Aprendi este conceito recentemente... num livro chamado "Como Criar um Novo Eu" que, como o nome indica, fornece esclarecimentos algo complexos acerca de como as nossas experiências e vivências e pensamentos constroem uma forma de ser com a qual somos coerentes durante a maior parte da nossa vida. O "padrão" ou sequência mental de activação de certos sentimentos ou reacções é memorizado pelo nosso cérebro e passa depois a ser automática a nossa reacção igual a estímulos semelhantes, o que equivale a dizer que todos nós desejamos uma mudança na nossa vida mas continuamos a AGIR e REAGIR e SER iguais. E todos sabemos que fazer o mesmo e esperar por resultados diferentes é algo estúpido.
"O hábito mais difícil de vencer é o hábito de sermos nós próprios". O Dr. Joe Dispenza, autor do livro, desmonta este funcionamento e dá instruções para nos ajudar a construir uma nova identidade ou personalidade ou estado de ser ou algo nesta linha.
Este tal "estado de ser", explica o livro, resulta da estabilização daquilo que pensamos (o estado de espírito) e daquilo que sentimos, a um nível mais físico. Embora existam ligeiras variações quotidianas nestes indicadores, há um padrão que nos é mais frequente, ao qual voltamos por instinto, e que nos define, como quando dizemos que, no geral, somos pessoas mais preguiçosas, ou mais teimosas, ou mais tristes, ou mais ansiosas...
Chove muito, chove excessivamente...
Chove e de vez em quando faz um vento frio...
Estou triste, muito triste, como se o dia fosse eu.
Num dia no meu futuro em que chova assim também
E eu, à janela de repente me lembre do dia de hoje,
Pensarei eu «ah nesse tempo eu era mais feliz»
Ou pensarei «ah, que tempo triste foi aquele»!
Ah, meu Deus, eu que pensarei deste dia nesse dia
E o que serei, de que forma; o que me será o passado que é hoje só presente?...
O ar está mais desagasalhado, mais frio, mais triste
E há uma grande dúvida de chumbo no meu coração...
Há muitos anos que conheço e gosto deste poema de Álvaro de Campos. Me identifico. Penso nas mesmas questões que ele aborda... Tenho-o escrito em vários sítios, pendurado no meu quarto.
Apercebi-me que o meu "estado de ser", aquele que quero mudar, está patente neste poema. E é por isso que hoje o poema de Álvaro de Campos vai sair do meu quarto e, espero eu, da minha vida. Vou adoptar outros. Talvez um Caeiro sereno e bucólico. Talvez um Régio revolucionário e inconformado. Ou um Torga querido e contemplativo. Não conheço muitos... mas vou estudá-los e adoptar um novo estado de ser que não seja de dúvidas, de tristezas nem de medos.