Foi a primeira vez que li José Luís Peixoto... e que bela figura é o homem, diga-se...!
As críticas dos leitores dizem que é um livro um pouco difícil, principalmente se for o primeiro do autor que se lê. Por este motivo, em vez de o comprar, joguei pelo seguro e fui requisitá-lo à Biblioteca Municipal... E agora, que acabei, vou devolvê-lo e quando o encontrar (a bom preço) vou comprá-lo porque a minha estante não está completa sem este tesourinho de tamanho modesto e capa insuspeita... Seduziu-me completamente. Tudo! Forma e conteúdo. A narração é hipnotizante, vai-nos sugando a atenção e manipula-nos as emoções. Sentimos o calor na cara, o breu da noite, o cheiro do medo e do abandono, o cansaço dos dias. Era capaz de ficar sentada no chão, de braços e queixo pousados nos joelhos do narrador, só a ouvi-lo...
Começa por ser uma narração de uma história passada. Narrador distante, omnipresente e omnisciente... E, de um momento para o outro, tudo muda, e ele passa a ser participante e dirige-se a nós, que o lemos. Trata-nos por tu! É deliciosa esta transição, não é confusa, não é de mau gosto, não é um artifício de alguém sem originalidade...
Adorei conhecer o Ilídio, o Cosme, a Adelaide, o Josué e o Constantino... Podiam ser o Pedro, o João, a Maria, o José e o António, mas não. São Ilídio, Cosme, Adelaide, Josué, Constantino.