30/07/2010

Vou hibernar só até isto passar...

Há dias em que conseguimos levar a nossa vida com ligeireza e graça... Em que nos sentimos bem e capazes e bonitos e os sorrisos são fáceis. Porque sim. Porque não?!
E há outros dias em que certas atitudes, mentalidades, palavras e reacções dos que nos rodeiam nos cortam as asas, nos fazem sentir medo de aparecer, de falar, de dizer mais do que devemos, de não fazer aquilo que "suas excelências" acham que deve ser feito. Há pessoas incapazes de aceitar, de tolerar, de compreender. Pessoas que levam tudo a peito e a mal, e um "olha, desculpa lá, prejudiquei-te mas tive que fazer isto assim" é uma ofensa mortal, premeditada e humilhante. Há pessoas que até aparentam boa índole mas que a vão deixando esmorecer ante os ataques gratuitos e impossíveis de responder à altura; tornam-se desconfiados e intolerantes e, à força de mostrar que abriram os olhos e não vão mais ser pisados, revoltam-se contra todas as ninharias, porque é por aí que o domínio maior começa...
Isto é um estupor de um ciclo vicioso onde não existe uma "terra de ninguém" onde se possam abrigar pessoas como eu. Eu gostava de resolver as coisas de outra maneira. Gostava que todos fossem frontais. Que não houvesse teorias da conspiração, alcoviteiras nem bufos nem vítimas nem carrascos.
Estou no ponto em que vejo alguém aproximar-se e no lugar das mãos vejo presas afiadas; os dentes, em vez de sorrirem, arreganham-se com ferocidade; a cabeça é um lugar obscuro onde as rodas dentadas da engrenagem rangem dolorosamente, congeminando mais uma traição, mais uma afronta, mais um cinismo.
Tenho medo desta gente. O território está todo marcado; há milhentos limites invisíveis que os mais incautos atravessam sem desconfiar no que se estão a meter. Ouço uma conversa agora e no momento seguinte vou perceber que o que foi dito tinha imensas ramificações discretas e venenosas, que se multiplicam que nem ervas daninhas.
Puta que pariu, que isto parece uma porra de uma máfia.
Deixámos de caber todos no mesmo sítio. O ar que o outro respira parece estar a ser roubado do espaço que me cabia a mim... Que esupor de cadeia alimentar. Raios partam isto tudo!

2 comentários:

  1. Eu ainda acredito que travar o crescimento dessas "ervas daninhas", começa por mim e por ti. O antídoto para esse veneno é a bondade...mesmo que com essa bondade saiamos feridos. O importante é manter a rectidão de espírito. Se me "arreganham os dentes com ferocidade" então eu responderei com um sorriso. Esta é a teoria, claro...Na prática o processo complica-se bastante. Mas é preciso tentar...

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  2. Querida Fabi, eu quero ser boa. Quero ser antídoto. Mas acabei por compreender que não se pode ser bom para todos. Só espero ter a capacidade e a resistência de ser boa para quem souber ser bom para mim.

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