20/09/2009

A morte de uma cepa

Esta semana fui ajudar na micro-vindima da minha avó. Micro porque, desde que a auto-estrada foi construída, a vinha, que até era razoável, ficou dividida em duas pequenas migalhas de terra...
Andávamos na faina quando a minha tia tropeça numa cepa que crescia solitária, num cantinho junto do muro...Tinha ar quase de ter brotado espontaneamente, afinal quem haveria de se lembrar de plantar uma cepa junto ao muro, que é caminho por onde passamos?? Além disso, pela falta de condução, em vez de se erguer direita do chão, ela arrastava-se pela terra, rasteira... Passei por ela, tropecei mas nem fiz caso... A minha tia, quando tropeçou, soltou uma imprecação, resmungou que aquela cepa já há muito deveria ter sido arrancada e, baixando-se, agarrou-a com força e partiu-a à altura do solo.
Aquele som estalado da lenha seca a quebrar, arrepiou-me. E ver aquele buraquinho no chão, com o pé e a raíz ainda enterrados no solo, sem nada mais para alimentar, partiu-me o coração.
Talvez, por ser do Douro, tenha uma veneração especial pelas cepas e as videiras... Talvez, se tivesse sido um pessegueiro (porque eu nem gosto muito de pêssegos) não me fizesse tanta aflição. Mas ver aquela cepa ser decepada (aliteração interessante...) chocou-me profundamente.

2 comentários:

  1. lindo!...e para ti..."vindimai vindimadores!"...

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  2. ..."ninguém vindima como eu.
    A fruta que vai é vossa.
    O canto que fica é meu."

    Obrigada...

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