03/03/2010

Muuuuuuuito deprimente

Ontem, ao voltar para casa com o Nando, à chuva, depois do trabalho, aparece-nos pela frente, vindo de lado nenhum, a cambalear desenfreadamente, um homem baixinho, com um cheiro absolutamente indizível a álcool, que se mantinha em pé sabe-se lá por que artes ou divina intercessão de algum muito competente e atarefado anjo da guarda. O homem aparece-nos assim e agarra-se que nem um afogado ao braço do Nando, balbuciando mil desculpas e o senhor não me leve a mal, e eu chamei um táxi e liguei à minha mãe, e tenho que ir apanhar o táxi mas não me leve a mal... O Nando lá acudiu: mas o senhor tenha calma, onde é que o táxi o vem buscar? À paragem do autocarro, respondeu o homem, sempre agarrado a ele e a tremer tanto que parecia que as pernas eram feitas de gelatina. A paragem ficava uns 30 m à frente mas, dadas as circunstâncias, essa distância era enorme... Ficámos uns minutos nisso. Eu, incapaz de dizer palavra ou esboçar um gesto. Finalmente lá aparece um táxi que pára mesmo junto a nós e abre o vidro. Pelos vistos era o táxi que o muito-bebido-senhor tinha chamado. O Nando lá o ajudou a chegar ao carro e apoiar-se na porta para falar através do vidro aberto com o taxista. E fugimos. Não faço ideia como é que o homem abriu a porta... Se chegou sequer a abri-la. Sei que o deixámos lá encostado a falar através da janela aberta e a chamar mãe ao taxista.
Foi do mais deprimente... E o pior, o que me afectou verdadeiramente, foi eu ter passado o tempo todo a pensar no meu pai. O homem falava como ele. E, pior, cheirava como ele. E por duas vezes eu olhei bem para a cara dele para ver se não era o meu pai, apesar de o sujeito ser bastante mais baixo...
Se calhar, um dia, vai ser o meu pai nesta situação. E eu não vou estar por perto para o amparar. Não quero. Nem posso. Far-me-ia mal.

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