05/06/2013

Crise de identidade

 
Coisa nunca antes vista... Eu. A je... "muá méme", como dizem os franciús, ando um bocado tristonha porque não me reconheço.
Eu era uma série de coisas. Essas coisas definiam-me. E eu gostava de ser particular e estranha e ter hábitos e gostos e necessidades que mais ninguém partilhava ou entendia. Era a minha vontade de isolamento. Era a infinidade de livros que lia. Era as músicas que eu ouvia e que interpretava só para mim. Era a fileira de personagens imaginárias que me faziam companhia, desdobramentos da minha personalidade, ora afável e madura, ora traquinas e infantil. Era eu ser zen e hedonista e calma e animal de rotinas. Eu era singular e dizia sempre "eu". Era sempre disponível e não fazia parte de nada, porque não tolerava também que ninguém fizesse parte de mim. Andava pela casa com um apanhado de cabelo esquisito e saía à rua ora arranjada, ora com ar de esfregão... não importava a ninguém.
E hoje olho para trás e sinto certa nostalgia. Porque eu era inconfundível. Tinha inaugurado o meu próprio estilo de vida e gostava... Mas agora sou uma entre tantos outros; tenho alguém, como toda a gente; faço as mesmas coisas, tenho as mesmas necessidades e rotinas, dou a mão, como outros dão; digo "amo-te" como tantos outros dizem, há séculos...
Não estou arrependida. Não trocava o que tenho agora por voltar a ser quem era. Mas gostava dessa outra EU. Gostava de poder falar-lhe, daqui. Dizer-lhe: "não temas, pequenina. Tu és suficientemente boa, és suficientemente capaz, o que tens é belo e o que és é digno. E não vais ficar só para sempre. E morrer hoje ou daqui a 50 anos não é indiferente. E as músicas que ouves e que falam de perfeição não são utopia nem são só para outros. Tu vais tê-lo também. E vais saborear e o medo de cair não te vai paralisar. Este tempo é teu, e as coisas que tens são tuas. Aproveita-as. Ri. Virá o dia em que o teu tempo será partilhado e as tuas coisas serão divididas com outros por tua livre vontade. Não temas. Girl...you'll be a woman soon..."

5 comentários:

  1. ahahahah Nós vamos mudando muita coisa ao longo da vida e a vida também muda e nós adaptamo-nos. É bom estar apaixonada, dá felicidade e faz umas alterações na nossa maneira de estar que são benéficas. Beijinhos

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  2. Também me aconteceu o mesmo e fiquei assustada porque estive muito tempo no MEU mundo que era só MEU. Quando me apaixonei ficou tudo fora do lugar. O amor é violento =) Ainda hoje, passados 4 anos de namoro, sinto falta de ficar sozinha comigo...e com as "minhas" coisas. Mas também não trocava este desassossego por nada deste mundo =)

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  3. E quem é que te fez acreditar nisso tudo?

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  4. É...identifico-me bem com este teu texto... mas como diz a Fabi (e muito bem) o amor é violento... se não o for, se não mexer nada cá dentro... então não é amor.

    É bom amar... é bom sentir que somos amados... e eu tb não trocava este sentimento por nada... Acho que andamos todas "in love"... ;)

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  5. Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom,
    li algumas coisas folhe-ei algumas postagens,
    gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns,
    quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha.
    Que haja muita felicidade e saúde em toda a sua casa.
    PS. Se desejar seguir o meu blog,Peregrino E Servo,
    fique á vontade,repare siga só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.

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