos curtos... Dá prazer o próprio acto de ler, mais do que a própria história. É cru, é misterioso, é fantasia, é tanto que fica por dizer e conhecer.
É uma história do Brasil pobre e atrasado, das Fazendas, das crendices, dos três irmão que sobreviveram a um raio, mas que nunca conhecem até que ponto a sua vida nunca passou daí.

14/07/2012

Apetecia-me mesmo.... #11

...um dia chegar a casa e descobrir que forraste o chão de plástico-bolha, para os meus passos serem uma salva de fogo de artifício...

09/07/2012

(o título do post é o som que um qualquer suspiro profundo possa ter)

Há dias de apetite devorador e insano. Normalmente, acontecem quando não tenho em vista nada que me alimente.
E há dias de abastança e perspectivas fartas...em que o simples cheiro me revolta e o apetite dos outros me parece inexplicável, animal e primitivo.

Não falo de comida, note-se. Falo da própria vida. Das vontades, dos sonhos, das carências. Dos projectos utópicos, das realizações comezinhas... Dos outros, de todos. Do som e da velocidade. De um olhar escrutinador, de uma frase indiscreta, de uma presença constrangedora. Do cheiro de alguém.
É isto. Os dias de abastança e os dias de carestia. A infindável contradição e dilema que ensandece...
Quem me livra de mim??!

08/07/2012

"A Feira das Vaidades", de William Thackeray

Finalmente!!!
Andei mais de dois meses para ler isto...!
Devo reconhecer que, como relato histórico e documental da vida social da primeira metade do séc. XIX em Inglaterra, é notável. Há uma certa acidez e ironia, próprias da sátira, no retrato da sociedade hipócrita, que sacrifica o "ser" a favor do "ter" ou "parecer".
Talvez por ter sido escrito na época que foi, por um homem, ainda por cima... Um daqueles que se consideravam eruditos e iluminados, mais do que os outros, pelo menos... Talvez por causa disso, dizia eu, não é um livro de fácil leitura. A linguagem demasiado composta, de frases excessivamente longas e floreadas, dificulta a fluidez da leitura.
...Já para não dizer que o livro tem 703 páginas e, sem exagero, só muito para lá da 500º é que a coisa me pareceu ficar ligeiramente interessante,com ocasionais episódios mais empolgantes...
Enfim, é um clássico e coiso... Mas não me extasiou. Pelo contrário...
Entretanto, só para encerrar a coisa, vou ver o filme... Espero que seja um tudo nada melhor...

02/07/2012

"Em terra de cego..."

"...quem tem olho é Rei", dizem vocês.
"...quem não "os" tem no sítio é escravo", digo eu.

Pensem lá no assunto e vejam se não tenho razão...
Ando meio virada para a contestação à verdade instituída, não sei se já repararam pela leitura do post anterior e agora mais este...

01/07/2012

A Lua estava em Quarto Crescente

imagem retirada da internet


Toda a gente sabe que a Lua é mentirosa... Ensinam-nos, desde pequeninos, que ela nos engana. Quando tem a forma de um D, de Diminuir, está a crescer. E quando tem a forma de um C, de Crescer, está a diminuir.
E nós rotulamo-la de mentirosa, como fazemos com tanta facilidade com todas as coisas que contrariam as nossas conveniências. Mas, afinal, fomos nós que demos nome às suas diferentes fases. E chamamos-lhe mentirosa apenas porque não tivemos a sabedoria ou a capacidade ou a lembrança de lhes dar um nome de acordo com as suas características. Em vez de Crescente, podíamos chamar-lhe Desenvolvimento, Dilatação, Duplicação, Desdobramento ou Deflagração (gosto deste). À fase da diminuição, quando ela toma a forma de um C, poderíamos chamar Condensação, Contenção, Compressão... É certo que a forma que está em uso é muito mais fácil e prática, mas será que isso compensa o facto de se chamar alguém de mentirosa pelos séculos dos séculos??!