13/06/2012

A long, long time ago...

Era uma dessas noites de Verão de arraial, gente na rua e cheiro a pipocas, algodão doce e suor no ar... Estavam os amigos, mais os primos e os amigos e os conhecidos dos amigos. Não sei qual destes era o parentesco dele com um dos elementos do meu grupo. Acho que tinha vindo de Lisboa, para ver como eram as festas no Norte... Não me lembro do nome dele. Já nem lhe consigo lembrar o rosto. Tenho uma vaga ideia de uma pele bronzeada, roupa largueirona e uma fita na cabeça, a puxar para trás os cabelos que eram assim para o compridos e rebeldes. Na altura via-se muito, culpa de uns personagens da primeira edição da Operação Triunfo, embora eu tivesse a certeza que aquilo era um toque de estilo genuíno e não um rasgo de fashion victim.
Fomos para o cais, para assistir ao arraial, abancámos num dos embarcadouros flutuantes e ficámos à conversa até chegar a meia-noite. As posições sentadas na madeira dura e sem encosto começaram a incomodar-nos e tentámos ajeitar-nos de forma a ficarmos mais confortáveis. Solícita, ofereci as minhas pernas para ele apoiar a cabeça, se se quisesse deitar e fiquei de pernas estendidas, o tronco inclinado para trás, apoiada nas mãos. Quando o arraial começou, todos de olhos postos no céu mesmo por cima de nós e calados, por o som impossibilitar qualquer conversa, senti que ele moveu o braço que tinha pousado no peito, rodeou-me a anca e com as pontas dos dedos começou a acariciar-me o fundo das costas... Bem no fundinho. Não ousei mexer-me, não olhei para ele, não dei qualquer sinal de ter detectado o movimento, precisamente porque não queria espantá-lo. Mas, durante aqueles minutos, eu estava a olhar para o céu, mas não via o fogo de artifício...
Não falámos sobre isso, não houve nada. Não sei sequer se alguém do grupo reparou. Provavelmente não. Gostei do atrevimento daquele estranho. Lembrei-me desta história poucas vezes ao longo dos últimos anos; agora, o que motivou esta lembrança querida foi mais um dos posts belíssimos publicados pelo Bagaço Amarelo, do blog não compreendo as mulheres. Bagaço, se vieres cá parar e leres isto: em suma, é esta a razão pela qual gosto tanto de ler o que escreves e tento fazê-lo sempre que posso. Tu acabas por descrever e partilhar coisas que já vivi tantas vezes, e fazes-me crer que não fui só eu que "vibrei". O sonho de todas as mulheres é saber que conseguiram tocá-lo, a ele, ao "tal", como as tuas mulheres te tocaram a ti... =)

5 comentários:

  1. Bonito e, sinceramente, se isto é real, não ficção, admiro a maneira como abres esse coração. Amanhã volto. É meia noite e amanhã tenho que me levantar cedo. Beijinhos

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  2. Obrigada, Brown Eyes, por teres entendido e gostado. É real, sim... =) Culpa do Bagaço... O blog dele faz-me sempre destas coisas... =)
    Boa noite! Um beijinho

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  3. Gostei da discrição e sinceridade. E também gostei que me levasse ao Bagaço
    Amarelo, que não conhecia.

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  4. Uma história muito bonita. Efémera, mas bonita. :)

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  5. Carlos, o Bagaço é um achado! =)

    Luísa, obrigada! =) um beijinho

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