03/10/2012

"Os Retornados - Um amor nunca se esquece", de Júlio Magalhães


O Juca esteve na semana passada na feira do livro cá da terrinha... Fui-me plantar lá para assistir à apresentação do "Não nos Roubarão a Esperança", com o objectivo de lhe ir pedir um autógrafo para uma colega que o adora e que não podia estar presente, já que a mim os seus livros nunca me despertaram interesse..
Fui... e gostei! Gostei de o ouvir, da simplicidade, do cómico despretensioso... de admitir simplesmente que foi convidado a escrever o seu primeiro livro porque, disseram-lhe, o que quer que as caras conhecidas da TV escrevam, as pessoas compram! Por isso, ele escolheu um tema que lhe era querido, que viveu, e sobre o qual muito pouco há escrito. Gostei de o ouvir gracejar acerca do facto de a editora o ter aconselhado a acrescentar ao simples título "Os Retornados", que ele tinha escolhido, a parte do "Um amor nunca se esquece", porque são as mulheres que compram livros e as mulheres gostam destes títulos assim... Gostei tanto de o ouvir  que, no final, fui a correr comprar o livro "Os Retornados" e lá fui pedir dois autógrafos: um para mim, que confessei humildemente ainda não ter lido nenhum livro dele, e outro para a colega Lu.
Escolhi este livro, entre todos os que ele escreveu e que resumiu durante o seu discurso, porque é o primeiro, porque trata o tema doloroso e recente da Ponte Aérea feita em 1975 entre Portugal e Angola e porque me quis parecer que foi o livro do qual ele falou com mais carinho.
E não senti as minhas expectativas defraudadas... Ele garantiu que os seus livros não eram literatura. Ele é um jornalista que escreve, logo, as suas histórias são contadas de forma muito simples, os acontecimentos vão-se sucedendo e o intimismo com que são revelados é delicioso e absorvente.
A história é comovente de todas as formas: pelo período conturbado que retrata, pelas personagens cativantes que são inspiradas em pessoas reais, pelos pormenores lindos que são revelados acerca daquela pérola do Império Português que foi brutalizada e destruída, por mostrar a verdadeira história dos "retornados", que nós, no continente, sempre desprezámos.
A Joana e o Carlos Jorge existem. Há milhares deles por aí... Cada um com a sua própria história e a sua adaptação dos ovos com açúcar... mas são tão reais. Tão lógicos. É um livro maravilhoso. Muito doce! Que se lê a correr, porque praticamente não o lemos: ouvimo-lo, numa voz interior que, comovida, faz uma partilha... Aconselho! Muito!

8 comentários:

  1. Li recentemente um livro com o mesmo tema, do qual gostei bastante. Agora com estas novas medidas tenho ideia que o orçamento para livros, já de si limitado, deixou de existir... chuif, chuif!

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    1. Teté, em ultimo caso, há muitos livros que vale a pena reler... se não podes comprar mais e se as bibliotecas são longe, faz render o que já tens... =)

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  2. E o homem ainda é portista ;)
    Só pode ser boa pessoa, certo?

    Agora deve preparar-se para escrever os retornados... mas em sentido contrário...

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    1. Catsone, felizmente, ele não falou dos livros que escreveu sobre o FCP... ficou-lhe bem... =) e, por acaso, houve alguém que lhe fez precisamente uma pergunta com o sentido de a situação actual poder dar parauma história semelhante, daqui a uns anos...

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  3. N ão li o livro mas esse problema vivi-o. Não eram só os retornados que era olhados de lado em Portugal, os filhos também. Lembro-me de ser insultada na rua. A nossa cor não nos deixava passar despercebidos e o ódio de quem cá vivia saltava-nos em cima como uma flecha. Porquê? Acho que nem a família gostou da volta dos retornados e para mim porque já os davam como desaparecidos, as heranças seriam maiores. Tudo gira sempre à volta de dinheiro. Beijinhos

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    1. Brown Eyes, eu, que nasci em meados de 80, ouvi sempre a expressão "retornados", associei aos que tinham regressado de Angola, mas nunca tinha realizado a carga pejorativa da palavra... Nem compreendi a História que os trouxe. O livro, nesse aspecto, é maravilhoso. Se calhar, ias gostar dele... É muito leve, lê-se bem, não cansa a mente... e, de certeza, ia tocar-te nem que fosse muito ao de leve... =)

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  4. Deixaste me com vontade de ler :) quem me dera que os livros fossem mais baratos...

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    1. Pois... comprar livros quase se pode classificar de luxo, nos dias que correm... Mas há tantas bibliotecas e tantos fóruns e amigos que têm sempre algum livro que nos interesse... Mesmo que depois não possamos ficar com eles, já acalma um bocadinho o bichinho da leitura. São recursos a explorar! =)

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