13/10/2011

Visita à Invicta

Mal entrei no comboio, deu-me vontade de escrever. Não tinha o computador comigo. Nem sequer um mísero bloco... Então agarrei em alguns talões do multibanco que, dadas as circunstâncias, teriam que servir...


Estações de Comboio são lugares admiráveis. É sempre comovente ver os que partem serem acompanhados pelos que ficam. Tristeza de uns, saudade de outros. Ou então alegria e inveja, respectivamente. Os momentos antes da chegado do comboio, de excitação. O ar que se respira frio e novo. Depois, o embarque, a confusão. Tomados os lugares, o clímax: o acenar, os últimos sorrisos atirados. Mulheres que acenam aos maridos, jovens militares que se despedem das namoradas como se estivessem prestes a embarcar para África, novamente. E, depois, o momento em que a carruagem arranca, invertendo tudo: um momento de protagonismo na linha central da estação, por um comboio anónimo a circular num linha perdida no meio de nenhures. E as pessoas, amadas e olhadas com olhares amantes lá de fora, de repente convertem-se em estranhos partilhando a mesma carruagem e o mesmo ar.
Era aquele o momento que mais me doía e prolongava-se um pouco, enquanto o comboio percorria a cidade. E depois afastava-se. Até que, numa curva do monte, deixava de se ver completamente. Aí era o vazio. Só o rio permanecia visível. O rio que era como um fio que eu sabia que ia dar à minha terra. À minha casa.


Este post é para a Quelinha; motivo da minha visita e companhia em tantas viagens iguais.


Texto original postado a 10 de Março de 2010, repostado para a Fábrica de Letras, tema do mês de Outubro: Viagens.

7 comentários:

  1. Excelente participação. Fez-me recuar no tempo em que fazia viagens assim.

    beijinhos

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  2. Há algo de mágico nos comboios e nos barcos mais que os aviões. Eles fazem parte do nosso imaginário

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  3. Oh eu bem me parecia que já tinha lido isto :) fiquei de lagrimita no olho a 1ª vez que li, e hj tb, Obrigada Carissima... by the way eu sou a Quelinha :)

    Papoila

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  4. Quase que me imaginei a partir de viagem num comboio.

    Tenho saudades das viagens de comboio que fazia quando era pequeno. Há muitos anos que deixei de viajar de comboio, até que este ano fiz uma viagem no inter-cidades e relembrei esses tempos.

    O inter-cidades está muito acima dos regionais em que viajava na linha da beira alta quando era pequeno.

    Que fabulosas que foram essas viagens. Que nostalgia.

    Excelente participação.

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  5. Fê, era essa a intenção, que cada um fosse buscar as suas próprias memórias dos tempos de viagens frequentes... Beijinho

    Diário de um Anjo, exacto. =)

    Papoila, Quelinha querida, tu és de lágrimas muito fáceis... =) beijo grande!

    Utópico, ainda bem que pude retribuir o prazer que senti ao ler a tua participação no desafio da Fábrica... Curiosamente, também sobre um comboio. =)

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  6. Ando com o coração muito proximo dos olhos :p mas esta foi de saudade e nostalgia ;)
    bons tempos

    Papoila

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  7. Não gosto de viajar de comboio, prefiro o autocarro. Nestas coisas o hábito conta. O momento da partida é para mim muito duro. Estás que quem guarda acha? Olha se tivesses deitado fora os talões de multibanco.:) Beijinhos

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