14/07/2010

Imaginemos...

...que Deus é o administrador de uma empresa (o Mundo, entenda-se...).
A conjuntura da crise afecta todo o planeta e, como tal, o divino administrador vê o seu caso muito mal parado (estou a pensar em tsunamis e aquecimento global e assassínios de baleias). Acontece que, além dos problemas de crise geral, o desempenho (ia escrever performance, mas o Português acima de tudo!) dos "trabalhadores da seara do Senhor" também não está muitas vezes no seu melhor... Vai daí, o Senhor precisa fazer uns ajustes... É necessário cortar nos recursos que se oferecem aos homens... porque quantos mais houver, mais se estragam e mais se agrava a situação da Organização... Cortando nestes elementos, torna-se indispensável "cortar" também nos recursos humanos, que consomem excessivamente os outros recursos todos.
E aqui a porca torce o rabo.

Quem é dispensável? Pensará Deus: "ora... este senhor já anda cá há mais tempo. Quer-me parecer que já deu o que tinha a dar. É necessário dar oportunidade aos novos... Por outro lado, estes mais jovens ainda não têm grande experiência e o seu vínculo é menos significativo. É mais fácil desfazer-me deles... Tenho carpinteiros e pedreiros que não posso dispensar porque a sua arte é útil. Mas também não posso cortar nos médicos e cientistas. É sempre necessário polícia e bombeiros para manter a ordem. Mas os professores são o passaporte para o futuro. Este diz que trabalha mais do que os outros dois juntos, que fazem pouco mas bem. Aquele ali, não sei porquê, mas gosto dele e não posso dispensá-lo porque sentiria que o mundo não estaria completo. Aqueloutro nem sei muito bem o que anda cá a fazer, mas os colegas apreciam-no e respeitam-no e haverá um motim se o mandar embora. Tenho uma série de limpadores de ruas de quem ninguém sentiria a falta, mas cheira-me que seria o caos se eles desaparecessem de um momento pra o outro..."


Resumindo, é uma embrulhada dos diabos. A quem cabe medir o valor das pessoas? Quem é que tem a capacidade de decidir com justiça os "pesos pesados" dos "pesos mortos"? Dá-me dores de cabeça pensar nisto...

4 comentários:

  1. Bem... este texto fez-me parar pra pensar.
    Normalmente "julgamos" sem pensar no que estamos a fazer. Avaliamos, atribuimos nota, dizemos o que é bom e o que não é... mas isso é tudo muito relativo. De facto, quem somos nóa para o fazer??! Seres humanos frios e calculistas??! Seres humanos que apenas pensam no seu bem-estar??! Começo a achar que sim! :S

    O Senhor nos ilumine para sermos justos...

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  2. Adorei!!!
    Acho que resume bem a sensação de corda ao pescoço em que muitas vezes nos deparamos ao longo da vida, seja em que situação for...
    E quem seremos nós neste mundo, os jovens, os velhos? Faremos falta?

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  3. Querida Ticy,
    infelizmente, o que conta tantas vezes nem é quem somos e se fazemos falta ou não. É o que somos para quem decide e se lhes faremos falta a eles.

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