30/12/2009

Staring at the Sun - U2


Summer stretching on the grass, Summer dresses pass
In the shade of a willow tree, Creeps are crawling over me
Over me and over you, Stuck together with God's glue
It's gonna' get stickier, too
It's been a long, hot summer
Lets get undercover
Don't try to hard to think, don't think at all
I'm not the only one staring at the sun.
Afraid of what you'd find if you took a look inside
I'm not just deaf and dumb, staring at the sun
Not the only one who's happy to go blind
There's an insect in your ear, if you scratch it won't disappear
It's gonna itch and burn and sting
Do you want to see what the scratching brings?
Waves that leave me out of reach
Breaking on your back like a beach
Will we ever live in peace?
'Cause those that can't do, often have to
And those that can't do, often have to preach
To the ones
Staring at the sun
Afraid of what you'd find if you took a look inside
Not just deaf and dumb, I'm staring at the sun
I'm not the only one who'd rather go blind

Intransigence is all around
Military still in town
Armour plated suits and ties
Daddy just won't say goodbye
Referee won't blow the whistle
God is good but will He listen?
I'm nearly great But there's something missing
I left it in the duty free
Thought you never really belonged to me

You're not the only one staring at the sun
Afraid of what you'd find you step back inside
Not sucking on my thumb, I'm staring at the sun
I'm not the only one who's happy to go blind

No novo ano, vamos todos atrever-nos a fixar o Sol até cegarmos!

27/12/2009

Frase solta

"Beijar-te-ei até de manhã, porque gosto da tua cara. Não me digas que não, beijar-te-ei até de manhã."
Vi esta frase não sei quando, dita por não sei quem, em não sei que filme americano... Se não decorei nenhuma destas informações, foi porque nenhuma delas me dizia nada ou pareceu importante. Mas nunca mais me esqueci destas palavras... Não consigo sequer recordar a cena... Tenho apenas a vaga ideia de que era a preto e branco ou numa cor meio esbatida, própria daqueles filmes mais antigos... Mas nem disto tenho a certeza.
Certo, certo, é que ele diz "beijar-te-ei até de manhã, porque gosto da tua cara. Não me digas que não, beijar-te-ei até de manhã."
Aaaaaiii.... É lindo....

18/12/2009

O outro lado...

Não é que eu não goste do Natal... Gosto muito, como mostrei no post anterior... Mas, desta vez, vou falar do que não gosto no Natal.
Não gosto daquelas pessoas que nos ignoram o ano inteiro e que agora nos mandam uma mensagem a desejar tudo de bom e muitas prendinhas e um feliz 2010 e depois nem se vão preocupar em perguntar durante o ano se está tudo a correr bem e como é que estamos. Como se, por nos desejarem tudo de bom no início do ano, as suas obrigações de amigos ou colegas ficassem automaticamente saldadas.
Não gosto daqueles grupos que não parecem grupos; que são mais pequenos ajuntamentos dos individuais do que uma soma e comunhão de todos; que se reunem de má vontade, que não se apoiam nem se conhecem enquanto grupo e, nesta altura, se aprontam para fazer ceias e trocas de presentes completamente desprovidas de sentido. Estas ceias servem mais para os membros do grupo se reencontrarem do que para outra coisa, porque durante o ano o pessoal não põe os pés nas reuniões... Se não fosse a ceia de Natal, nem nos víamos o ano inteiro, por isso, bora lá fazer uma jantarada e que bom que vieste, já não te via há tanto tempo e, no final, até pro ano, pra próxima ceia.
Não gosto destes hábitos que criámos e que agora fazemos sistematicamente, só porque é costume. Não têm lógica nem sentido e as pessoas deviam ter o bom senso de distinguir quando a ceia é verdadeiramente uma celebração do Natal, que queremos partilhar com as pessoas que nos acompanham na caminhada durante todo o ano, e quando se trata simplesmente de uma desobriga, um hábito que é da praxe e que toda a gente espera que se realize.
Isto não faz sentido. Não gosto disto. Não gosto dos dias antes do Natal nem daquelas pessoas que dizem "e quando vai ser a ceia da empresa?... dia 12?não posso, tenho ceia do grupo X, a 13?não da, tenho ceia na câmara municipal... e no 14 a da junta de freguesia. querem dia 15? mas não vou poder ir eu, porque tenho a ceia do grupo que esperou comigo na paragem do autocarro na semana passada. E, grande coincidência, no dia 16 é a do grupo que esteve 2 horas à espera de consulta no Centro de Saúde...começamos a falar e, conversa puxa conversa, vamos fazer tambem uma ceia. No dia 17, já esta marcada desde o ano passado a do grupo da hidroginastica; e no dia 18 é a do grupo de voluntários da causa XPTO; a 19, a da Associação de Pais da escola da miúda e a 20 a da do miúdo; no dia 21 vamos à da associação recreativa não sei de onde e no 22 à do jornal da cidade; a 23, é com a padre lá da freguesia...e a 24...com quem é mesmo? ah, é a da família..."

15/12/2009

Em defesa do Pai Natal

É Natal outra vez!!! E ainda bem que veio este frio porque, se não, nem era a mesma coisa...
Daqui a nada estão a estourar em casa a minha avó os meus tios e primos!!! Come-se numa mesa grande mas que mesmo assim é pequena para tanta gente; passamos o dia de casaco vestido porque na aldeia as casas são todas frias e só se está bem à beira da colossal lareira; há cheiro de rabanadas e filhós e açúcar e canela no ar... Hum...é Natal!
Tive a sorte de acreditar no Pai Natal quando era criança. Deixávamos o nosso melhor sapato junto da lareira e, de manhã, mal acordávamos, corríamos para ver o monte de embrulhos que pareciam ter brotado do chão no preciso sítio onde tínhamos posto o sapato. E o Pai Natal nunca se enganava!!! Isso fazia-me sentir importante, porque o Pai Natal nunca confundia o meu sapato...
Hoje há uma série de gente em guerra aberta com o Pai Natal. Dizem que é dele a culpa do materialismo que se faz sentir nesta altura. No seguimento do sermão do padre de Domingo passado, a minha mãe até tirou o Pai Natal lindo em barro que tinha posto na entrada da porta e substituiu-o pelo Menino Jesus...
Acho que há lugar para tudo. Não sou materialista, mas não é por isso que o meu Natal fica completo sem o gorducho de barba branca. Em criança, o Pai Natal era como um ajudante do Menino Jesus, que lhe fornecia a lista dos presentes que os meninos queriam, o ajudava a julgar se os meninos se tinham portado bem ou não e participava na distribuição das prendas porque desque quando é que o Menino seria capaz de distribuir prendas pelo Mundo todo numa só noite??! Que disparate...

06/12/2009

Desta vez foi diferente.

Desta vez não fiquei imóvel e triste, com a ideia de que estou só a morder-me a serenidade e a tirar-me o ar dos pulmões... Desta vez eu corri atrás (literalmente) e disse tudo o que tinha a dizer e mostrei o meu ponto de vista, até então tão negligenciado. O céu iria cair-me em cima, mas não me importava. A cair já ele estava há muito, então que viesse tudo abaixo de uma vez...
Em vez disso, fui ouvida. E agora respiro bem e caminho direita. Porque desta vez não baixei indolentemente a cabeça perante a trovoada. Mandei-a para longe.

01/12/2009

Um post erudito...

Afinal, o que é arte? Ou, por outra, quem é capaz, ou competente para dizer o que é ou não arte?
Hoje tive uma pequena conversa em torno deste tópico com a Gi, no trabalho... E tudo começou comigo a perguntar porque é que um quadro, a meu ver horroroso, é considerado um ícone e uma das melhores obras do século tal...? Afinal o que faz de algo uma obra de arte? Há quadros absolutamente ridículos e desprovidos de beleza ou génio que são considerados obras de arte... Mas, quem decide isso? A mim, certos considerados grandes quadros não dizem absolutamente nada. Uma criança com um pincel na mão poderia ter feito algo muito semelhante...
Ela respondeu frouxamente que tem a ver com o contexto, com o sentimento que nos desperta...
Senti-me mal, como se estivesse a destruir uma convicção e uma crença dela... Mas afinal, penso eu, para apreciarmos uma obra de arte, não precisamos conhecer o seu contexto ou o seu artista. A obra vale por si. Pelo que nos transmite. Pela beleza. Porque a arte é, por definição bela. E, assim, tudo é arte, porque todas as coisas vão despertar um qualquer sentimento ou sensação ou ideia a alguém. Tudo é arte, afinal.

25/11/2009

Para Ti

Ontem passei a tarde com uma amiga de infância e de escola...
A faculdade levou-nos para sítios diferentes e, quando isso acontece, é inevitável um certo afastamento, amigos novos, coisas que acontecem e que é impossível partilhar... É normal.
Mas ontem encontramo-nos e foi infinitamente bom voltar a ouvir aquelas piadas vindas daquela voz, e relembrar coisas e pessoas, e passear no ar cinzento e frio de Novembro com a minha amiga!
Foi um dia bom...

22/11/2009

Deus que nos livre!!!

Vi ontem as declarações da ministra da saúde finlandesa acerca da gripe A e da suposta conspiração para acabar com uma fracção da humanidade, promover o refinamento da espécie, o enriquecimento das grandes farmacêuticas e também das funerárias, descobri eu, após pensar um bocado sobre o assunto...
Recuso-me a aceitar tal teoria porque uma coisa destas, a ser verdadeira, dá vontade de me atirar para debaixo dos cobertores e não sair de lá nunca mais porque o mundo está cheio de "maus" e "papões" e "homens do saco" que só nos querem fazer a folha...
Para bem da minha sanidade mental e pela crença de que o homem é um ser naturalmente bom, vou acarinhar a ideia de que a senhora, que até tem um ar respeitável, não fecha bem a porta e vê filmes a mais sobre o apocalipse...

17/11/2009

"Lying from You" - LP

"This isn't what I wanted to be... I never thought that what I said would have you running from me..."
Às vezes, quando estamos mais na mó de baixo, caímos facilmente no erro de pensar que estamos sós, que ninguém entende o que sentimos, ninguém viveu já a nossa desventura...
Mas a verdade não é tanto assim... Acabei de descobrir que os Linkin Park, há anos, sabiam já mais do que eu...

14/11/2009

Já vos aconteceu?

Chamaram-me arrogante, os meus amigos...
É injusto. E irónico, sobretudo. Porque eu sou passiva e encolho-me até quando deveria bater o pé! Tento ser o que julgo que os outros pretendem de mim; tento dar o meu melhor; sou exigente comigo própria e perfeccionista; aceito tudo dos outros e procuro sempre entender as suas razões porque acredito que ninguem é pura e simplesmente mau...
Quando estou mais triste ou apagada, é precisamente quando mais falo e mais extrovertida pareço... Talvez seja uma defesa.

Mas os meus amigos chamaram-me arrogante.
...Sabem? Quando temos a melhor das intenções ou quando estamos profundamente magoados e temos uma determinada forma de reagir... e depois percebemos que os outros interpretaram tudo da forma errada? Sabem como é? Já vos aconteceu?
Dói... Dói descobrir que não somos compreendidos quando tudo o que necessitamos é, precisamente, de compreensão...

07/11/2009

Orquídea (vulgo lilás) =D

...é desta cor que está o quarto da minha mana...QUE FUI EU QUE PINTEI!!! =)
Não estava fácil convencer a minha mãe a deixar-me embarcar nesta empreitada mas, um dia lembrou-se que eu sempre tive (mais do que jeito) paciência para estas paneleirices, então lá comprámos a tinta, um tabuleiro, rolo e trincha...
E ficou tão giro! Ora aqui está uma coisa que parece muito complicada mas que só requer um tudo-nada de boa-vontade e uma pitadinha de paciência... E são coisas que mudam o aspecto do nosso ninho, o tornam mais acolhedor e, ainda por cima, pelas nossas próprias mãos!
Estou contente... Talvez pinte o meu quarto de laranja...Dizem que atrai a fortuna...

29/10/2009

Revelação

Há uma música que todos conhecemos, do nosso caríssimo Jorge Palma, que diz:
"Pois é, pois é... Há quem viva escondido a vida inteira.
Domingo sabe de cor o que vai dizer segunda-fe-ei-ra"
Tenho algo a anunciar: Essa pessoa sou eu.
Tenho horror ao imprevisto. A ser apanhada desprevenida. A ficar sem reacção. A não ter a resposta na ponta da língua. A deixar toda a gente a pensar que sou uma nódoa.
Por isso, sofro de ansiedade. Imagino e prevejo tudo ao pormenor. TUDO. É claro que sai sempre tudo diferente daquilo que eu vaticino... E até nem costumo sair-me mal... Eu sou jovem, tento ser alegre, viva e optimista, tento melhorar o dia de todos os que se cruzam comigo... Mas a verdade é que continuo a ficar sempre ansiosa. Por tudo. Por nada.
Sofro de ansiedade a um nível mesmo patológico, fico sem conseguir comer, tremo, doi-me a cabeça, sinto um peso no peito, transpiro...
Odeio surpresas. Não como aquelas pessoas que dizem que odeiam surpresas mas estão sempre à espera que alguém lhes faça uma... Odeio, mesmo. Porque, no momento em que sou surpreendida, sou tomada pelo pânico, porque fui apanhada desprevenida, e os olhos estão postos em mim... E eu sou tão pequena...

22/10/2009

Dizer não ao sofá

Passei o dia indisposta. Com uma leve dor de barriga, pouca vontade de comer, tive frio, sentia cansaço... Espirrei algumas vezes e, por 2 segundos, pensei se teria Gripe A. Percebi que não. Deitei-me no sofá. Dormitei e acordei mesmo a tempo de ir para o ginásio fazer a aula de step. Hesitei, pensei não ir. Mas fui. "O pior que pode acontecer - pensei - é eu ter de facto gripe A e contaminar toda a gente (que me vai ficar infinitamente agradecida por poder faltar ao trabalho) ou, no caso de isto ser só fraqueza, por causa das minhas eternas anemias, desmaiar". Lá fui.
Foi tão bom...!!! Esqueci as dores, esqueci o frio, esqueci que já não sou a melhor amiga do meu melhor amigo (simplesmente porque ele já não pode/quer ser o meu melhor amigo também), esqueci aquela tristeza estúpida que, de quando em vez, vem morder-me os calcanhares, e dancei... Cheguei a casa cansada e bem disposta.
Às vezes, quando o malvado do sofá nos tenta seduzir, há que dizer que não. Lá fora há gente e esquecimento. E quando estes não resultam, o sofá está lá na mesma, quando voltarmos para casa.

19/10/2009

À minha mãe

A mamãe voltou!!! Esteve fora, a trabalhar...
Estive mais de 6 meses sem ver a minha mãe. Ela voltou. E agora parece que nunca saiu daqui. Parece que esteve sempre tudo igual.
Foram 6 meses. Para mim, que sou tão dependente da força e do exemplo da minha mãe, foi uma provação... que eu passei com distinção, atrevo-me a pensar...
Tingi algumas peças de roupa, queimei o jantar uma vez ou outra, há coisas na arca frigorífica que nem sei que lá estão... mas cresci tanto! Cresci, mãezinha!
Eu nem sou sentimentalona nem nada. Não gosto nem sei falar destas coisas mas, sinto-me tão orgulhosa por saber que te sentes orgulhosa de mim...!
E, apesar de tudo, foi bom. Foi bom eu ter "voado sozinha"... Agora sinto, não que vivo contigo, mas que vivemos juntas. ...mais a peste da mana mais nova, que está na tenebrosa idade do armário...

12/10/2009

O Frio

Os dias estão mais frios. Não saio convenientemente agasalhada e volto a casa tolhida de frio. Dispo a roupa que me gela e ponho uma manga comprida, talvez até o roupão fofinho e pesado. A roupa é macia e quente sobre a minha pele fria, mas não a aquece. Acontece-me muitas vezes. Agasalho-me, mas o calor reconfortante dos tecidos não me penetra a pele. Estou sempre fria. Apesar de tudo, se assim não fosse, eu não sentiria o calor delicioso que se desprende das coisas. Se não tivesse frio, seria insensível ao calor do que me rodeia. É uma sensação agradável, afinal.
Quando, finalmente, começo a aquecer, a sensação de conforto desaparece. Estou quente. A tristeza funciona como o frio: faz-nos reparar nas alegrias que, por insensibilidade, ignorámos.
Quem nunca sentiu frio, não sabe definir o que é ter calor. Porque já fui triste, hoje sou conscientemente alegre em tudo o que faço.

10/10/2009

Restos

É uma música dos Toranja que, na opinião de muitos, pode não ser "brilhante", mas que me deixa arrepiada de cada vez que a ouço...
A escultura é "Cupido e Psique". É transcendental... Podia ficar horas a olhar para ela.

Tanto uma como outra são despojamento e entrega. Rendição e transparência.
Quando me sinto como a música, a escultura é como desejo que alguem me apanhasse...

05/10/2009

Momento glorioso no início do meu dia

Primeiro visitante do dia, um solitário homem, olhos meio em bico, talvez oriental, talvez não... Por isso, cumprimentei-o com um “bom dia!”, ao qual ele apenas acena com a cabeça. Nem um sorriso, nem uma carranca, nem um músculo se mexeu naquela cara amarelada. Apenas baixou leve e rapidamente a cabeça (mais um indício de que o homem era proveniente dali daqueles lados do sol nascente). “Can I help you?” – tento. “No”, reponde ele. Assim. Sem mais nem quê. “No”; não. E lá vai ele caminhando pela galeria dentro, entra no espaço da exposição sem fazer a mais remota ideia de onde está ou do que vai ver, aposto. Sinto vontade de correr atrás dele, plantar-me no meio do caminho com a minha mais convincente cara de “olhe que eu sei Kung-Fu” e mãos nas ancas, à moda da boa e brava mulher portuguesa, a gritar-lhe que tem que pagar bilhete, mas você pensa que está onde, seu malcriadão, isto não é a via pública para entrar por aqui adentro assim, sem acompanhamento e sem pagar.
...Ele teria que pagar, se não fosse a obscena sorte que teve em aparecer precisamente no dia em que o Douro está de “portas abertas”... Então fico indolentemente no meu posto, a remoer a minha irritação, enquanto a dita personagem dá a sua voltinha pela galeria.
Deparo-me com gente muito estranha no meu trabalho de Recepção, ora pessoas que se cosem às paredes, muito tímidas, quase com medo de respirar, que se mexem como se estivessem numa igreja, que têm medo de perguntar o que quer que seja; outras vezes, pessoas arrogantes que recusam qualquer ajuda ou informações e que acabam perdidas e depois vêm reclamar que está tudo mal sinalizado.
Pessoas estranhas. Enquanto isto, o estranho visitante saiu como entrou: mudo.
Meia hora depois, outro visitante disse que mesmo não se pagando as entradas neste dia, não está interessado porque é da região (que lata) e virou-me as costas ainda enquanto lhe explicava onde se dirigir para comprar vinho, informação que ele próprio pediu.
P*#%§ que os pariu!!! Falta muito civismo e educação nas nossas relações formais e de circunstância mas, mesmo assim, todos insistimos para que nos tratem por senhor doutor XPTO... Hipócritas.

20/09/2009

A morte de uma cepa

Esta semana fui ajudar na micro-vindima da minha avó. Micro porque, desde que a auto-estrada foi construída, a vinha, que até era razoável, ficou dividida em duas pequenas migalhas de terra...
Andávamos na faina quando a minha tia tropeça numa cepa que crescia solitária, num cantinho junto do muro...Tinha ar quase de ter brotado espontaneamente, afinal quem haveria de se lembrar de plantar uma cepa junto ao muro, que é caminho por onde passamos?? Além disso, pela falta de condução, em vez de se erguer direita do chão, ela arrastava-se pela terra, rasteira... Passei por ela, tropecei mas nem fiz caso... A minha tia, quando tropeçou, soltou uma imprecação, resmungou que aquela cepa já há muito deveria ter sido arrancada e, baixando-se, agarrou-a com força e partiu-a à altura do solo.
Aquele som estalado da lenha seca a quebrar, arrepiou-me. E ver aquele buraquinho no chão, com o pé e a raíz ainda enterrados no solo, sem nada mais para alimentar, partiu-me o coração.
Talvez, por ser do Douro, tenha uma veneração especial pelas cepas e as videiras... Talvez, se tivesse sido um pessegueiro (porque eu nem gosto muito de pêssegos) não me fizesse tanta aflição. Mas ver aquela cepa ser decepada (aliteração interessante...) chocou-me profundamente.

16/09/2009

Um grande prazer!!!

Vem aí o Outono, pessoal!!! VIVA!!!
Dizem que aumentam as depressões e o stress, patati-patata... Tretas.
Viva o Outono! Viva o vento frio, viva a cor vermelha-dourada da natureza, viva a queda das folhas, vivam as primeiras chuvas, viva a roupa quentinha, viva o chocolate quente, viva o cobertor fofinho, as peúgas nos pés, as castanhas assadas...
Que maravilha... Qual tristeza, qual quê? Há milhões de coisas lindas e maravilhosas, e infinitamente melhores que passar o dia a transpirar com o calor e mal conseguir abrir os olhos por causa do sol...
Este post é um elogio ao Outono!!!
Juntem-se a mim, todos vós que, em segredo, repelis as temperaturas elevadas, a transpiração e as roupas minúsculas!!! Vamos para a rua de guarda-chuva na mão, fechado está claro, para que as pessoas que nos virem andar à chuva saibam que é por opção, e não por termos esquecido o "chuço" em casa.
Somos uma feliz e orgulhosa minoria!
Afinal, o Outono é a estação dos artistas! A Luz é mais limpa, a neblina é mística e a inspiração mais espontânea...
E não há nada mais bonito do que uma miúda, caminhando sozinha e apressada, guarda-chuva bem apertado na mão, encolhida por causa do vento que a arrepia e lhe emaranha os cabelos...a sorrir...

12/09/2009

"o que gostavas de ser quando fores grande?"

Pergunta típica, feita aos mais pequenos e, enquanto eles pensam, os maiores aventuram-se: "gostava de ser pequenino".

Eu cá, gostava mesmo, mas MESMO, de ser pequenina. Pequenina de tamanho e idade, porque pequena "por dentro" ainda eu sou... Será que aos 22 anos todos sentimos o mesmo? Talvez... Talvez agrade a alguns este jogo de "brincar aos grandes", então encarnam bem o papel, mais ou menos cientes daquilo que é esperado de si...
A mim, esta brincadeira não agrada... Porque não me sinto "grande", de todo... Parece que faltei às aulas sobre a vida adulta. Ou, quem sabe, talvez seja a ideia que eu tenho do que é ser adulto que esteja errada: ser adulto é ser sempre assertivo. Ciente do seu lugar, das suas capacidades, do seu papel, da sua personalidade, do que faz mover o mundo. Mais do que estar ciente disto tudo, ser adulto é controlar todas estas coisas. Afinal, é-se adulto.

Durante a adolencência, sabia que estava a "adolescer" (nem sei se tal palavra existe... Perdoe-me a Srª D. Edite Estrela) e que, um dia, um clique ou um terramoto ou o raio que o parta haveria de me dar a conhecer que era adulta já.
Este fenómeno ainda não se deu. Dou por mim vintona, carta e carro, Licenciatura, trabalho, descontos para o IRS, a fazer comida para mim e a passar as minhas roupinhas a ferro, mas não tive ainda a tão esperada epifania do que seria ser adulta...
Receio bem que isso nunca venha a acontecer... Serei eternamente uma criança/adolescente a "brincar aos grandes" sem nunca ter muito bem a noção do que ando a fazer ou se passa à minha volta...
É mais ou menos como quando descobrimos, à medida que crescemos, que a nossa mãe afinal não sabe tudo! É que, quando somos pequenos, a mãe tem todas as respostas, toda a sabedoria, todas as soluções, toda a força, todo o poder. Basta chamar o seu nome e os nossos problemas estão imediatamente solvidos por aquela entidade divina e Todo-Poderosa cuja missão no mundo não é mais que alimentar-nos, vestir-nos e aconchegar-nos os cobertorzinhos à noite... A dado ponto, vemos que não é bem assim... Entrei em pânico quando me apercebi desta realidade!
Agora estou a assumir que é o mesmo com ser adulto. Não existe fronteira. Não existe início. Vamos vivendo, pobres pequenos, e aprendendo com as cabeçadas que damos na parede quando olhamos para o chão, ou com as rasteiras de outros quando vamos a olhar para as paredes... Por isso é que de vez em quando o vizinho canta demasiado alto, ou o colega no trabalho dança uma música de forma esquisita, ou aquele amigo quer brincar connosco à sardinha... São instantes de loucura em que a frustração fala mais alto e voltamos por momentos às origens.
Quem disse que não devemos deixar nunca morrer a criança que há em nós, era brilhante. É que ela, de facto, nunca morre. Mas esta frase dá-nos uma desculpa excelente para nos entregarmos de quando em vez à tal loucura infantil e, ainda por cima, parecer heróicos quando o fazemos: "olha, aquela não deixou morrer a criança que há dentro dela..."
Pois está claro que não. É preciso é coragem para a mostar.

06/09/2009

"Até um relógio parado dá as horas certas duas vezes por dia"

Por acaso, tive esta saída inspirada quando reparei que o colega do lado,no trabalho, tinha o relógio parado.
Há duas semanas, diz ele. "Mesmo assim, o relógio dá-lhe horas certas duas vezes por dia", disse-lhe eu.
Mais do que relógios, esta afirmação reconhece a validade das pessoas.
Isto é tudo muito bonito e toda a gente vale alguma coisa, todas as experiencias, todas as ideias, bla bla bla... A verdade é que, quando me toca a mim sentir-me uma nulidade, o faço melhor do que ninguem. E estas frases são isso mesmo: frases. Mais ou menos grandes, com muitos floreados rococos ou deliciosamente simples, mas todas elas vazias porque não alteram aquilo que eu sinto ou vivo. Mas isto são contas de outro rosário.
É uma frase bonita e é absolutamente verdadeira. E seria infinitamente bom se pudessemos programar o nosso cérebro para memorizar máximas deste tipo e fazê-las piscar como um letreiro quando precisássemos de uma forçazita...
Tenho 22 anos e, às vezes, olho para a minha vida como imagino que um idoso olha para a sua. Para trás. Como se tudo o que poderia haver de bom e bonito estivesse lá atrás. Como se estivesse cansada.
Os velhinhos que olham para trás são relógios parados. Mas duas (ou até mais) vezes por dia, dão-nos as horas certas, dão-nos aquilo que precisamos ouvir, ou aquele olhar sereno que nos conforta.
Adoro velhinhos! Adoro ver a lentidão cuidadosa com que caminham, as rugas que lhes marcam o rosto e as mãos, o brilho sempre presente nos olhos que já viram tanto...! Um antigo colega de trabalho, de qundo eu fazia visitas guiadas a Quintas de Vinho do Porto, dizia-me que eu deixava os velhinhos doidos comigo, porque os rodeava de atenção e porque lhes sorria sempre.
Ri-me, ao início, mas reconheço que é verdade...
Até aqueles que, no comboio, nos falam. Mesmo tendo nós um belo livro para ler, uma revista para devorar, ou música para nos distrair... E eles falam. Desagradável, para alguns. Eu, gosto de os ouvir. Gosto das histórias, da forma como falam, das palavras que usam, da sabedoria muito pouco científica mas cheia de experiência e senso-comum que possuem.
Ninguém é um relógio parado, afinal. Porque até aqueles servem o propósito para o qual foram feitos duas vezes por dia.

05/09/2009

O dia de hoje...

No dia de hoje, dormi.
Preguicei um pouco mais do que aquilo que gostaria. Não fiz coisas que deveria ter feito... que gostaria de ter feito.
Saí para trabalhar.
Trabalhei.
Estou quase a acabar.
Vou para casa. A casa está vazia, hoje. É bom. Não porque goste de andar nua pelos corredores mas porque tenho tempo para mim. Todo o tempo! Todo ele é para mim porque hoje estou sozinha.
Sozinha...
Talvez saia, afinal. Para não ficar sozinha.
O dia de hoje foi igual. Igual é bom. É sinal que não é pior.
Às vezes deveria exigir mais... Não ficar contente por ter dias iguais. Querer dias melhores. Fazê-los melhores. Ser activa, em vez de re-activa.
Qualquer dia, quando eu for grande e as pessoas que me fazem mal, pequeninas... hei-de ser activa!
Por agora, vou para casa, decidir se quero ficar a rebolar no sofá, a fazer zapping e a cheirar o aroma de canela das velas ou se vou dar aos amigos do costume a alegria da minha companhia...