Ontem vocês podem ter tido "mais uma noite de Sábado". Para mim, e sem querer soar muito dramática, foi a noite em que senti que enterrei a minha adolescência... Sim, já estou a meio caminho na casa dos vinte. Mas sim, tenho o síndrome do Peter Pan. E sim, tenho os meus ataques de ansiedade e agorafobias... Por tudo isto, vivi até ontem na ilusão de que a vida não é mais do que um prolongamento da nossa adolescência, aquela idade manhosa em que nos vamos apercebendo que o mundo não é cor-de-rosa, nem gira à nossa volta, mas ainda temos desculpa para fazer de conta que não nos apercebemos do facto...
Mas agora um do melhores amigos que alguma vez tive vai trabalhar para os States, uma amiga que tenho e conheço desde que tenho memória de ser quem sou vai para a Alemanha... juntam-se a tantos outros que, para mais ou menos longe, já foram. E os poucos que ficam só falam em desejos de fuga também.
Houve uma festa... uma festa de despedida, de "até já", onde recuei anos e me vi num ambiente já quase esquecido. Brindámos, sorridentes, mas tenho a certeza que não fui a única a sentir uma nuvenzinha pairar sobre o momento. Como se um capítulo se estivesse a encerrar... É certo que já não era um hábito reunirmo-nos naquele sítio, com todas aquelas pessoas... Mas era uma prática que estava em stand-by, havia a possibilidade, bastava querermos. Agora, não. Agora é um "até já" a tudo isso.
Cravei um cigarro ao meu amigo e vi evolar-se com o seu fumo a minha adolescência... O céu choveu, mas não chorou. Foi uma chuva abençoadora, e os trovões que se ouviam ao longe pareciam ser um desafio, um chamamento.
Depois separámo-nos e o dia de hoje amanheceu cinzentão e lúgubre, a condizer com a minha disposição...
Caríssima, o país vive uma fase negra. Desejos de partida, nostalgia, revolta...
ResponderEliminarDisso que contas, do abandono de amigos e familiares, penso que todos nós temos histórias (meu irmão emigro este ano para França, por ex). Eu mesmo penso, muitas vezes, em voltar a emigrar.
É triste mas, quando a necessidade a isso obriga, temos de o fazer, por mais que custe.
Quanto à adolescência, é um assunto que já não me lembro, pelo que não discuto :D
Catsone, eu sei isso tudo... sei que é geral... mas tenho certa tendência para dramatizar... =)
ResponderEliminarHá momentos assim, que marcam uma passagem... nem sempre é para pior. A adolescência não é, geralmente, a época mais feliz, tranquila e realizada das nossas vidas.
ResponderEliminarBjs
E a vida continua... e continuamos por cá!! Seremos os "resistentes"? Seremos "inconscientes"? Que queremos nós?! A vida é feita de ciclos. Uns que se fecham para sempre, outros que se mantêm abertos... até um "até já"!
ResponderEliminarDia bonito amanhã à tarde!... ;)
Teresa, eu sei que não será para pior. Mas para diferente é, de certeza. E, por muito perfeito que o futuro possa ser, é difícil deixar o bom que tivemos... =) um beijinho
ResponderEliminar"Tu por cá", sejas bem aparecido! "Resistentes" ou "inconscientes", acho que temos um pouco dos dois... Espero que o dia seja bonito todos os dias, não só por uma tarde! =)
A vida é um grande ciclo feita de ciclos mais pequenos...uns abrem outros fecham mas o grande ciclo continua =)
ResponderEliminarBom, se visse os meus amigos a desaparecer assim para terras distantes, mesmo que para melhorar o seu futuro, também acho que ficaria dramática... Afinal de contas ninguém gosta de ficar "abandonado" para trás...
ResponderEliminarMas concordo com a Teresa, a adolescência não é certamente a melhor idade da vida, com as hormonas aos saltos, amores e desamores e a descoberta que afinal o mundo não é um mar de rosas, como pensávamos na infância. Quer dizer, pelo menos alguns de nós pensavam... :)
Fabi, parece frase saída do filme do Rei Leão, que eu adoro!!! =)
ResponderEliminarTeté, "abandonada" não fico, felizmente! Não é por sentir a falta destes que vou desleixar os que cá ficam... =)
ResponderEliminarAo longo da minha vida de andarilho, tive muitas despedidas, mas habituei-me a vê-las como uma renovação. São momentos tristes para quem fica, mas de rejuvenescimento e alegria para quem parte.
ResponderEliminarAcredito que nos próximos anos vá continuar a ser assim...
Carlos, o problema (que não é bem um "problema", vá), é que eu gosto tanto disto que hei-de ser aquela que fica sempre, parece-me... logo, cabe-me sempre a mim a parte da tristeza, ficando a alegria para quem vai... Mas assistir ao regresso é tão saboroso...!
ResponderEliminarPartidas chegadas e recomeços... Aparentemente, e se não me engano és do meu ano ou do seguinte... Falo do meu, 86 foi o ano dos sonhos, o sonho que vinha coma Europa que neste momento parece que nos afunda a menos que deixemos o nosso país... Continuo a ser uma resitente em não ir, mas sei lá por quanto tempo... Vivemos em tempos de nuvem de fumo, parece, parece que não há amanhã, na minha adolescência esperava com 26 anos ter um t2 meu virado para o mar e começar a sonhar com filhos, neste momento tenho um t1 alugado a uns 10min do mar, uma cadela e uma gata (vá, aparentemente não me posso queixar), estou como tu, prefiro continuar a pensar que ainda estou na adolescência e que isso é só amanhã e que ainda falta muito, vivemos tempos de sonhos adiados...
ResponderEliminarSou de 86, sim... não se nota logo? =) os 26 de hoje são os 16 de há 20 anos atrás... Ainda vamos muito a tempo de procurar os nossos t2, com vista para o mar, ou para o rio, no meu caso! ânimo! =)
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