24/06/2016

A minha irmã é quase 9 anos mais nova do que eu.
Em pequenas, quando nos zangávamos por ela se ter portado mal, ela vinha passado poucos minutos querer brincar outra vez ou pedir mimos. E eu atirava-lhe à cara que ainda estava zangada por causa da atitude anterior dela, e ficava a ruminar esse rancor umas boas horas ou dias.
Da mesma maneira, quando era eu a errar, a vergonha e o orgulho mantinham-me longos períodos de tempo sem me aproximar dela.
Cheguei a comentar com a minha mãe a "lata" da minha irmã, de vir como se nada fosse, toda sorrisos, depois de termos discutido.

Hoje lamento esta minha natureza. Este "solo lunar" que sou, de que já aqui falei antes. Um solo que guarda por tempo indeterminado as marcas que lá se deixam, sendo que eu tenho uma certa selectividade em guardar as marcas negativas.
E carrego esse peso, essas mágoas comigo, que me impedem de sacudir o rancor, de voltar a confiar alegremente.
Não. A marca está lá, como uma nódoa que nunca sai totalmente.
Hoje lamento ser assim e gostaria de ter a natureza mais pura e infantil da minha irmã...

6 comentários:

  1. Não eras uma criança muito inocente, já sabias umas coisas... Nesta vida convém não deixar esquecer certas coisas, principalmente quando somos prejudicados ;)

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    1. Sim, Logan, convém... mas seria bom poder optar por esquecer certas coisas e dar uma nova oportunidade a nós e ao mundo...

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  2. Eu não esqueço mas não sou rancorosa. Convém manter a memória para evitar sofrimento futuro, poder dizer lembras-te do que te perdoei mas, sem rancor somos os únicos a sofrer em situações de rancor.

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    1. Ó menina, é isso mesmo, somos os que mais sofrem quando guardamos rancor. Queria libertar-me disso. É um exercício que quero aprender a fazer...

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  3. Também nunca tive essa natureza pura e infantil talvez porque muito cedo fui obrigada a dirigir a minha vida e então fui obrigada a aprender para me defender senão seria o bobo da festa. Nunca fui rancorosa mas não me faziam algo grave duas vezes. Todas as vezes que dei uma segunda oportunidade a alguém arrependi-me imenso. No entanto dei muitas vezes importância a coisas que não mereciam que eu perdesse tempo com elas porque há pessoas que simplesmente agem e nem pensam que podem estar a ferir o outro. Temos que aprender a distinguir as atitudes das pessoas e se elas são pensadas aí não há perdão. Beijinhos

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  4. Mary, em suma, é uma complicação tentar perceber as pessoas e medir o seu grau de merecimento das nossas boas intenções... um exercício esgotante e temo que, às vezes, injusto.

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