24/12/2010

Atenção. Este post não reflecte o meu estado de espírito. Eu tou fixe.


Porque o ano está a chegar ao fim e, mesmo para os que dizem "ah e tal e coiso, isto de fazer balanços e resoluções só porque é Ano Novo é uma treta" (grupo no qual eu me incluo), é inevitável dar, assim como quem não quer a coisa, um olhar muito de fininho por cima do ombro, para o que passou, e querer assear um bocadinho o caminho para o ano que há-de vir... É inevitável. É como dizer "oxalá não haja nenhum acidente e gente dacapitada no meio da estrada!", mas se passarmos por um carro amolgado, vamos espreitar e tentar ver o sangue, de certeza...
Portantosss... hoje pus-me a fazer aquela limpeza ao meu quarto. Aquela em que, finalmente, me desfaço de roupa que não visto, bijuteria que não ponho, papeis que não vou ler, coisinhas bonitas mas absolutamente inúteis e aquela boneca quase tão velha quanto eu, que até era bonita mas que está velha e suja. Fiz isto tudo. Mandei tudo pro lixo ou pro ecoponto, conforme.
Nisto consistiu a limpeza do entulho supérfluo que carrego às costas e que não queria levar comigo pro novo ano...
Quanto à outra parte, a de olhar pra trás: a coisa estava a correr bem. Ainda não me tinha posto a pensar no assunto, até que ele veio ter comigo sem eu lhe ter encomendado o sermão. Veio sob a forma de uma mensagem de Feliz Natal do meu ex-amigo. Aquele que tanto me deu aqui que escrever... Aquele que, há precisamente um ano, me enviou uma mensagem no dia 24; mensagem essa que escreveu para mim, com um conteúdo pessoal. Este ano já não foi assim. Recebo a mensagem-tipo que ele manda a toda a lista, subtraindo os que merecem mensagem especial, como já foi o meu caso... De notar, ainda, que recebi a mensagem no dia 23, antes que acabem as mensagens grátis. Perante isto, o meu pensamento foi "How the mighty fall...". (É deformação profissional. No trabalho, passo um tempo considerável a falar inglês, então já me acontece virem mais depressa à cabeça as coisas na língua de Shakespeare do que na de Camões... Este é um caso. Traduzido à letra significa "Como os poderosos caem...". Se tiverem uma tradução menos literal e que caiba melhor, façam favor.)

21/12/2010

Abracinhos

Ia começar por dizer que deixei "a minha bolha" em casa, mas tal não seria verdade. Ela vai comigo, sempre. A bolha que se queixa e irrita quando alguém se aproxima de mais e me toca ou respira o mesmo ar que eu. Ela nunca fica em casa. Mas amarrotei-a um bocado, diminui-lhe o diâmetro. Fiquei um bocadinho mais livre e leve, sem aquela pressão omnipresente.
...e abracei! Abracei toda a gente! Alguns mais do que outros; alguns de forma natural, outros de forma inesperada e surpreendente... E fui sempre bem recebida. Ninguém me rejeitou.
Recebi colo e presentes! Recebi a noção da quantidade de pessoas que me vêem, pelas milhentas palavras que recebi; por um simples livro, num pacote bonito, que eu nunca tinha manifestado o desejo de receber mas que alguém entendeu que eu deveria gostar (e gostei, tanto!); por um par de brincos que elogiei de passagem e que me foram oferecidos sem hesitação... Por estes nadas mesquinhos que me confortam e comovem tanto...!
Nesse dia, decidi fazer diferente... só porque sim. Só porque era o meu aniversário... e até nem doeu muito...

15/12/2010

esquisitices

O despertador interrompeu-lhe o sonho a sangue-frio, estridente e irritante como sempre, como todos os dias. O primeiro reflexo foi puxar a manta para cima da cabeça e fingir que não tinha ouvido. Mas isso implicaria ficar por casa... Credo! Levantou-se e dirigiu-se "à casinha" para gelar ao ver a tampa da sanita aberta. Repirou fundo; o dia estava a começar, não vamos amargar logo de manhã... Arrastou-se até à cozinha rogando a todos os deuses, entidades sobrenaturais, vizinhos de cima e carros da rua que ainda ninguém lá em casa estivesse acordado. Preparou o pequeno-almoço em sossego e bebia beatificamente o seu café (Expresso, bem tirado, por Deus! Nada daquela treta de água escura que sai das cafeteiras do tempo da avó!) quando aparece o elemento sénior da família ainda de remelas nos olhos: "Bom dia!", cheio de boa disposição ao antever mais um dia ocioso. Eriçaram-se-lhe todos os pêlos do corpo ante tamanho despropósito e encolheu-se disfarçadamente dentro do pijama coçado a pensar "será que já me viu?". Conseguiu emitir um afectado "hummm" de resposta, que esperou ser suficientemente expressivo para desencorajar réplica. Não haveria de tardar muito a cair ali toda a gente, a esfregar os olhos, de cabelos descompostos, a contarem os sonhos hilariantes que tinham tido. Tinha que fugir. Rapidamente. Vestiu-se. Fez a cama. Ainda estava quente mas melhor assim do que ser outra pessoa a fazê-la, que nunca tinham o cuidado de esticar os lençóis como devia ser e consideravam de bom gosto deixar as almofadas artisticamente tombadas. Que cócegas... Passo seguinte: quarto-de-banho. Oxalá a toalha onde vou limpar a cara esteja seca e limpa e pendurada direita no toalheiro. Oxalá a pasta de dentes não tenha sido apertada pelo meio. Oxalá não haja cabelos alheios na minha escova. Oxalá o tapete esteja alinhado com os riscos da tijoleira. Oxalá todos estes pressupostos se verificassem. Nunca se verificavam.
Saiu, finalmente, de casa! ...não sem antes dar um toque com o pé no tapete da entrada que, invariavelmente, não estava alinhado com a tijoleira. Neste ponto pensava sempre: "a minha casa há-de ter o chão liso. Completamente liso, para não ter a paranóia de alinhar tapetes com tijoleiras... Oh, mas que porra... Se não for pela tijoleira, hei-de alinhá-los pelo rodapé. Mas eu quero enganar quem?".
Paragem do autocarro. Foi um sério teste de resistência tolerar aquele indivíduo com catarro crónico que não cessava de brindar os presentes com sons emitidos directamente do mais fundo da sua garganta. Não encontrou lugar sentado no bus, pelo que se encostou a um canto, mas isso não impediu que passasse toda a viagem a receber toques e encontrões pelos lados. Mais do que com os toques em si, arreliava-se com o facto de nenhum dos agressores mostrar minimamente incomodado com o contacto. "Parecemos botijas de gás, apinhadas numa caixa aberta qualquer", pensou com desconsolo.
Trabalho. Hora de almoço. Trabalho, parte II.
Regressar a casa... Novamente o magote de pessoas enlatadas no mesmo bus, com a agravante de que a frescura matinal já se foi. Os homens já vêm de colarinhos desabotoados, a cheirar levemente a suor e as senhoras com a maquilhagem borrada. O colega, que vem no mesmo autocarro, sussurra-lhe uma piadita desinteressante qualquer ao ouvido e o calor da respiração na pele do pescoço faz-lhe assomar à cabeça uma resolução: "Tenho que arranjar carro... ou uma doença contagiosa qualquer que desencorage este tipo de atrevimentos e invasões de espaços vitais."
Chega a casa para a avalanche de perguntas sobre a jornada, como se fosse de esperar qualquer novidade. "Foi um dia normal...", remata com sorna. A tia andou em limpezas: lá estão novamente as molduras de fotos, jarros com flores, livros e todos os tarecos decorativos artisticamente colocados de viés, em cima dos móveis e estantes. À sua passagem, vai endireitando tudo, de forma a ficar tudo em linhas paralelas ou perpendiculares à borda do móvel.
Conversas. Barulho. Risos. Oh, sorte... Fecha-se no quarto simulando alguma tarefa importantíssima e inadiável, fazendo a sua aparição apenas para jantar. E recomeça tudo.
"Não, pela enésima vez, não quero que me sirvam a salada. Vão encher-me o acompanhamento de pingos de azeite e vinagre. Córror!". A avó, na falta de insulto mais rebuscado, remata com um "ai, estes jovens agora são uns enjoados" que vai alternando com um "é a fartura que faz o galo galego". Para sobremesa, procura uma peça de fruta. Não uma qualquer. Deve ser "A" fruta. Imaculada. Intocada. Sem manchas ou pisaduras ou picadelas de bichos ou pássaros. Madura, sem estar mole. E fresca do frigorífico, sempre. Nova onda de comentários à esquisitice.
Depois insistem em "ajudar", dizem eles, a preparar a banca para lavar a louça. Amontoam os pratos sem terem o cuidado de raspar os graõs de arroz todos (todos, mesmo) para o lixo e sem despejarem as últimas gotas de vinho dos copos. Depois de acabarem de ajudar (?!) sentam-se e, inspirando fundo e expirando lentamente, cabe-lhe a si, passar tudo por água como deve ser, antes de encher a banca, a menos que se queira habilitar a ter grãos de arroz flutuantes na água da lavagem, turva pelo vinho tinto.
Enquanto está nesta faina, vai ouvindo as conversações em português reles que se vão passando na sala. Uma a sugerir preparar umas "hamburgas" para o almoço de amanhã; outra a contar da vizinha que vai fazer uma "biópse"; alguém queixar-se da juventude, que está cada vez mais "remusgona"...
Acaba de arrumar a cozinha a correr e vai agarrar num livro. Fica na sala (para não receber o rótulo de anti-social) com esta desculpa formidável para não responder a comentários ou participar em conversas... Isto, esperando que já tenham desistido dos comentários de "tanto lês! Vê se descansas essa vista! Parece que comes livros!"
Espera que todos vão para a cama. Aí, sim... Silêncio. Paz. Estica-se no sofá...que ainda está quente de toda aquela gente que lá estava plantada há horas. Vai para o quarto. Fecha os olhos. Sente o frio na pele enquanto tira a roupa para vestir o pijama. Deita-se, finalmente. Agarra com força a almofada e, no limiar do sono, toma uma decisão: "Amanhã, compro uma arma..."

14/12/2010

Verbo TRAPACEAR

No Presente do Indicativo
Eu trapaceio
Tu trapaceias
(...)
"Eles" não me trapaceiam mais!
O limpa pára-brisas do lado direito do meu pequenote avariou. Levei-o à oficina do costume, onde comprei o carro, e disseram-me que precisava de uma peça assim-assim, da marca, que custava cerca de 120€. Só a peça.
A conselho de quem sabe mais do que eu, fui à oficina que existe junto ao El-Eclerc de Lamego, onde um senhor (abençoado seja ele por toda a eternidade) me disse "Menina, isto foi um parafuso que se soltou. Vou ter que desmontar esta parte toda, vai demorar um tempo..."
Esperei cerca de 40 minutos; no final o limpa pára-brisas funcionava e eu paguei 7,50€...

06/12/2010

Ira

A ira é um sentimento admirável.
É menos requintada do que o ódio e menos impulsiva que o ciúme, é certo; mas destes três, é a minha favorita. O ódio tem raízes profundas e é destrutivo a longo prazo. O ciúme é um atrofio crónico numa mente doente e é sempre originado em favor de uma outra pessoa ou objecto, o que é desprezível.
A ira, não. A ira fala na primeira pessoa. Eu encho-me de ira por mim. A ira é egoísta e narcisista. Faz um cordeiro rugir que nem um leão; é uma corda que vibra de modo intenso e irracional e que dissolve no seu reverberar toda a razão e bom-senso.
Sinto-me irada. Tem sido a palavra que me electrifica a mente nos últimos dias: IRA. Pelo que não posso, pelo que não quero, pelo que me obrigam. Por revolta, por desprezo, por rebeldia, por simples insubordinação ridícula e teimosa. Sou isto tudo, abominavelmente caprichosa.
E o pior é que não me envergonho. É outro dos requintes da ira: o sentimento avassalador que tudo justifica e legitima, mesmo que não tenha razão nenhuma.

05/12/2010

Cicatrizes

Jamais conheci quem apreciasse cicatrizes. Próprias ou alheias. Máculas corporais, repelentes, inestéticas, chocantes. A própria palavra tem uma entoação estridente e aquele "-triz" final fica a vibrar no tímpano durante muito tempo.
Eu gosto de cicatrizes. Elas são um mapa, um farol, um documento, mais pessoais e intransmissíveis que uma impressão digital. Todas as cicatrizes têm história, local, uma pessoa, um acontecimento, uma emoção, uma dor e uma regeneração.
Eu tenho uma, resultado de uma queda de mota com o meu pai, na Suíça, quando ainda era suficientemente pequena para ir aninhada à frente dele, entre os dois braços estendidos. Estava imensamente alegre e ria porque ele ia a alta velocidade e subia bermas e atravessava relvados... E depois estava no chão.
Não tenho porque me envergonhar dela: não é muito visível; nem a tento esconder: porque está num sítio já discreto. Mas às vezes contorço-me para poder olhá-la bem e tenho-lhe um respeito grande. Acarinho-a.
Tive um namorado que tinha umas quantas. Uma delas era grande, resultado de uma queimadura com um ferro de engomar, nas costas da mão. Ele escondia-a e fazia sempre um esgar dorido (e lindo!) quando olhava para ela. E eu agarrava-lhe a mão e passava os dedos sobre os contornos daquela marca tão dele, que eu venerava sem que ele conseguisse entender porquê.
Porque as cicatrizes são um apontamento, um sinal físico da nossa passagem por outro tempo, outro local, outras circunstâncias. São como um carimbo num passaporte; uma nódoa de chocolate na nossa bata velhinha da escola; um rasgão naquele peluche adorado da infância; um canto dobrado daquela carta que relemos milhões de vezes; um sublinhado num livro predilecto; uma mossa no carro por temos sido demasiado aventureiros...
Sem cicatrizes ou sinais, seríamos um livro em branco, imaculado e perfeito, mas tão mais insignificantes...!

Para a Fábrica de Letras, mês de Dezembro.

29/11/2010

Fugir, esquivar ou ficar

Dizem-me que não posso fugir para sempre... que não dá para fugir para sempre e que, quanto mais me afastar e adiar agora, pior será quando quiser voltar...
Eu sei disso tudo... Eu não quero fugir sempre. Não! Eu tenho a firme convicção de que, um dia, eu vou ser grande! ...mas enquanto não me sinto assim, eu fujo só mais um bocadinho. Nem é bem fugir. É mais "esquivar", de fininho, fazendo figas para que dê certo... só mais hoje... Só até não fazer tanto frio, e o sol brilhar e eu me sentir mais leve e poder olhar em volta e não me sentir ameaçada e me sentir alta e confiante e digna...
É como dar um mergulho. Ir aos pouquinhos para evitar um choque, para criar uma lenta habituação, é uma treta. Saltar lá pra dentro de uma vez é que é! Dizem que faz mal porque o choque é demasiado grande... Mas não dói tanto. ...espero eu que não doa...
O que é certo é que tudo seria muito melhor se eu não chegasse sequer a fazer todos estes juízos e a pesar o que é melhor, o que é mais radical ou mais seguro... Se eu fosse, simplesmente.
E, neste ponto, ouço mais uma vez dentro da minha cabeça as vozes que me dizem "o que tu precisas é de problemas a sério!". Também já houve quem dissesse "tu precisas é de peso!", mas nos dias que correm essas pessoas já não merecem muito a minha consideração...

07/11/2010

Sobre a Perseverança

"...não é uma corrida longa, são muitas corridas curtas, uma após a outra." (Walter Elliot)
Até porque "eu caminho devagar, mas nunca caminho para trás". (Abraham Lincoln)
Mas atenção... "Chama-se perseverança quando é por uma boa causa; obstinação quando é por uma ruim." (Laurence Sterne)

27/10/2010

Não é irónico?

Pus-me a pensar, assim vindo do nada, nas razões que me fizeram perder os dois amigos de longa data que tinha... Dei-me conta que perdi um porque ele deixou de gostar de mim como eu era. E o outro porque ele passou a gostar de mim mais do que seria suposto. É um atrofio dos diabos... Eu nunca estou contente...

18/10/2010

Piropo

Que alegria... Vou ao facebook e tenho à minha espera a seguinte mensagem de um desconhecido que responde pelo apelido "Barradas" (Marquito, deve ser teu parente. E, a brincar a brincar, aqui tens a primeira referência a ti no meu blog) =D
Dizia eu, a seguinte pérola:
"ola B es uma mulher fantastica que quase destruistes a minha pupila ocular"

Assim. Mai nada. Poesia pura.
Vou andar bem disposta o resto dia, depois disto...
Um piropo por dia, só eu sei o bem que me fazia...

16/10/2010

Alguém que me cale.

Sou um anjo. Sou como acho que toda a gente deveria ser para que o mundo fosse melhor. Sou convencida e cheia de mim. Tenho sorrisos fáceis e orgulho-me disso. Não porque ria sem ter vontade mas porque consigo achar graça em tudo. Sou leve e ligeira. Não me imponho. Não agrido. Sou como um poço com água que, se ninguém lhe mexer, mantém-se eternamente inerte mas que, quando tocado, ainda que muito levemente, reverbera a vibração durante longo tempo... Reverbera, remói, revive. Museus vivem do passado. Também eu sou museu porque valorizo mais o passado do que o futuro. O passado eu sei, eu sinto, eu recordo. O futuro é como uma sombra, sempre presente, sempre prometedora, mas que é inútil perseguir ou tentar agarrar. Ninguém corre atrás de sombras. O futuro é imaterial. Sou hedonista e carente. Orgulhosa como o raio. Agridem-me e eu não vejo; não tenho habitualmente uma posição defensiva; gabo-me de não ter fantasmas e de acreditar que o Homem é um ser naturalmente Bom... Inevitavelmente, alguém vem morder-me os calcanhares quando menos espero. Aí, tinjo-me de nódoas que não saem. Faltas de carácter, traições, oportunismos: não esqueço. Reverbero, remoo, revivo. Sou requintada no odiar. Não agrido; não me defendo; não tiro satisfações. Observo e anoto mentalmente. Até onde vai a baixeza humana...! Acredito em Deus mas fecho sempre bem a porta do meu carro. Sou picuinhas com o tempo. Não gosto de esperar os outros; odeio que tenham de me esperar a mim. Não sei definir a cor dos meus olhos. A minha mãe diz que tenho mãos de parteira. Apanho nódoas negras com uma facilidade absurda. Tenho a mania de usar palavras caras. Irrita-me a obtusidade crónica. Gosto do sabor do limão. Gosto de ombros largos e mãos grandes. Gosto de andar descalça e de roupas largas. Tenho um talento especial para matar plantas e peixes (sem ser de própósito, claro). Tenho uma cicatriz no fundo da perna esquerda. Um sinal sobre a linha inferior das pestanas do olho direito. Alguém que me cale...

15/10/2010

"Pièce de résistance"


Estou de folga. Durmo até às 10h, tomo o pequeno-almoço enquanto vejo o mail e, por volta das 11h30, vou à Segurança Social (que incursão mais deprimente...).
Quase a chegar lá, num passeio estreito, com um corrimão que impede as pessoas de descer para a estrada, atraso o passo porque vai à minha frente uma senhora muito velhinha, curvada ao peso de dois sacos que leva nas mãos. Inesperadamente, a senhora pára e pousa os sacos; aproximo-me dela e digo "dê-me licença, se faz favor"... Mas a senhora dá um salto, deita uma mão à parede para se tentear, e a outra à cabeça e diz "ai, Nossa Senhora, que susto...". Fico logo toda atrapalhada, "a senhora desculpe, não era minha intenção...". E a velhinha, toda a tremer, a dizer "não se preocupe, menina... Foi só um susto. Eu parei porque venho cansada e os sacos são pesados...". Perguntei à senhora se precisava de ajuda para os carregar. Ela morava logo no prédio adiante, por isso eu nem tinha que me desviar muito do meu caminho... Lá agarrei nos sacos e fui devagarinho com a senhora até ao prédio, subi no elevador com ela e deixei-lhe os sacos à porta. Enquanto isso, a senhora conta de onde vem, o que traz nos sacos, que daqui a dois meses faz 90 anos, que tem um filho, com 62 anos, doente, em casa, e que quase não se mexe...
Despedi-me da senhora e vim embora a pensar que bem posso deitar-me a dormir porque o meu dia já foi produtivo, que já valeu a pena ter-me levantado e que foi uma qualquer intervenção do Big Boss lá de cima que possibilitou que eu estivesse lá, naquele momento... Foi a "pièce de résistance" do meu dia...
E agora estou a pensar como foi tão fácil esta senhora, que nunca me tinha visto, confiar em mim para a acompanhar à porta de casa e dizer-me que está sozinha, com um filho de cama... Como é fácil os nossos velhinhos, na sua fraqueza, confiarem nas pessoas que lhes estendem uma mão e que, tantas vezes, vezes de mais, são mal-intencionadas...

10/10/2010

Amantes e Amados

"É por esta razão que muitos preferem amar a ser amados. Quase toda a gente quer ser o amante. E a verdade nua e crua é esta: no íntimo, o facto de ser amado é intolerável para muita gente. O amado teme e odeia o amante, e pela melhor das razões. O amante quer sempre mais intensamente ao seu amado, ainda que isso lhe cause somente dor."
É um excerto do livro "A Balada do Café Triste" de Carson McCullers.
Ainda não acabei de ler, mas o livro é mínimo e já não deve demorar. Ignoro o fim mas está a dar-me imenso prazer lê-lo...

06/10/2010

Sinestesias

Ontem estive a ver aquele programa da 2, "Bairro Alto". Desta vez a convidada era Joanne Harris, essa escritora maravilha, que tem títulos deliciosos como "Chocolate", "Vinho Mágico", "Cinco Quartos de Laranja" ou "Sapatos de Rebuçado"...
A entrevista foi agradável e enriquecedora. Descobri que a Sinestesia, além de uma figura de estilo que se aprende nas aulas de português (para os mais esquecidos, é a mistura de sensações), é também um distúrbio que afecta algumas pessoas ao nível da sua percepção do mundo.
Basicamente, um sinestésico pode ser capaz de cheirar ou ouvir uma cor, sentir fisicamente um som, tactear uma textura olhando para um objecto, saborear uma forma, identificar alguém não pelo nome mas pela sua cor...
Até certo ponto, isto pode ser um pouco perturbador: sermos invadidos por uma avalanche de sensações de tal forma que a nossa percepção real, ou então a considerada "normal", dos objectos seja distorcida. Assim, quando um sinestésico sente um cheiro, ele não sabe se esse cheiro "existe"ou se é apenas ele que o sente derivado à visão de uma cor ou som de uma música.
Mas, por outro lado, não será algo de maravilhoso ter a percepção apurada desta forma? Já imaginaram a quantidade de experiências sensoriais que estas pessoas têm? Como o imaginário é muito mais rico? Como as memórias são mais fortes e intensas?
Eu adorava poder ouvir o som do azul. Ou sentir o cheiro do vermelho. Ver números e letras sempre a cores. Tactear uma música. Cheirar o nome de alguém...
Quando for grande, quero ser sinestésica...!
(E é por estas e por outras que a sabedoria popular diz "tem muito cuidado com aquilo que desejas...")

02/10/2010

Só um pormenorzinho...

Já viram aquele novo anúncio da EDP, com aquele actor português muito sexy...? De certeza que já... Se não, podem ver aqui...
Acho que está delicioso e não é só por ter o dito actor.
A dada altura, diz ele: "gosto de ti; amo-te muito; quero-te tanto...". E, sempre que ouço isto fico a pensar que o "amo-te muito" é aquilo que toda a gente gosta de ouvir; é o elogio supremo. Mas o "quero-te tanto" dá-me arrepios.
Um "amo-te" é doce e aconchegante, mas um "quero-te" tem picante e vibrações eufóricas. O amor é conhecimento e aceitação. É espontâneo. Mas o querer é consciente e fundamentado. E, ainda assim, selvagem.
Eu amo quem amo, sem escolher... mereçam ou não... Mas só quero quem quero.
A-ha!!! E enquanto escrevo, lá aparece o dito na TV. Isto é um sinal divino, ou quê??!

28/09/2010

23/09/2010

É um passo insignificante para o Homem...

...um passo gigantesco para mim!
Matei uma aranha, hoje!!! Há 500 anos que não matava aranhas porque pura e simplesmente me repelem demasiado... Nem para as matar tenho coragem de me aproximar delas!
Matá-las com o pé ou com a mão é impensável porque isso implicaria ter de me aproximar delas e isso eu não tolero... Recuso-me a dar-lhes com a vassoura porque imagino que as porcas se escondam lá no meio e voltem mais tarde para me infernizar a vida. Nunca, mas NUNCA as aspiro, porque de certeza que as malvadas haveriam de achar o interior do saco do aspirador um meio acolhedor para viver e se multiplicarem e aí teríamos a peste!!!
A minha conduta nos últimos tempos tem sido chamar por socorro... Chamo a minha irmã para as matar. Se ela não estiver em casa, espero que venha da escola... Já pedi a visitas para matarem uma ou outra e, uma vez, no trabalho, até pedi a um cliente que afastasse uma de ao pé de mim... Não tenho vergonha de o dizer. Há coisas inexplicáveis e incontroláveis. O meu asco pelas aranhas é uma dessas coisas.
Nem tão pouco sou capaz de olhar para elas. Começo logo a sentir cócegas no corpo todo...
Hoje, preparava-me para começar a limpar o quarto-de-banho quando dou com uma grande teia junto da janela e a respectiva inquilina lá empoleirada. A pequerrucha devia ter para aí uns 3 mm de tamanho!!! Claro que pela minha cabeça passam milhares de pensamentos: vou esperar que a mana volte!! ...não... nós hoje vamos sair e ela não vai estar em casa antes da noite. Vassoura e aspirador e mão fora de questão, pelas razões supracitadas... Após alguns minutos a andar de um lado para o outro e olhar de relance para a dita, só para logo depois desviar o olhar, enojada e arrependida de ter olhado, encho-me de coragem, vou buscar o MAFU, essa maravilha do tempo da minha avó, e despejo metade do frasco por cima da teia e do cestinho que estava pousado lá ao lado, contendo o difusor do secador, fitas para o cabelo e cremes depilatórios. A desgraçada cai da teia e anda a rabiar durante um bocado, parecendo meio atordoada e eu, PIMBA!!! Mais spray pra cima dela! Metade do frasco, estou-vos a dizer!!! E, enquanto isso, tremo por todos os lados, a minha cara faz esgares incontroláveis e a minha garganta solta guinchos embaraçosos. Por fim, as patinhas param de mexer. Agarro num pano do chão, ENOOOOOORME, atiro-o lá para cima, agarro o que quer que esteja por baixo e deito-o no lixo!!!
Bem... isto contado assim, parece ridículo mas, estou muito feliz, garanto!
E, decerto vão compreender a razão pela qual não ponho nenhuma foto ilustrativa neste post...

20/09/2010

Ténis

Não, não venho falar do Rafael Nadal outra vez... Venho falar da vida, que deveria assemelhar-se mais a um jogo de ténis. Duas pessoas em campo apenas. Claro que seria necessário haver uma infinidade de courts para todas as pessoas com quem nos relacionamos mas, em cada um deles, apenas dois jogadores: Eu e o Outro. Em algum deles haveria de ser Eu e Tu.
Ambos com as mesmas ferramentas (neste caso, uma raquete); toda uma claque apoiante na bancada mas que se cala no momento do serviço, porque é errado interferir nas jogadas dos outros, seja para ajudar, seja para perturbar.
Um árbitro ao meio, para assinalar e punir faltas de movimento ou carácter.
Uma rede que corte os golpes baixos a favor daquele que os iria sofrer.
Duas cadeiras, uma para cada jogador, onde descansam em simultâneo, para não se dar o caso de um aproveitar a ausência do outro para marcar pontos.
Dois jogadores, apenas. Frente a frente. Para se olharem nos olhos e sentirem a responsabilidade dos seus movimentos e a vergonha pelas faltas cometidas.
Nem sempre venceria o melhor, já se sabe. A sorte e o acaso pesam tantas vezes mais do que o talento. Mas seria justo e leal.

14/09/2010

Apetecia-me mesmo.... #7

... que houvesse finais de Grands Slams do Tenis mais frequentemente... e que Portugal não fosse um país pequeno onde só se assiste a futebol e os pontuais sucessos em Andebol e Futebol de Praia são invísiveis...

Tenho pena de querer assistir a um jogo de tenis com alguém mas não ter coragem de ir ao café pedir para porem a TV no canal do jogo porque sei que ninguém vai gostar de ver.
Ainda assim, gostei de tentar cativar a minha irmã a ver o jogo comigo, e até consegui... Mas a pobre adormeceu pouco depois da meia-noite... E lá fiquei eu sozinha no sofá, até às 3h da manhã, aos saltinhos e a soltar guinchos abafados para não acordar a vizinhança...

Rafa, grande campeão!

13/09/2010

Missa aos Domingos

Gosto. Gosto muito. Não de "ir à missa aos Domingos", mas de ir "àquela" missa. A de Domingo. Na Igreja matriz. Celebrada pelo Sr. Padre, não por um substituto, quando ele não pode.
Gosto de me arranjar e sair de casa com sol, mas sem calor, na frescura da manhã. Gosto de chegar e ver pessoas conhecidas e conhecidas-só-de-vista com "roupa de Domingo", porque aqui ainda se nota essa diferença. Ainda há o hábito de vestir melhor ao Domingo, porque é Domingo, porque vamos à missa. Gosto de ver os homens no adro, à conversa; e as senhoras dentro, de joelhos, a rezar. Gosto de cumprimentar as pessoas conhecidas. Toda a gente tem um aspecto fresco e leve aos Domingos de manhã. Gosto do burburinho antes de começar a celebração. Dos elementos do coral a chegarem, apressados. Do Sacristão a ultimar os preparativos, trapalhão, como só ele. Gosto de ver as pessoas que normalmente fazem as leituras a passar na Sacristia para passar os olhos no texto, não vá haver alguma palavra mais complicada que os atrapalhe. Gosto de ver o coral atacar o cântico de entrada, a saudação do Celebrante, a firmeza com que a assembleia responde "Bendito seja Deus, que nos reuniu no amor de Cristo.". Gosto de estar na missa e cumprir o ritual e ver que todos o respeitam: responder da forma certa, no momento certo; benzer para ouvir o Evangelho, ajoelhar na Consagração... Gosto de olhar para as pessoas e vê-las ali, tão iguais, todas; a pedir e a agradecer em conjunto; gosto de imaginar como, no final, vão sair da igreja, com a alegria do "dever cumprido", e vão para casa, comer carne assada com a família e vão passar a tarde a passear vagarosamente ao sol ou no café, na cavaqueira...
Os Domingos têm um cheiro e uma luz diferente. Gosto.

06/09/2010

Uuuuuuiiii... Estamos em Setembro

Não tá fácil... Os últimos dias não têm sido fáceis.
É esta altura do ano. É o tempo. É a ansiedade. É eu. É o raio que o parta... Não sei. Não tenho justificação. Sei só que, apesar de gostar do Outono, o mês de Setembro é fatal para mim. Porque os dias ficam mais curtos e mais escuros, e eu tenho medo do escuro. Porque o Verão está a queimar os últimos cartuxos e toda a gente corre para aproveitar os últimos momentos, como se isto fosse uma contagem decrescente para coisa nenhuma. Contagens decrescentes deixam-me nervosa, seja para o dia do meu aniversário, para o Ano Novo, para o final de um jogo de futebol, para sair do trabalho... Porque estamos a aguardar ansiosamente o fim de algo para depois fazer o quê??! Bater as palmas? Comer passas e pedir desejos? Gerar uma discussão com os colegas sobre que equipa jogou melhor, independentemente do resultado?
Há toda uma série de coisas a preparar-se à minha volta; para amanhã, para daqui a uma semana, um mês, quatro meses... E eu já me sinto sufocada por elas.
Eu sou ovelha, indolente e indefesa, desprevenida perante os impulsos imprevisíveis dos lobos que me rodeiam.
Não quero ser ovelha. Não quero ser alvo nem quero ser notada. Não quero que me surpreendam. Não quero que me digam que sou tudo. Não quero flores. Não quero ser esperada.
Setembro é um mês difícil. Era o mês em que o meu pai vinha para perturbar. Era quando eu tinha que voltar para a faculdade, longe de casa. Era quando a luz e o tempo e os hábitos mudavam e se projectava um novo ano lectivo, um novo ano religioso... E os projectos fazem-me mal.
Setembro foi o mês em que eu caí a primeira vez... e a segunda e a terceira também. Sempre em Setembro. E agora já não consigo ignorá-lo. Estou viciada. Tenho medo dele. É psicológico. E, não tenho orgulho em afirma-lo mas, a minha psique é fortíssima. Tão forte que, se eu pensar que Setembro poderá ser mau, Setembro vai, de facto, ser uma desgraça...

01/09/2010

Eu, livre

Livre... Dizem que nunca ninguem o é.
Que o Homem será sempre frustrado. Que o que possui acaba por o possuir a ele. Que há demasiados vícios e excessos.
Descrentes ignorantes. Cépticos ridículos. Vácuos mentais ambulantes.
Eu sou maior. Eu dispo-me do que é fútil e encontro a minha liberdade em ti.
Porque eu era fechada e altiva, e tu vieste derrubar o meu pedestal e invadir o meu espaço.
A minha rigidez aprisionava-me; agrilhoei-me em regras e fiz da individualidade o meu cárcere.
Mas tu aproximas-te e o meu instinto de recuperar ar recua.
Sou livre para escolher ficar. E fico.
Ouço as palavras que me despejas nos ouvidos.
És livre no pensar e no falar e deixas-me a mim a liberdade de concordar ou rejeitar, sem retaliações, ao contrário do que me habituaram a ter.
Disseste-me, uma vez, que eu era bonita; e eu não me importei.
Não me senti intoxicada pelo veneno disfarçado em cada elogio, que eleva mas responsabiliza; afaga mas queima;
Elogios tiram a liberdade; a liberdade de rastejar, de cair e de pecar.
Mas o teu elogio não pesou; não me cortou as asas.
Tens um efeito inebriante em mim. Fico embriagada pelo teu movimento e deixo-me contagiar.
Não penso, não me refreio. Sei que te divirto e que percebes o efeito que exerces.
Escandalizo os que me conheceram mas não me importo. Sou tão completa e absolutamente livre...!
Não imaginas quão bonito é o teu sorriso.
Adorável ignorância, fazes-me livre para o apreciar e gozar descaradamente.Eu, a mais insuspeita mendiga da tua atenção.
Insistes em tocar-me. Provocas-me. E, à força da insistência, ganhaste-me.
Aprendi a aceitar-te. Ajustei-me a ti.
Dei-me a esse trabalho porque sabia que, se não o fizesse, fingirias não te importar, tal é a tua dádiva de liberdade.
Tens-me desta forma, tão assumidamente entregue sem, no entanto, teres o direito de me chamar tua.
Pelo meu lado, não presumo jamais que algum dia serás meu.
E é neste equilírio frágil que reside a nossa libertação, que só se consuma quando estamos juntos.
Infelizes todos os que não têm alguem como eu te tenho a ti.


Fiz este texto para a Fábrica de Letras, mês de Setembro, com Tema Livre.

24/08/2010

Sobre a Dor

"Dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante (...)." in WikipediaComo dizer apenas "sinto dor" quando o que mais precisamos expulsar é um grito?
Como é que um monossílabo pode expressar o monstro que nos rasga interiormente?
Nunca pensamos nela e, no entanto, ela está tão iminente. Sempre.
Na porta que se fecha sobre o nosso dedo, na postura incorrecta que nos massacra as costas, no som perfurante que nos fere os tímpanos, no ardor de uma ponta de cigarro sobre a pele, nas palavras escusadas de alguém... porque ninguém nega que as dores da alma podem ser tão ou mais dolorosas do que as do corpo.
Omnipresente. Omnipotente. A dor tira-nos a ousadia e só pedimos que passe. Rápido.
A dor é desagradável. É dolorosa. Má.
Procuramos refúgio num analgésico envenenado mas não há por onde lhe escapar. Não há alívio ou consolação. Dói. Há sentimento mais redutor e asfixiante?
E será que a dor dói a todos de igual forma?
Eu não sofro quando tiro sangue; fiz uma tatuagem sem me queixar... Mas nem por isso sou muito valente.
A dor é relativa, pessoal e intransmissível.
O mesmo beliscão pode doer-me mais a mim do que a ti. Talvez eu "sinta" mais; ou posso apenas "aguentar" menos. Não importa. A dor não se quantifica.
Eu sofro, queixo-me. E também sofro com os teus queixumes, com as tuas dores.
Físicas ou não, legítimas ou estúpidas, mais ou menos intensas. O que importa isso?
Sofres, eu sofro. E consolo-te. E não me é agradável sentir que, quando eu sofro as minhas dores, alguém as quantifica, relativiza e diz para eu não julgar que sofro mais do que os outros.
Nunca julguei que o meu sofrimento fosse maior. Mas, decerto, é desconhecido de todos.

20/08/2010

Post nº 100

Pois é, meus amigos, seguidores, leitores assíduos, ocasionais passantes e até aqueles que cá subam hoje por acaso e nunca mais cá ponham os pés... O MEU PEDESTAL tem hoje e aqui o seu post número 100!!!
Parece que foi ontem que me sentei pela primeira vez aqui nos altos, ainda com uma sensaçãozita de vertigem, por me colocar tão assumidamente acima dos reles mortais; mas hoje, 100 posts decorridos, já me movo com total liberdade e conforto aqui pelos meandros do meu poleiro... Faz daqui a duas semanas 1 ano que comecei este blog; em 349 dias de blogger, 100 posts dá uma média de um post a cada 3,49 dias, o que me parece um bocado exagerado. Afinal, ando sempre a queixar-me que a minha vida é um marasmo e, no fim de contas, tenho um acontecimento ou pensamento importante para escrever a cada 3 dias e meio... Dei por mim a fazer o balanço do conteúdo que para aqui fui semeando e apercebi-me que aquele "pequeno egocentrismo" que anuncio logo no cabeçalho é, afinal, de um tamanho desmesurado, porque venho sempre escrever sobre mim e o que me acontece a mim, e do que eu acho e do que me fazem e do que eu sinto... Começo então a pensar que talvez isto seja um bocado fútil e que deveria reduzir-me ao silêncio do espaço que ocupo, que é a insignificância da cadeira... Até que uma epifania me faz lembrar o nome que dei a este espaço. Este é O MEU PEDESTAL, onde EU impero, e onde a MINHA vontade é soberana. Já é suficientemente redutor eu ser um funcionário no trabalho, um membro na família, um elemento no grupo, uma crente na igreja, uma estatística no país, um átomo no mundo. Aqui é o sítio onde eu cresço e me torno maior do que todos. É o meu poleiro. E a quem me achar tirana, prepotente e egoísta (egocêntrica não digo, porque sei que sou) pede-se o favor de descer na próxima paragem.

17/08/2010

Na ressaca...

...porque a ocasião das festas da terra é uma tremenda borracheira. Estamos alterados, todos. Tudo é extremo, sejam as alegrias, sejam as tristezas. Se acontece algo bom, somos os mais felizes do mundo porque tudo contribui para a euforia. Se acontece algo mau, somos os mais desgraçados porque todos os outros festejam, indiferentes à nossa amargura. A nossa percepção da realidade é distorcida. Exagerada. Por isso digo que as festas são uma tremenda borracheira. Têm a fase da ressaca e tudo, que é quando tudo termina. A euforia esgota-se. Passa a solenidade das procissões e a efusividade das noites de música e arraiais e fica aquele amargo de boca que é uma mistura de cansaço, alegria serena e já a nostalgia porque agora festa assim, só para o ano...
E este ano a minha "borracheira" teve direito aos dois extremos. Tanto dancei, como ri, como falei alto, como saudei; da mesma forma que tremi, sofri, murmurei e chorei, até. Porque o encontro com os outros, com todos, é inevitável. E os que se mantiveram num afastamento saudável a maior parte do tempo voltaram a cruzar-se. E eu, que já era forte e imune, fui mais uma vez toldada pela presença perturbadora daqueles que eu já conheci e quis bem e me conheciam e queriam bem, e agora não nos conhecemos nem queremos nada uns dos outros. Bem... eu até queria. Queria ver que, apesar de tudo, nesta altura, e porque é tradição, e 14 de Agosto não é 14 de Agosto se não estivermos juntos, ainda éramos capazes de nos encontrar e desfrutar, sem pensar em vícios e pecados antigos. A coisa correu bem no 1º dia; abanou um bocado no 2º; e no 3º e último dia de festa, caiu tudo abaixo.
Fiquei triste. Mas já passou. Estou a ressacar. Estou a recuperar das noitadas; das refeições feitas à pressa; as pessoas começam a dispersar novamente e eu começo a recuperar o distanciamento que me faz forte; ainda sinto o cansaço, o ombro dorido de carregar o andor, o estômago apertado pelas emoções destrutivas que me perseguem mas já passa. Amanhã já passa.

11/08/2010

"Pessoas como nós", de Margarida Rebelo Pinto

Pois é... Parece impossível mas é verdade... Eu, que proclamo gostar de literatura "da pesada", que não tolero "leituras de verão" porque são ligeiras e insípidas, e que tenho alergia aos grandes sucessos, eis-me a ler Margarida Rebelo Pinto, a nossa escritora mais genial e romântica, na opinião de uns; e a mais fútil e socia-light, na opinião de outros. Foi a Belinha quem me trouxe dois livros da dita: o supracitado e o "Não há coincidências".
Apesar de gostar mais do título do segundo, a leitura da sinopse assustou-me um bocado. Aparentemente, é a história de uma mulher que namorou com X, teve um caso com Y, anda enrolada com Z, dá umas voltas com Fulano e tem um caso mal resolvido com Sicrano... Enfim, uma monumental salgalhada! Pelo que me atirei à leitura do outro...
A história é pobrezinha. Na verdade, arrisco-me a dizer que nem história há. O livro é, todo ele, um emaranhado de monólogos e introspecções de três mulheres completamente diferentes, tristes e frustradas. Não existe acção. Apenas tristezas e culpas, revolta e angústia, ciúme, solidão, ocasionais alegrias...
Apesar de já ter ouvido falar muito nele, só agora compreendo o conceito de "literatura light". Não nos dá nada; não nos "engorda". Brinda-nos com frases melodiosas e profundas, que nos fazem descolar os olhos da página e pensar que bem que aquilo encaixa na nossa vida e resume certos sentimentos complexos mas, capítulo após capítulo, não aprendemos nada, não encontramos um fio condutor que nos faça tentar adivinhar o que virá a seguir ou imaginar o desfecho que gostaríamos para a história. No fim, vão perguntar-me se gostei do livro e sobre o que era e eu vou ver-me à rasca para responder porque, basicamente, aquilo é sobre coisa nenhuma. Dá a ideia de que ela se sentou e foi escrevendo "ao correr da pena", sem ter muito clara a ideia do que viria a seguir...
Decerto não vou ler o outro livro dela que tenho em minha posse porque gosto de livros que me ensinem algo, que me mostrem um mundo diferente daquele onde vivo, onde descubro uma filosofia de vida mais nobre, um sacrifício redentor, uma sabedoria insuspeita, uma acção envolvente, frases bem feitas e sonoras que me façam pensar e voltar atrás para as ler uma e outra vez, romances arrebatadores e com finais grandiosos, não necessariamente felizes.
Esta é uma história que o vizinho do lado podia ter escrito ou vivido. É uma história de gente como nós e, se calhar, é por isso que agrada a tanta gente. E é definitivamente por isso que me desagrada a mim, porque eu exijo mais dos livros que leio. Assim a ser, anda por aí muito blogger que podia imprimir uns posts e ganhar uma pipa de massa...
Hum... Estou a ficar cá com umas ideias... =)

08/08/2010

Emigrantes

Portugal é uma país engraçadinho onde todos os anos , pontualmente no 1º de Agosto, acontece um estranho fenómeno que duplica a população residente. Não falo de nenhum Baby-Boom mas, é claro, nas vagas de emigrantes que regressam à pátria para as festas da terrinha.
Entenda-se: nada tenho contra os emigrantes. Tenho uma série deles na família, admiro a bravura de ir para um país estranho em busca de mais e melhor do que o que poderiam encontrar cá e até consigo achar piada ao estereotipo do garrafão, a fieira de ouro ao pescoço, o português falado mal e porcamente e a mania do "lá fora é tudo bom, este país é atrasado".
Mas quando estes queridos vêm em manada e parecem brotar do chão de um dia para o outro, deixam de ser uma visita simpática e tornam-se uma PRAGA!!!
Sair de casa testa-me os nervos, porque sei que vou ver a minha terrinha pacata e sem engarrafamentos transformada num constante rebuliço de pessoas ociosas que passeiam mal vestidas, a comer farturas e gelados e algodão doce e outras porcarias hiper calóricas e gordurosas, a falar seja lá a língua em que melhor se entendem, a ocupar todos os lugares de estacionamento legal, mais os de segunda fila, as placas das rotundas, os passeios e as paragens de autocarro.
Eu, que até sou uma pessoa pacata e de índole bondosa, torno-me uma fera quando tenho que andar durante 20 minutos a passear na cidade para encontrar uma porra de um buraco para enfiar o carro. E note-se que a dada altura perdi o interesse em encontrar um bom lugar e não teria remorso de deixar o bichinho em cima da relva de algum jardim ou em segunda fila num sítio qualquer mas nem isso encontrei!!! Chamei-lhes tantos nomes, fiquei tão possessa que nem tive pachorra para depois ir ter com os amigos e fui para casa comer gelado à colherada directamente do balde! O raio que os parta, que não os suporto!!!
Todos os anos, durante um mês, dão cabo da vida de quem cá passa o tempo todo. Podiam ser discretos, mas não... Vêm com grandes carros, de matriculas esquisitas, onde insistem em pôr a música num volume que devia ser proibido; andam em grupos grandes, avós, filhos, netos, noras, genros, cunhadas, primas em 12º grau... Falam alto, intercalando o português com ocasionais "oui, voilá". As mulheres têm a terrivel mania de andar com o soutien todo por fora dos tops. Se calhar, lá isso é considerado sexy. Aqui acho que nem tanto. Pagam tudo com notas grandes e, quando vão ao banco cambiar os francos têm a mania de sair com o maço de euros ainda na mão, demorando-se, antes de os meterem na carteira.
Que manada ruidosa e irritante. Hei-de arder no inferno por causa deste palavreado todo, mas esta gente faz-me saltar o pipo!

31/07/2010

Tive um sonho

Há duas noites sonhei que a minha mãe estava morta. Não digo "sonhei que morria" porque não me apercebi do quando nem como ou porquê. Só sei que estava na minha vida e a voz de alguém disse "a tua mãe está morta". E pronto. Eu não ia vê-la mais.
Quando, esporadicamente, sonho que alguém me morre, acordo lavada em lágrimas e passo o resto do dia a pensar nisso. Esta vez não foi excepção mas, ao pensar no assunto, apercebi-me que eu não chorava por sentir a falta dela ou por saber que não ia voltar a vê-la. A coisa que não me saía da cabeça era que ela tinha morrido assim, de repente, tão jovem, e sem levar nada da vida. A minha mãe, que sempre se sacrificou tanto, que sempre trabalhou, que teve um mau marido, que teve depressão, que viveu anos reduzida a um frangalho, fraco e aterrorizado sem no entanto poder em momento nenhum baixar os braços e descansar, que me viu a mim definhar todos os dias pelo mesmo motivo, culpando-se por não pôr um ponto final na situação... A minha mãe que foi jovem e bonita e queria ser costureira e que na vida pouco realizou que fosse totalmente seu desejo e de forma totalmente egoísta, para si, para o seu bem, para sua alegria.
Tenho saudades da minha mãe.

30/07/2010

Vou hibernar só até isto passar...

Há dias em que conseguimos levar a nossa vida com ligeireza e graça... Em que nos sentimos bem e capazes e bonitos e os sorrisos são fáceis. Porque sim. Porque não?!
E há outros dias em que certas atitudes, mentalidades, palavras e reacções dos que nos rodeiam nos cortam as asas, nos fazem sentir medo de aparecer, de falar, de dizer mais do que devemos, de não fazer aquilo que "suas excelências" acham que deve ser feito. Há pessoas incapazes de aceitar, de tolerar, de compreender. Pessoas que levam tudo a peito e a mal, e um "olha, desculpa lá, prejudiquei-te mas tive que fazer isto assim" é uma ofensa mortal, premeditada e humilhante. Há pessoas que até aparentam boa índole mas que a vão deixando esmorecer ante os ataques gratuitos e impossíveis de responder à altura; tornam-se desconfiados e intolerantes e, à força de mostrar que abriram os olhos e não vão mais ser pisados, revoltam-se contra todas as ninharias, porque é por aí que o domínio maior começa...
Isto é um estupor de um ciclo vicioso onde não existe uma "terra de ninguém" onde se possam abrigar pessoas como eu. Eu gostava de resolver as coisas de outra maneira. Gostava que todos fossem frontais. Que não houvesse teorias da conspiração, alcoviteiras nem bufos nem vítimas nem carrascos.
Estou no ponto em que vejo alguém aproximar-se e no lugar das mãos vejo presas afiadas; os dentes, em vez de sorrirem, arreganham-se com ferocidade; a cabeça é um lugar obscuro onde as rodas dentadas da engrenagem rangem dolorosamente, congeminando mais uma traição, mais uma afronta, mais um cinismo.
Tenho medo desta gente. O território está todo marcado; há milhentos limites invisíveis que os mais incautos atravessam sem desconfiar no que se estão a meter. Ouço uma conversa agora e no momento seguinte vou perceber que o que foi dito tinha imensas ramificações discretas e venenosas, que se multiplicam que nem ervas daninhas.
Puta que pariu, que isto parece uma porra de uma máfia.
Deixámos de caber todos no mesmo sítio. O ar que o outro respira parece estar a ser roubado do espaço que me cabia a mim... Que esupor de cadeia alimentar. Raios partam isto tudo!

26/07/2010

Apetecia-me mesmo.... #6

...ter mais dias como o de hoje. Não fiz questão de ficar em casa. Não fiz questão de limpar tudo... Não me enfureci com o calor. Não me lamentei pelo cansaço. Diverti-me e soube infinitamente bem... a conversa, o ginásio, a piscina, o descanso agora...
Satisfeitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.............

22/07/2010

Carpe Diem...

...é muito mais fácil de praticar do que pensamos...Não é preciso grandes gestos ou rebeldias... Basta fazer o trabalho bem feito, ir para o ginásio com vontade de "suar a camisola" e suá-la mesmo... Sair do ginásio e, precisamente quando estamos a aproximar-nos de casa, começar a dar uma daquelas músicas que já não ouvimos há algum tempo e que, combinada com o céu cor-de-rosa do lusco fusco, torna o fim da tarde celestial... Vai daí, eu contorno a rotunda e vou dar uma voltinha pela marginal, para apreciar o momento...
É destas pequenas coisas, meus amigos... É destas pequenas coisas que são feitos aqueles momentos que ficam para a posterioridade...

18/07/2010

"Aquarela", de Toquinho

Se, por acaso, eu não tivesse estado com a colega brasileira naquele dia, naquele local, a falar daquilo, não teria ficado a conhecer esta música... E queria ser criança para poder cantá-la plenamente.

podem ver o vídeo AQUI

"Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda chuva
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando, contornando a imensa curva Norte-Sul
Vou com ela, viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela, branco, navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno, lindo
E, se a gente quiser, ele vai pousar

Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
De uma América a outra consigo passar num segundo
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha e caminhando chega num muro
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela
Que um dia enfim descolorirá

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo(que descolorirá)"

14/07/2010

Imaginemos...

...que Deus é o administrador de uma empresa (o Mundo, entenda-se...).
A conjuntura da crise afecta todo o planeta e, como tal, o divino administrador vê o seu caso muito mal parado (estou a pensar em tsunamis e aquecimento global e assassínios de baleias). Acontece que, além dos problemas de crise geral, o desempenho (ia escrever performance, mas o Português acima de tudo!) dos "trabalhadores da seara do Senhor" também não está muitas vezes no seu melhor... Vai daí, o Senhor precisa fazer uns ajustes... É necessário cortar nos recursos que se oferecem aos homens... porque quantos mais houver, mais se estragam e mais se agrava a situação da Organização... Cortando nestes elementos, torna-se indispensável "cortar" também nos recursos humanos, que consomem excessivamente os outros recursos todos.
E aqui a porca torce o rabo.

Quem é dispensável? Pensará Deus: "ora... este senhor já anda cá há mais tempo. Quer-me parecer que já deu o que tinha a dar. É necessário dar oportunidade aos novos... Por outro lado, estes mais jovens ainda não têm grande experiência e o seu vínculo é menos significativo. É mais fácil desfazer-me deles... Tenho carpinteiros e pedreiros que não posso dispensar porque a sua arte é útil. Mas também não posso cortar nos médicos e cientistas. É sempre necessário polícia e bombeiros para manter a ordem. Mas os professores são o passaporte para o futuro. Este diz que trabalha mais do que os outros dois juntos, que fazem pouco mas bem. Aquele ali, não sei porquê, mas gosto dele e não posso dispensá-lo porque sentiria que o mundo não estaria completo. Aqueloutro nem sei muito bem o que anda cá a fazer, mas os colegas apreciam-no e respeitam-no e haverá um motim se o mandar embora. Tenho uma série de limpadores de ruas de quem ninguém sentiria a falta, mas cheira-me que seria o caos se eles desaparecessem de um momento pra o outro..."


Resumindo, é uma embrulhada dos diabos. A quem cabe medir o valor das pessoas? Quem é que tem a capacidade de decidir com justiça os "pesos pesados" dos "pesos mortos"? Dá-me dores de cabeça pensar nisto...

12/07/2010

Há algum nome para isto?

Tenho neste preciso momento dentro de mim um sentimento tão feio...!

Nas últimas noites eu tenho saído. Arranjo-me e tento estar bem com os que me rodeiam. Não são os meus amigos de longa data, já que esses desertaram... São pessoas que conheço tão pouco mas com quem rio e com quem consigo manter uma conversa ligeira e saudável. Não exigem nada de mim. Nada tenho a exigir deles. Estamos juntos porque disfrutamos a companhia uns dos outros. E isso é, afinal, uma boa base para chamar alguém de amigo. E passei algumas vezes pelo meu "outro amigo", o das obtusidades... E soube que estou melhor. Estou mais desperta. Não me preocupo tanto. Não ligo tanto a ninharias. Porque o meu mundo era reduzido e os meus amigos governavam-no despoticamente. Agora eu sou livre. Cresci. E sei que isto soa tudo muito mal e individualista e tudo... Mas eu sei que está a ser positivo para mim porque eu era o extremo oposto.

E agora, do nada, ele manda-me mensagem a perguntar se não acho que já deveríamos ter falado; dando-me oportunidade para pedir desculpa... E eu comecei a sentir algo feio... Algo do tipo "antes era eu naquele papel. O elo dependente e pequeno; que não suportava a ideia de haver alguém zangado comigo; que fazia tudo por tudo para tentar resolver as coisas a bem, por falar sobre os temas "fracturantes" e promover a compreensão. Antes era eu; hoje é ele. Hoje sou eu a grande; a independente; a que tem a certeza dos passos que dá. Podem não ser os certos, mas são os mais acertados para mim."

É feio, eu sei... Mas sabe tão beeeeeeeeem...

E o melhor, melhor, é que não pedi desculpa. Falei. Ele falou. E já não está zangado. Porque percebeu que, independentemente da opinião dele, eu iria manter-me fiel à minha.
Que nome se dá a isto tudo??!

09/07/2010

Sexta à noite...

...e eu sabia que estava difícil para sair... Porque umas pessoas não estão, outras não podem, outras têm um programinha com os respectivos, e outras não sei porque não tenho que saber a vida de toda a gente.
Se eu já fosse a pessoa que quero ser quando for grande, saía assim mesmo, abancava num sítio qualquer e não haveria de tardar muito até aparecer alguém conhecido. Mas ainda não cheguei lá...
Fui-me ficando por casa; jantei, tomei um bom banho, um bocadinho de TV, um bocado de PC... E já passa das 11h e eu cá continuo porque não recebi nenhum convite e os meus não foram (ainda) aceites.
Ao início da noite pensei, assustada, que talvez não fosse sair hoje. E sou tão nova e estou sozinha... Mas agora o serão já vai a meio e eu estou bem, porque me mantive ocupada comigo, confortável, na minha casinha... E estou bem disposta, apesar de tudo.
Ainda não tirei as lentes porque há sempre a possibilidade de aparecer um convite... Mas mesmo que não apareça, é na boa... A sério. Mesmo.

...Além disso, hoje pus um vestido e disseram-me que estava bonita...

07/07/2010

Acerca do egoísmo...

Pareço egoísta àqueles que, por um egoísmo absorvente, exigem a dedicação dos outros como um tributo, em "O Eu Profundo" de Fernando Pessoa;

O egotista é um sujeito com mau gosto, mais interessado em si próprio do que em mim, em "Dicionário do Diabo" de Ambrose Bierce;

Qualquer homem que vos censura por só falardes de vós apenas o faz porque nem sempre lhe dais tempo para que ele fale de si, de Claude Crébillon Fils
Ando numa de citar as palavras alheias... Sempre gostei muito de ouvir e discutir os pensamentos e opiniões dos outros. Maravilha-me ver como cada cabeça interpreta de forma tão distinta e independente factos que, à partida, parecem tão óbvios.
A lógica é inteligente mas castradora porque não permite devaneios; é uma sequência, uma cadeia. Mas o pensamento e o juízo humano são completamente livres e delicia-me estudá-los e entendê-los. Gosto de saber a opinião dos outros acerca de tudo; se há uma novidade no trabalho ou no meu grupo de amigos pergunto a toda a gente o que acha do acontecimento, mesmo que saiba que vai haver opiniões discordantes; se leio uma notícia num jornal on-line vou imediatamente ler os comentários que suscitou... Quero ouvir os argumentos e entender os pontos de vista. Uma vez disseram-me que, por ser assim, estava a dar um sinal de que não tinha opiniões próprias. Não me caiu bem porque não foi uma simples observação; foi uma bomba atirada para me atingir. Porque para mim está sempre tudo bem, compreendo sempre tudo, nunca estou contra nada...
Mas isso é bom. Eu tenho a capacidade de perceber os pontos de vista dos outros, de me colocar na sua pele... E não partir simplesmente do princípio de que a minha opinião é a mais acertada ou que sou dona de toda a verdade dos factos.
Até porque egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos. (Oscar Wilde)

04/07/2010

Sinto-me....

hum.... sabem quando nos sentimos em baixo? Sem forças, sem ânimo e sem vontade? Quando tudo o que se pode esperar é que a situação piore? E tudo parece assustador, avassalador, castrador, e outros "-dores"? Quando só apetece ficarmos invisíveis e desligar o telemóvel e não ver a televisão e não ouvir o barulho do vizinho, porque tudo o que vem do exterior é agressivo? E sentirmos a culpa ou o remorso ou a consciência ou lá o que é corroer-nos e termos o impulso de correr atrás e implorar que nos aceitem, que nos desculpem, que nos entendam...?
Sabem...?
Pois o que eu sinto hoje não tem nada a ver!!!

02/07/2010

Calor vs. Frio

O calor tem estado que não se aguenta. É sair à rua e apanhar com aquele bafo infernal como uma estalada na cara. A roupa pica, o corpo todo transpira, os pés queimam porque o calor que põe o chão em brasa atravessa facilmente o calçado fino, o cabelo fica seco, os movimentos pesados e a simples necessidade de ir à rua torna-se uma dolorosa incursão. Chego a casa quase a entrar em combustão e vou beber um copo de leite fresco com tanta sofregidão que até me cai mal... Não suporto estes dias. Gosto de sol e da chuva. Gosto do frio. Do calor não.
E ontem à noite saí, pus um top leve; e para minha surpresa, quando cheguei à rua não havia vestígios de calor. O ar estava ameno e havia um vento frio quase constante. Mas eu não fui buscar o casaco... Foi como se o calor que acumulei nestas últimas semanas estivesse finalmente a ser arrefecido e soube tão bem...! Gostei da noite por causa disso. E gosto de ser capaz de ficar feliz com estes pequenos nadas.

27/06/2010

Em suma...

"Se os outros me abandonam é porque devo estar a aproximar-me do essencial."
Casimiro Brito

Ora, nem mais...

25/06/2010

Há coisas fantásticas...

E, no meio de tanta treta, de tanta revolta e de tantos sentimentos feios e atitudes erradas (falo da minha parte), eis que ao falar sobre isso com as pessoas mais insuspeitas descubro que não deve haver culpa, que é uma situação ridícula e fútil, da qual já me devia ter desfeito há 500 anos... Certamente não com o desfecho que teve agora, mas de uma forma digna, limpa e saudável. Como não o fiz na altura devida, agora acabou por ficar a pintura um pouco borrada mas, na essência, continua a ser a coisa certa.
Gostei do trabalho; não por ter trabalhado particularmente mas porque do nada lá veio uma conversa............ que me é difícil classificar. Mas foi suficientemente boa para me fazer prescindir da hora livre que tinha a meio da tarde.
Para ti, caso tenhas encontrado o caminho de volta ao meu poleiro: obrigada! ...por contares a tua experiência e ouvires a minha.

24/06/2010

Citação

"Quem sem descanso apregoa a sua virtude, a si próprio se sugestiona virtuosamente e acaba por ser às vezes virtuoso."
Já dizia o meu caro Eça...
Como seria bom se, em vez de denunciarmos os que "se apregoam", os acarinhássemos e motivássemos para que pudessem atingir realmente a idealização a que aspiram.
Na falta de um carinho ou um reconhecimento vindo do exterior, a tendência é o próprio colmatar essa falha e proclamar evidentemente a sua boa índole e natureza casta, tornando-se motivo de crítica e rebaixamento por parte dos outros.
"A César o que é de César"; se agi bem, não ousem questionar-me ou tirar-me a glória, só porque julgam que estarão a evitar corromper-me por excesso de exaltação. Estão é a retirar-me a luz e a noção do que fiz de Bom e Belo. Acabarão por me desvirtuar do que é justo e, um dia, lamentarão em mim os defeitos que vós próprios me impingistes. Malditos, todos.

20/06/2010

Obtusidades

Sabem que mais...? Zanguei-me... quer dizer, primeiro fiz com que se zangasse comigo, simplesmente porque estava cansada de ser "um sonho" e ser branda e ser aquilo que era esperado. Cansei-me e fui ríspida e bruta. Zangou-se e eu zanguei-me por se ter zangado. Vai no seguimento do que eu dizia no outro dia acerca dos amigos e do ser perfeito... E não posso admitir que estou sempre eu errada. Porque não acho que realmente esteja. E mesmo que não esteja sempre certa, não têm o direito de me descartar por isso. Porra...
Senti-me sem ar nas primeiras horas, mas passou. Estou bem. Não estou arrependida. Não vou pedir desculpa. Não era uma relação saudável. Não me conheciam, não reconheciam o meu valor. Não vou recuar. Não arredo pé. FIRME!!!

13/06/2010

"A Cabana", de Wm. Paul Young

Acabo de acabar (!) a leitura... Não comprei o livro porque desconfio sempre dos grandes sucessos.
Em todo o caso, a Gi (adorável!) emprestou-mo... e eu tinha que escrever alguma coisa sobre isso! É que, apesar de não ser "um grande livro" ou "uma grande história", é um textinho simples, que usa palavras singelas mas que não nos deixa indiferentes. É, não digo "o livro" mas antes, "as palavras" que todos deveriam experimentar ler, pensar, interiorizar, compreender e, depois, praticar.
Basicamente, vemos colocadas em discurso directo todas as perguntas que nós próprios gostaríamos de colocar a Deus, se um dia esbarrássemos com Ele. Já as repostas, são do mais simples e elementar possível.
Este livro não vai converter ninguém; não tem resposta para nenhum dos dogmas da nossa Fé; não nos diz porque é que, apesar da Sua infinita bondade, Deus permite que certas coisas aconteçam. Não é uma Bíblia ou um catecismo. Este livro não ensina; mostra. Mostra uma maneira diferente de ver as coisas e as pessoas e toda a Criação. Uma maneira livre da dor, do medo, da raiva, das expectativas, das pressões. Uma maneira que é toda Confiança e Amor.
A imagem física da Trindade é, simplesmente, amorosa. E há uma série de detalhes deliciosos que fizeram com que desse por mim a sorrir (não um sorriso discreto, mas rasgado, de orelha a orelha) enquanto lia. Por exemplo, quando, já na presença de Deus, Jesus e do Espírito Santo, Mack se senta à mesa e, mecanicamente, baixa a cabeça e fecha os olhos para orar em agradecimento pela refeição. Só depois se apercebe do que estava a fazer, então olha para Os Três e diz, simplesmente "Obrigado pelo almoço.".
É verdadeiramente tocante e profundo.
Só um ponto me pareceu um pouco perturbador... A indiferença de Deus perante o que nós fazemos "cá em baixo". Talvez não seja indiferença, porque se preocupa, mas passividade.
Deus diz, a dada altura: "Exiges a tua independência mas depois reclamas por te amar o bastante para corresponder à tua exigência?"
Ou seja, Deus deu ao Homem o bem mais valioso, a Liberdade. Por lha ter dado, Deus abstem-se de interferir no que quer que o Homem decida fazer. Por isso acontecem coisas más.
Isso perturba um bocado a minha ideia do Deus/Anjo da Guarda, que estende a Sua mão protectora para nos guiar e defender... Porque se assim não for, porque rezamos nós? Para agradecer e para pedir... Mas porque haveremos de agradecer ou pedir o que quer que seja se Deus, na verdade, não move uma palha por nós?

08/06/2010

Carta para o "Pai Natal"

Vês, seu estúpido desmiolado??! Vês como, de vez em quando, quando nos distraímos, até somos capazes de ter uma boa conversa? Uma conversa acerca de assuntos sérios mas que são comentados com ligeireza e até com risos... E como certas observações ou argumentos meus não têm como objectivo neutralizar e ridicularizar os teus, mas antes estimular uma réplica para que a conversa não morra... Vês...?
Hoje foi bom... Hoje esquecemos atritos e vícios e soubemos conversar. Sobre um tema neutro e indiferente a nós, mas ainda assim foi uma conversa... E depois começou a chover e a esplanada ficou vazia mas nós resistimos. Noutra altura eu teria alegado o incómodo da chuva e ter-me-ia raspado. Eu, que até gosto de chuva...
Mas hoje foste companheiro e, por isso, deixei-me ficar até sentir a roupa gelar-me a pele...
Porque não podemos ser todos os dias assim?

31/05/2010

Flawless

Gosto desta palavra. Não da palavra em si, que até é difícil de pronunciar, mas do seu significado complexo. Traduzido dá algo do tipo "perfeito; sem falhas ou defeitos" mas, tenho cá para mim que esta definição é demasiado reles para a acepção que eu sinto nesta palavra, quando aplicada. É que, algo que é flawless, não é simplesmente perfeito. É, sim, isento de qualquer tipo de deformação, mácula, carência, erro, pecado, remorso, culpa... É excelso e transcendente.
Ninguém é assim, destituído de defeitos ou imperfeições. No entanto, teimamos todos em acreditar no Pai Natal e a pôr a mão no fogo em como os nossos amigos são perfeitos e únicos e incapazes de nos desiludir. E depois, quando isso acontece, todos ofendidos, amaldiçoamos a pessoa que nos enganou, porque nos deixou ficar mal, porque não respeitou o nosso segredo, a nossa dor, a nossa pessoa.
Acordem, criaturinhas cegas e mais ingénuas do que eu, que tantas vezes admito a minha ingenuidade!!!
Eu não sou perfeita. Eu sinto o impulso de me aperfeiçoar e adaptar aos outros, de reconhecer que posso fazer melhor... Mas, quando não correspondo às vossas expectativas, quando não vos sei adivinhar, quando sou incompreensivelmente inconveniente, quando discuto e não largo o meu ponto de vista (mesmo que ele seja tacanho aos vossos olhos), quando estou mal disposta e faço birras, quando tenho uma dor no dedo mindinho e quero que todos se compadeçam de mim como se fosse o pior mal do mundo, quando estou alegre e faço questão que todos ouçam porquê, quando corrijo a vossa forma de falar e denuncio os vossos pontapés no Português, quando sinto vontade de estar só e vos abandono, quando não sei entrar nas vossas conversas eruditas e de elevada importância (ainda que eu não consiga entender a importância que têm)... em suma, quando eu sou intratável não deixo de ser a vossa "amiga". E vocês são estúpidos e metem-me nojo se começam a desprezar-me porque me descobriram um defeito. Porque eu vejo os vossos. E acarinho-os e tento melhorá-los e contorná-los e assumi-los como características vossas. Mas vocês atiram-me os meus à cara.
É suposto eu ser perfeita??! É de supor que vocês próprios são perfeitos?
Na escola eu tinha tantos amigos...! e agora já não sei. Deixei de vos reconhecer. Vocês já não me conhecem também...

Eu gosto daqueles filmes sobre os amigos que se conhecem toda a vida e crescem, sempre cumplices e unidos, e depois têm problemas e zangam-se e lutam e parece que tudo acabou... Mas no final, voltam a entender-se. Não porque é muito bonitinho perdoar ou esquecer... Simplesmente porque se aceita o outro por inteiro. Pacote completo. Defeitos e tudo.
Eu tenho alguns defeitos... Sou mimada e carente; ligeiramente egocêntrica; demasiado perfeccionista; derrotista e comodista; ingénua e desbocada;... não sei que mais...
Mas tento domesticar estas falhas, de forma a caber um bocadinho melhor na palavra flawless. Isto é, o que se pretende não é a ausência de defeitos, mas a medida certa, a que nos torna mais agradáveis e interessantes do que e própria Perfeição.

30/05/2010

Miminhos a mim

Ando contentinha... ainda é o rescaldo das férias, de certeza. =)
Ando bem disposta. Leve. Com pouca coisa na cabeça. Passeio um bocadinho, vou lanchar fora com a minha irmã, compro a Tribuna Douro para me actualizar, tomo um cafezito com os amigos, ofereço as lembranças que trouxe da viagem... Aaaaaaaaaaaaahhh... Dolce fare niente!
Daqui a 2 dias volto ao trabalho. Já sei que as coisas não andam famosas. O trabalho a aumentar, o pessoal a diminuir, as intrigas e fofocas ao rubro... É o que dá trabalhar num sítio onde há muito mulherio...
Mas não vou pensar nisto! Ainda não... Aproveitar! Aproveitar porque quando estas férias acabarem, outras só em Novembro...

27/05/2010

Voltei!

Prontosss... acabou... já deixei a mamãe outra vez. Mas não há-de ser grave. Daqui a menos de 2 meses é a vez de ir a mana e, assim, já fica o fardo mais leve outra vez...
E vim de avião.
"Não rastejes se sentes o impulso de voar", e eu segui à letra... =)
Estou cansada e a actualizar-me... Mas daqui a 2 dias já estou fina...

20/05/2010

Pedido de desculpas...

... eu sei que tenho sido xata como o caraças... Que não falo noutra coisa, que publico fotos no blog e no facebook, e que não hesito em fazer comentários que provocam a inveja dos que me lêem e vêem... Mas é que é tão bom!!!
É que, em toda a vida, a coisa mais parecida com férias que tive foi duas semanas em casa de uns tios que vivem em Gaia, quando era miúda...
E a coisa mais parecida com viagem, foi a de Finalistas, a Benidorm, nos idos de 2004.
Esta é a primeira vez que digo "estou de férias, em viagem!"... E só é na Suíça porque a mãe cá está a trabalhar, se não, não sei se iria para algum lado.
Mas isto fez-me tomar uma decisão. A de, quando puder, vou conhecer um sítio novo, vou passear, vou conhecer gente e lugares, vou ver coisas bonitas. Não na Suíça, decerto. Mas pertinho de onde eu moro... Ou um pouquinho mais longe... Mas um sítio qualquer!
Por isso, desculpem-me os exageros... mas estou absolutamente deslumbrada!
E deixo mais fotos para verem porquê...
a primeira imagem é de Brissago (onde está a minha mãe); a segunda é Cannobio, que já fica em Itália; a terceira é um pouco de Lugano, uma importante cidade Suíça e um centro financeiro.



18/05/2010

Experiências gastronómicas (Suíça, claro)

Sabem o que é zabaione? e polenta? Eu não sabia até me terem apresentado um pratinho com as ditas iguarias... A polenta é, ao que me explicaram, a versão Suíça da nossa bela Açorda. É feita à base de farinha de milho. Era a comida dos pobres. Quando fria, fica dura e cortava-se aos pedaços e os pastores e caçadores levavam com eles para a montanha e durava dias!!! Não me caiu muito em graça, apesar de o molho com que ma serviram ser muito bom... Mas parece que, apesar do seu passado pobre, hoje é um prato muito popular e serve-se frequentemente, com os mais diversos acompanhamentos.
O zabaione é uma sobremesa. Coloca-se uma bola de gelado de baunilha numa taça e cobre-se até cima com um creme feito com gemas de ovo, açucar e uma bebida qualquer, tipo rum ou coisa assim; leva-se a banho maria para engrossar e aquecer um pouco e depois deita-se sobre o gelado! É óptimo!!
E comi o maior cordon-bleu que vi em toda a minha vida!!! Delicioso... E, apesar de estar acompanhado com batatinhas fritas, pareceu-me um manjar divino!
Enfim... Eu podia habituar-me a esta vida... =)
Ah, e bebi este capuccino...

15/05/2010

a Suíça II

A filosofia de vida da maior parte das pessoas que encontro parece-me ser "trabalhar (muito) e, nas férias ou tempos livres, GOZAR!"
Gozar verdadeiramente. Nada de poupanças e fazer uma pequena fortuna aguardar eternamente que o dia de amanhã chegue, sempre à espera do pior. De uma coisa má. Não. Esta gente trabalha e diverte-se. É assim que dividem o seu tempo. E criticam e sentem pena de quem não o faz. De quem vem de férias para aqui e, quando o filho pede um determinado prato, respondem "não... isso é caro...". Optam por comer eles algo mais elaborado e as crianças comem batatas fritas. Porque gostam. Gostam porque é o que lhes dão. Se lhes dessem camarão também gostavam.
Eles trabalham e depois gastam. Vão de férias e, se vão, é para estarem e comerem e beberem bem. Se não, ficavam em casa. E educam os seus filhos desta maneira. E dão lagosta a comer a uma criança.
Admiro esta forma de encarar a vida. Reconheço que não é uma forma de viver possível para toda a gente e todas as carteiras. Mas, no geral, se aplicássemos um pouco desta postura à nossa vida seríamos muito mais felizes e realizados.
Li uma vez na Bíblia algo do tipo "quem é avarento consigo está a guardar para os outros".