25/02/2010

Manhã chuvosa no Douro


Hoje o dia foi cinzento... Chuviscou um bocado e, em geral, esteve bastante nublado o dia todo...
E eu fiquei durante uns bons minutos parada a contemplar o efeito do sol por entre as abertas das nuvens... De espaço a espaço, o algodão espesso abria-se, deixando entrever uma nesga de céu um pouco mais limpo, por onde o sol espreitava. E, olhando para os socalcos verdes e castanhos, via-se claramente aquela mancha irregular de luz forte. Como se tudo à volta fosse cinzento e pesado e apenas aquele ponto tivesse sido poupado à escuridão, por uma qualquer piedade divina.
Mas havia vento, e as nuvens deslocavam-se. E, com elas, essas manchas luminosas. Então detive-me longo tempo a observar como aqueles pedaços de sol-e-luz-e-calor viajavam do alto do monte, e desciam atravessando vinhas, oliveiras, casas... E continuavam a descer, chegando finalmente ao rio, castanho e lamacento, das cheias. A cor castanha desaparecia então, e assumia um tom verde musgo. Apenas um pedaço, apenas o tamanho da janela aberta no céu. E a mancha luminosa continuava a viajar. Aproximou-se de mim. E envolveu-me também. Fiquei ofuscada por momentos. Quis olhar para cima, para ver o sol, tão tímido, tão resguardado, mas cegou-me. Em menos de nada, a mancha passou e ficou frio outra vez e fiquei novamente rodeada de cinzento. Mas já outra mancha descia o monte e o ciclo repetiu-se. Foi uma manhã linda.

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