22/10/2016

Ontem à noite fui caminhar... É a minha época favorita para caminhar, esta mais fria. Agasalho-me bem e sabe-me melhor caminhar com pressa durante 20 ou 30 minutos, perto do rio...
Fui sozinha, serena, e pensativa... E cheguei a mais uma conclusão em relação à ansiedade. Não só à minha, mas em geral. Cheguei à conclusão que, apesar de andar ultimamente bem, quando voltar a cair, porque é normal que em algumas situações eu fraqueje e caia... Quando voltar a cair, não será um regressar à estaca zero. Durante muito tempo vi as coisas dessa forma, como se o caminho percorrido entre uma crise de ansiedade e outra fosse uma escalada e, quando tinha uma crise mais forte e descontrolada, isso fosse uma queda na escalada, uma perda de altitude. Um retrocesso. Ter de começar outra vez. "estou há 35 dias sem crises. Hoje tive uma crise. Estou há um dia sem crises..." e recomeçava a contagem do início.
Tantos recomeços. Tantos retrocessos! Tantos fracassos.
Ontem percebi que não se trata de uma escalada. Nem sequer de um caminho, onde se pode recuar. Trata-se de aprendizagem. E, numa aprendizagem, nunca se volta para trás. Nunca se fica a saber menos do que se sabia. Tenho tido muitos dias de sucesso. Mas mesmo que venha um dia triste, ou de crise, eu tenho a sabedoria de já ter ultrapassado muitos iguais. Se mesmo assim hoje a emoção levar a melhor e eu não a conseguir controlar, eu tenho a sabedoria de já ter ultrapassado crises iguais antes. E não é esta "queda" que me vai fazer esquecer tudo o que já aprendi. É uma construção de experiência e nela nunca nada se perde, tudo se aproveita e ensina e faz crescer.

Pessoas ansiosas, ou depressivas ou com sindrome de pânico, não são pessoas fracas, ou desocupadas, ou loucas. São pessoas com um traço distintivo. Há pessoas com intolerância à lactose. Ou que não digerem o glúten. Nós somos pessoas que não digerem as emoções.
A maioria das pessoas sente a emoção, processa-a, toma uma decisão, age e segue em frente.
Eu, e tantas outras pessoas como eu, sentimos a emoção mas ela é tao forte, tao física, que não conseguimos facilmente processá-la, muito menos agir. Ficamos longos períodos na fase do "sentir". E é só esse o nosso problema. É só isto que nos faz infelizes. E é essa a aprendizagem que vamos fazendo, aos poucos.

6 comentários:

  1. Esse reconhecimento da aprendizagem contínua é um grande passo em frente. E não há recuo desse passo. Agora trata é de sentir mais as boas emoções. :)

    [obrigada pelo comentário tão gentil que me deixaste...] :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. "boas emoções", aí está um objectivo para eu perseguir, Luísa. Sobretudo a alegria e aceitação do presente, como o nosso Caeiro querido =)

      Eliminar
  2. B estou super satisfeita de saber que tu te sentes bem e quando isso não acontece sabes como ultrapassar. Todos nós passamos pela fase de aprendizagem e embora tenhamos personalidades diferentes, todos um dia passamos por momentos menos bons e tivemos que aprender a ultrapassa-los. Todos um dia caímos e, depois de tantas quedas, aprendemos a saltar obstáculos. Tu um dia conseguirás evitar o que te traz ansiedade e deixarás, definitivamente, de a sentir. Um beijinho grande.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mary, sou muito grata por todos os teus comentários e mensagens, que me dão sempre tanta inspiração e força! Um beijinho

      Eliminar
  3. Tem coisa melhor que caminhar pelas ruas da cidade a noite?
    Abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se a nossa consciência for boa companhia, não há mesmo nada melhor, Pedro! Um beijinho

      Eliminar