Tu a convenceres-te de que não é bem assim.
Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro,
Tu a argumentares os teus inevitáveis.
Eras tu a dançar em pleno dia,
E eu encostado, como quem não vê.
Eras tu a falar pra esconder a saudade
E eu a esconder o que não se dizia.
Afinal quebrámos os dois, afinal...
Quebrámos os dois."
Eu e aquele meu amigo (o que já não o é), o mesmo desta situação aqui, e daquela outra acolá, tínhamos uma veneração especial pelo Tiago Bettencourt (o dos Toranja, que agora canta com os Mantha). Eu adoro a voz dele e acho que ele faz magia com as palavras, enquanto compositor... E sou capaz de jurar que tenho uma história na minha vida que encaixa que nem uma luva em cada uma das suas músicas...
E esta "quebrámos os dois" passou a fazer mais sentido ainda agora que tudo aquilo aconteceu entre mim e o meu amigo. Com a diferença que era eu quem dançava e ele quem permanecia encostado.
Porque eu desliguei-me. Deixei de o procurar. Deixei primeiro de lhe demonstrar que me importava e, agora, deixei de me importar mesmo. Tem grandes problemas, o meu amigo. De revolta, de prepotência, de egocentrismo (ele ficava doente quando lhe dizia isto)... E eu posso não ser a melhor pessoa do mundo, a melhor conversadora, a mais inteligente... Mas tinha em mim a firme certeza de que nunca o iria atraiçoar... A dada altura, não sei porquê, isso passou a valer zero. Mas já me passou.
E agora ele sorri para mim novamente. E fala-me. E parece-se muito com o que era antes. Mas eu já não sou a mesma. Não posso voltar a trás. Regredir.
Porque eu sou melhor agora. Porque eu era dependente dele e, quando me deixou, senti faltar-me o ar durante dias seguidos. Não posso voltar a dar esse poder a ninguém. Muito menos a ele, cujo humor muda como as marés.
A nossa história foi sempre atribulada. Ele sempre a dar-me para trás e eu sempre a insistir, sempre presente, sempre amiga. Um dia ele disse-me "às vezes penso que se não fosses tu, eu teria ficado sem ti".
Mas agora ficaste mesmo, querido amigo. Quebrámos os dois.
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