31/01/2010

Copo meio cheio/meio vazio

Vazio ou cheio, não me importa. O que não tolero é o "meio".
Não suporto o meio. Se não estou 100% satisfeita com o que faço ou tenho, então isso vale zero.
Vale mais ter o copo completamente vazio e poder pensar que a partir dali só se pode subir.
Mas um "médio", um "assim-assim", uma palmadinha nas costas, um "vai-se andando" mexem-me com os nervos.
Não gosto dos meios termos. Ou se é ou não se é. Vale mais partir logo a louça toda do que andar com paninhos quentes num engano dormente e insensível.
Não gosto de coisas mornas. Literalmente falando. A comida ou a água do banho, ou são quentes ou frias. Nunca mornas. Morno é-me desagradável aos sentidos.
Não gosto de meias golas. Nem de ver, nem de as sentir. Incomodam. Se está calor, não se usa gola subida. Se está frio, venha a gola até ao queixo. Mas se a gola é meia, deixa sempre algo a desejar. Se o próprio tempo não é quente nem é frio, é uma indefinição e vemos na rua algumas pessoas de t-shirt e outras de casaco quente.
Não gosto destes limbos. Não gosto do beje. Já gostei, agora já não.
Pão, pão; queijo, queijo. Ou sim ou sopas. Ou 8 ou 80. Ou ao mar ou à terra. "No meio é que está a virtude" são balelas. Precisamos definir-nos.

26/01/2010

A maior da minha rua!


Ontem passei todo o dia com aquela gloriosa sensação de "eu sou a maior da minha rua". O pior é que nem sei bem o por quê, para poder repetir a receita... Enfim, foi com certeza a soma daquela série de ninharias, mais o alinhamento favorável de alguns planetas, somado ao facto de eu ter acordado do lado bom da cama; o que é certo é que estava de folga, acordei e levantei-me imediatamente, cuidei da minha quinta no FARMVILLE (essa maravilha da nossa Era, esse joguinho horrível e ridículo, que me faz tão feliz) enquanto tomava o pequeno-almoço, fui à rua tratar da minha vidinha (tal e qual como a gente grande faz), de passagem até comprei uns botins chiquérrrrrrrrrrrrimos para usar com o meu vestido novo com collants fucsia... Enfim, toda uma paz, todo um contentamento, e solzinho e ar que se respirava devagar... Foi um dia maravilhoso e eu não parava de pensar "a vida é agradável"...
Quero mais dias assim.

25/01/2010

Excerto

"Já lá ia algum tempo desde a última vez que algo semelhante lhe acontecera.
Alguma produção; só o suficiente para agradar, sem chocar. A ansiedade estava presente, como sempre. Maldita. Mas ela fintou-a. À hora marcada saiu.
Esteve. Riu. Falou. E riu mais um bocado. A refeição foi leve, rápida; o tempo bem passado. E ela esqueceu.
Esqueceu o medo.Esqueceu as vezes em que se privara de algo semelhante por se sentir insegura e acossada. Por ter medo.
E riu. E bebeu.E foi ela própria. O grupo gostou. O grupo sorria-lhe, olhava-a de frente, ria das suas piadas, escutava as suas palavras e aceitava o novo membro no seu seio. Ela sentia-se integrada.
E, já no fim, ele chegou. Esteve só um pouco. Só o suficiente. Parabéns à aniversariante. Era tarde. Trabalho no dia seguinte. O pequeno grupo começava a dispersar. Um último cigarro. E ela também foi. Num simbólico acto de rebeldia, ela veio cá para fora e fumou também. E saboreou cada passa. E depois era só ele e ela. Conversa leve, de ocasião. Ela ouvia-se falar sem saber bem o que estava a dizer, sem conseguir fazer-se entender. Efeito da sangria bebida ao jantar? Efeito da noite fria e brilhante? Efeito dele? Efeito talvez do cigarro fumado após tanto tempo, que lhe toldava a mente.
Cigarro, esse, que acabou demasiado depressa. Despediram-se. Rapidamente.
Nessa noite ela não se reconheceu, porque já não se reconhece sem os seus fantasmas.
E ao voltar, sozinha, para casa, não deixou de desejar encontrar-se a si própria daquela forma mais vezes.
Mas o cigarro acabou demasiado depressa."

18/01/2010

Previsões para o futuro

Nos últimos dias, ando com uma ideia persistente a pairar sobre a cabeça. Não estou sempre a pensar nisso, mas paira. Anda ali, como quem não quer a coisa; se olho para cima, vejo-a;se dou um pulo, ainda lhe toco... É a ideia de como as coisas são diferentes daquilo que imaginei para mim.
Há 10 anos atrás, se me perguntassem o que hoje seria, eu diria algo bem diferente daquilo que diria se hoje me perguntassem quem sou. Não estou contente nem infeliz. Gosto de ser assim. Mas talvez, nessa altura, a ideia de ser o que sou hoje me aterrorizasse. Afinal, ao contrário do que eu previa, não sou um modelo de beleza e sofisticação, não sou uma grande profissional que ocupa um alto cargo na administração aí de uma coisa qualquer, não ando sempre em festas e a divertir-me com um monte de gente gira, ainda não tenho a minha casa, ainda não sei cozinhar todas as coisas de que gosto, ainda não encontrei o Brad Pitt acidentalmente e lhe caí nos braços... Isto só para teres uma ideia assim muito por alto.
Se não fiz ainda todas estas coisas, se não me atirei e voei sozinha, é porque não quero ainda... Também se pode dizer que não seria capaz. Mas não seria capaz porque não quero. No dia em que quiser, conseguirei.
Não sei bem como vim aqui parar. Não me dei conta, ao longo do caminho, quando virei no cruzamento errado e, em vez de seguir aquela ideia que tinha criado para mim, me pus nesta direcção. Tenho uma leve ideia apenas dos cenários com que me deparei ao caminhar e, que de alguma forma, influenciaram ou ditaram as minhas escolhas. Mas não imaginei que pudesse vir aqui ter.
Enfim, o certo é que aqui estou e tento viver o melhor que posso a minha vida e a minha pessoa.

13/01/2010

Relativizar, há que relativizar...

Ora, hoje chego a casa vinda do trabalho e a minha mãe está muito aborrecida e apreensiva porque lhe apareceram umas manchas de humidade e um pouco de água na parede da sala e, como a parede tem contacto apenas com o apartamento do vizinho e não com a rua, ela temia que algum cano tivesse rebentado...
Nisto, ligamos a TV e vemos que em Rio Tinto a água fez abrir uma cretera que engoliu dois carros... Assim. Num minuto tenho um carro e no seguinte foi engolido pelo chão.
Isso é que são problemas com água...

12/01/2010

"Light on" - David Cook

http://www.youtube.com/watch?v=DS-movP04Lw

Never really said too much, Afraid it wouldn’t be enough
Tried to keep my spirits up When there’s no point in grieving
Doesn’t matter anyway, Words could never make me stay
Words will never take my place When you know I’m leaving

[Chorus:] Try to leave a light on when I’m gone
Something I rely on to get home
One I can feel at night, A naked light
A fire to keep me warm
Try to leave a light on when I’m gone
Even in the daylight, shine on
And when it’s late at night you can look inside
You won’t feel so alone

You know we’ve been down that road
What seems a thousand times before
My back to a closing door and my eyes to the seasons
That roll out underneath my heels
And you don’t know how bad it feels
To leave the only one that I have ever believed in
[Chorus]

Sometimes it feels like we’ve run out of luck
When the signal keeps on breaking up
When the wires cross in my brain
You’ll start my heart again When I come along
[Chorus]

É tão linda, tão linda... É estar sozinha no escuro e manter a luz acesa para iluminar e aquecer e fazer companhia e ser farol e consolar... É maravilhosa...

Seriously??!


Dia de andar no metro sem calças??! mas por que carga de água? Que bem isso traz à sociedade? O que é que resultou desta iniciativa? Rigorosamente nada... Ainda se a ideia fosse "tire as calças e dê-as a um esfarrapado que passe por si na rua", era bonito, solidário, e eu olharia com respeito para as pessoas que andassem no frio de Janeiro sem calças por as terem dado a quem precisava, qual São Martinho, que deu metade da capa a um pobre, como muito bem lembrou a minha mãe, sempre atenta...
Mas não. Eu vou para não-sei-onde, chego ao metro e tiro as calças...porque sim. Porque gosto de ficar com as pernas roxas de frio. Ou porque o meu namorado me deixou e é uma pena ninguem ter visto ainda a minha nova lingerie. Talvez eu goste de escandalizar mortalmente as velhinhas que me vêem. Ou simplesmente acho piada à ideia que um tarado qualquer teve para ver montes de miúdas em roupa interior num local público e quero ajudar a satisfazer o fetiche...
Mas porquê? Que disparate... Precisamos urgentemente de assunto nas nossas vidas ou vai começar a haver dia de empurrar o carro em vez de ser ele a levar-nos a nós; dia de ir paro o trabalho a fazer o pino; dia de trocar de esposa com o vizinho do lado; dia de tomar café com sal e sopa com açúcar e por aí fora, até ao infinito, numa espiral de atitudes inúteis e descabidas... Que medo...

08/01/2010

Que fofinho!!!

Ouvi não sei onde (a minha cabeça já não é o que era...) que aquelas pessoas que se põem a balançar o corpo repetidamente o fazem para se "auto-consolar", para preencher alguma necessidade de conforto ou protecção que não foi satisfeita.
Eu tou sempre a balançar-me. Se estou sentada, balanço o tronco, para a frente e para trás, ocasionalmente até em círculos, se estiver muito entediada... Ou, se não quiser dar tanto nas vistas, se a pessoa à minha beira me mandar ficar quieta, mexo o pézinho... é inconsciente, dou por mim a fazê-lo...
Não é fofinho? Estou a confortar-me a mim própria... Não sou fofa? =)

05/01/2010

CAIM, de José Saramago


Terminei ontem a leitura. Foi algo penoso levá-la até ao fim porque o livro se revelou uma rotunda desilusão.
Esperava a narração da história de Caim, uma história com sentido. Afinal, o livro não é mais do que uma paupérrima trama em que Caim vai presenciando diversos momentos bíblicos, como a criação do Bezerro de Ouro pelos Hebreus, a construção da Torre de Babel, os tormentos de Job, o momento em que Abraão iria oferecer o seu filho Isac em sacrifício ao Senhor, a pedido deste último, a Arca de Noé... Em todos estes episódios (todos eles do Antigo Testamento) Deus é apresentado como uma entidade mesquinha e calculista, que brinca com os destinos das pessoas.
O livro é desprovido de sentido e de conteúdo; os temas encadeados à força uns nos outros. O único objectivo que me parece evidente é achincalhar a Igreja, nada mais.
É um triste livro, senhor Saramago.
Felizmente, comecei já a ler "As intermitências da morte", onde reconheço o génio descritivo e imaginativo que também apreciei ao ler o "ensaio sobre a cegueira".

04/01/2010

Uma lição que é bom aprender...

Ao servir-me de umas bolas de gelado, tive a real ideia de gerico de lamber aquela qualquer coisa que serve precisamente para fazer as bolas, não sei como se chama... Ora, como aquilo estava gelado, fiquei com o lábio lá colado. Cena vista em filmes... Ainda deu pra me rir um bocado. Mas como aquilo não descolava por si, resolvi dar um puxãozito... 10 segundos depois, a minha mãe arregala os olhos e diz que arranquei mesmo um bocado de pele e que estou a sangrar.
Não doeu muito... Nem dei por ela. Mas sangrou que se fartou e começou a arder um bocado... Mas nem por isso deixei de comer o meu gelado. Comi foi com a boca toda de lado e passei o resto da tarde a fazer biquinho, qual Ana Malhoa...
Enfim, fartei-me de rir...